A mineradora Vale vai paralisar temporariamente suas atividades em Minas Gerais. A ação, anunciada nesta terça-feira (29), faz parte de um planejamento para desativar 19 barragens no Estado que possuem características parecidas com a que se rompeu em Brumadinho, na última sexta-feira (25) – chamadas tecnicamente de barragens a montante. Desse total, nove já passaram por esse processo, segundo a multinacional, restando dez em todo o Estado. Desta forma, a empresa pretende concluir a desativação de todas as 19.
O termo técnico para o processo é descomissionamento. As barragens serão esvaziadas, tampadas ou devolvidas à natureza em um processo de reflorestamento, conforme anúncio realizado hoje pelo presidente da Vale, Fabio Schvartsman. A companhia vai contratar uma empresa para realizar essa técnica nas dez barragens restantes. Durante esse período, as atividades próximas das barragens serão paralisadas.
A paralisação vai gerar um impacto de 40 milhões de toneladas por ano na produção da Vale, algo em torno de 10% da produção total da mineradora. O processo deve durar de um a três anos. Cinco mil funcionários da empresa em Minas serão realocados para outras seções da empresa, na tentativa de diminuir o quadro de demissões.
O anúncio feito por Schvartsman é uma resposta à tragédia que deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos: 84 óbitos e 276 desaparecidos, segundo último boletim divulgado. “Vamos acabar com essas barragens para garantir que o sistema de mineração da Vale é seguro. E, para isso, vamos paralisar a operação de mineração em Minas, já que todas essas barragens estão naquele Estado”, disse.
A proposta foi apresentada aos ministros de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque; e Meio Ambiente, Ricardo Salles; e ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo). Agora, a empresa aguarda o licenciamento da administração estadual e deve começar o processo em dois ou três meses.
“Vamos dar uma resposta à altura da tragédia que tivemos em Brumadinho. É um plano drástico e definitivo. Sabemos dos impactos no mercado e internacional, mas a segurança vem acima de qualquer outra consideração”, afirmou Schvartsman.
Procurado pelo BHAZ, o Governo de Minas disse que deve se pronunciar sobre o caso no início da tarde desta quarta-feira (30).