Aécio, Andrea Neves, Anastasia… Entenda a mais nova operação da PF que coloca caciques mineiros em xeque

SPFMG/Reprodução

O mineiro se deparou nesta terça-feira (11), novamente, com notícias ligando nomes de caciques a investigação de esquemas de corrupção. Aécio Neves, Andrea Neves, Antonio Anastasia, mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Nova Lima, Brumadinho, Cláudio (cidade onde o candidato à Presidência derrotado em 2014 construiu um aeroporto)… Entenda mais esse desdobramento da Operação Lava Jato.

Batizada de Ross, a operação deflagrada hoje apura crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e compra de apoio político para a campanha de Aécio à Presidência em 2014. O nome da operação faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo localizada na Antártida fazendo alusão às notas fiscais frias que estão sob investigação.

Foram cumpridos oito mandados em BH; dois em Nova Lima; um em Brumadinho; e dois em Cláudio; além de outros no Rio e em São Paulo. Na capital mineira, Andrea Neves, irmã do senador Aécio, prestou depoimento ao lado de seu advogado. O primo deles, Frederico Pacheco também depôs. Ao todo, cinco empresários e uma funcionária de uma companhia que teria enviado repasses irregulares para Aécio. O esquema foi revelado na delação premiada do empresário Joesley Batista e do ex-executivo da J&F, Ricardo Saud.

Propina

Segundo as investigações da Polícia Federal, 12 partidos políticos receberam propina para continuar na legenda do tucano na corrida presidencial de 2014. Os pagamentos teriam sido feitos com dinheiro do grupo de frigoríficos com ajuda de outras empresas para lavagem da verba.

A Procuradoria-Geral da República informou que a J&F teria repassado cerca de R$ 130 milhões a serem distribuídos entre parlamentares, entre 2014 e 2017. Em troca, Aécio teria prometido favorecimentos caso fosse eleito presidente e ajuda para restituir créditos tributários junto ao Governo de Minas.

De acordo com a PF, além de Aécio Neves e Andrea Neves, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), Agripino Maia (DEM-RN), Benito Gama (PTB-BA), Paulinho da Força Sindical e a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) também são citados na investigação. Contudo, não foram cumpridos mandados contra eles.

Segundo as investigações, o partido de Cristiane Brasil teria recebido R$ 20 milhões da JBS e o Solidariedade, R$ 15 milhões em 2014. Outros nove partidos teriam recebido R$ 10,3 milhões para garantir apoio político.

Ao todo, 200 agentes cumpriram 24 mandados de busca a apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, e 48 intimações para oitivas. Os endereços estão localizados em oito Estados — Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá — e no Distrito Federal.

Balanço da Operação Ross

Todos os mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Foram apreendidos computadores, celulares, documentos e mídias digitais, que serão analisados pela Polícia Federal em complemento à investigação.

Minas Gerais – Oito mandados em Belo Horizonte; dois em Nova Lima; um em Brumadinho; dois em Cláudio;

São Paulo – Três em São Paulo; dois em Mogi das Cruzes; um em Biritiba; três em Barretos;

Rio de Janeiro – Dois na capital

Defesas

A defesa de Aécio Neves afirma que o senador sempre esteve à disposição da Justiça e que os fatos precisam ser esclarecidos.

“O Senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos. É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS agora como propina são as contribuições eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça Eleitoral. Somam-se a esses valores contribuições legais feitas a outros partidos políticos. A medida é, portanto, desnecessária já que o Senador é o maior interessado no esclarecimento de todos os fatos”.

A assessoria de Anastasia afirmou que “o senador Antonio Anastasia desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história. Em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém”.

O advogado do ex-secretário de Governo de Minas Danilo de Castro, também ouvido pela PF, informou que “todos os atos de seu cliente foram pautados no mais absoluto respeito à moralidade, impessoalidade, à coisa pública e às leis; e que ele está à disposição das autoridades responsáveis para qualquer esclarecimento”.

Em nota, Paulinho da Força afirma que “a delação da JBS foi desmoralizada publicamente e a fraude realizada pelos delatores foi comprovada com a prisão dos dois empresários pelo Superior Tribunal Federal (STF). A acusação absurda de compra de apoio do partido Solidariedade para a candidatura à Presidência de Aécio Neves, em 2014, beira o ridículo”.

Procurada, a assessoria de Agripino Maia afirma que não houve buscas em endereços ligados ao senador, que também é presidente nacional do DEM.

Já o deputado Benito Gama se manifestou em nota. “Há um fato sendo investigado sobre a eleição presidencial de Aécio Neves em 2014. Na condição de presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em exercício à época, fui convidado hoje (11), para prestar testemunho sobre este fato que tem relação com a empresa JBS e a candidatura do Aécio Neves”, diz, em trecho. “Não houve contra a mim nenhuma medida de busca e apreensão ou qualquer outra medida, como divulgado pela imprensa. Assim como em toda a minha trajetória, continuo sempre  à disposição da Justiça em qualquer investigação”.

Cristiane Brasil, por sua vez, esclarece que “à época dos fatos não era deputada federal, não conhecia os empresários do conglomerado J&F e seu papel nas eleições de 2014 foi exclusivamente o de ajudar a retirar o PTB da base de apoio do PT. A mesma somente recebeu doações oficiais e não tinha conhecimento nem acesso aos fatos a ela imputados”.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!