O estudante de direito Paulo Baleotti, de 25 anos, foi expulso da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, por conta de um vídeo racista postado durante o período eleitoral. O jovem gravou um vídeo dizendo que, com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), a “negraiada vai morrer”. O aluno já havia sido demitido do escritório de advocacia onde trabalhava como estagiário.
As imagens, que viralizaram nas redes sociais, mostram o eleitor indo votar no segundo turno das eleições, em Londrina (PR). “Indo votar a ao som de Zezé, armado com faca, pistola, o diabo, louco para ver um vadio, vagabundo com camiseta vermelha e já matar logo. Tá vendo essa negraiada? Vai morrer! Vai morrer! É capitão, caralho”.
A instituição soltou uma nota sobre o assunto, afirmando que não tolera atitudes preconceituosas. “Os trâmites institucionais foram cumpridos e o aluno foi expulso, receberá todos os documentos quanto aos créditos cumpridos. A instituição não coaduna com atitudes preconceituosas, discriminatórias e que não respeitam os direitos humanos”, disse a nota.
Segundo a defesa do jovem, os vídeos foram divulgados de forma indevida e que estão resolvendo “pelas vias ordinárias”, a situação do desligamento da universidade. “Ambos os vídeos foram enviados a um grupo de amigos em aplicativo de troca de mensagens, sem qualquer intenção de divulgação”, diz trecho do comunicado (leia na íntegra abaixo).
O coletivo negro Afromack, que organizou atos contra o estudante na época, postou uma nota sobre a expulsão do jovem e agradeceu ao apoio de todos. “Agradecemos todos que endossaram a luta, que compareceram aos protestos e se indignaram com o racismo presente na ação do aluno. A referida decisão demonstra a seriedade e o compromisso da universidade no combate ao racismo. O que é de suma importância não somente para comunidade mackenzista, mas para toda sociedade”, diz trecho do texto.
Ainda em outubro do ano passado, a empresa em que o homem trabalhava emitiu um nota de repúdio e anunciou sua demissão. “O DDSA tomou conhecimento, na tarde de hoje (30/10/18), de vídeo que circula nas redes sociais com declarações efetuadas por acadêmico de Direito que fazia estágio no escritório e imediatamente o desligou de seus quadros. O escritório repudia veementemente qualquer manifestação que viole direitos e garantias estabelecidos pela Constituição Federal”.
Leia a nota na íntegra:
“Tendo em conta a divulgação de reportagens no sentido que o Sr. Pedro B. Baleotti foi desligado da Universidade Presbiteriana Mackenzie em virtude de vídeos indevidamente divulgados durante o período eleitoral, necessário se esclarecer o seguinte:
i. Conforme já informado anteriormente, ambos os vídeos foram enviados a um grupo restrito de amigos em aplicativo de troca de mensagens, sem qualquer intenção de divulgação por parte do Sr. Pedro;
ii. Os vídeos foram publicados de forma indevida e sem a autorização do Sr. Pedro, violando direitos de sua personalidade;
Sobre o desligamento do estudante da UPM, limitamo-nos a informar que a situação está se resolvendo pelas vias ordinárias”