Médica belo-horizontina surpreende com receita para jovem que tentou suicídio

Reprodução/Facebook/Instagram

A médica belo-horizontina Júlia Rocha, que também é cantora, voltou a surpreender fãs e seguidores que a acompanham nas redes sociais. Depois de brilhar na tela da Globo, no The Voice Brasil, e de viralizar com um texto em que “respondeu” um colega de profissão sobre um paciente que não sabia pronunciar a palavra “pneumonia”, ela virou alvo de elogios por conta de uma receita prescrita para um jovem negro que estava em depressão e tentou suicídio.

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Júlia mostrou a receita e as “medicações” indicadas ao paciente por meio de um post feito no Instagram na última semana. Na legenda, relatou que o rapaz havia tentado tirar a própria vida por não conseguir “corrigir” a sexualidade dele. “Gravemente deprimido, há cerca de 2 meses tentou se matar usando os remédios do pai. Ficou internado em estado grave!”, escreveu.

 

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#tbt de uma médica de família braba

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“A família já estava mobilizada para apoiá-lo mas pra mim ele precisava se aprofundar no entendimento do seu lugar social como um homem gay, negro e periférico. Tem horas que só enxergando e conhecendo as estruturas que nos oprimem pra conseguir dar o próximo passo”, continuou a médica que, para surpresa de muitos, indicou que o rapaz buscasse referências como parte do tratamento. Na lista estavam os youtubers negros AD Júnior e Spartakus Santiago, além das intelectuais negras Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro e Juliana Borges.

Conceição Evaristo, Spartakus, AD Júnior e Djamila Ribeiro foram algumas das referências (Reprodução/Instagram)

“Prescrevi a leitura do livro ‘O que é racismo estrutural’ do Silvio Almeida. Falamos de intolerância, de espiritualidade, de afeto… Entreguei esta receita impregnada de um desejo imenso de vê-lo melhor”, explicou a médica para, em seguida, contar ter encontrado o paciente em um corredor dias depois. “Hoje eu o encontrei no corredor. Ele sorriu e me deu um longo abraço. Aquele instante durou uns anos. ‘Tudo bem?’ ‘Estou melhor. Bem melhor…. Li o livro…. passei a receita pra outros amigos….’ ‘Que bom!’ ‘Quero marcar meu retorno com você.’ ‘Alguma novidade?’ E ele se aproximou pra falar o segredo: ‘Tô namorando.'”, finalizou.

O post de Júlia viralizou e tem recebido centenas de comentários desde então. A maioria deles elogia a postura da médica. “Que coisa mais linda de ler!!! Por mais profissionais incríveis como você”, escreveu uma internauta. “Que emocionante”, disse outra. “Isso é atendimento humanizado, muito feliz por esse rapaz”, ponderou um terceiro usuário da rede social.

Veja o post na íntegra abaixo!

 

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ILUMINADO Há cerca de 15 dias fiz essa prescrição para um paciente muito querido. Um jovem negro de 22 anos, evangélico, gay, trabalhador. Gravemente deprimido, há cerca de 2 meses tentou se matar usando os remédios do pai. Ficou internado em estado grave! Carregava consigo uma enorme culpa por, segundo ele, não conseguir “corrigir sua sexualidade” e seu afeto. Ele já estava em acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Já estava usando medicações. A família já estava mobilizada para apoiá-lo mas pra mim ele precisava se aprofundar no entendimento do seu lugar social como um homem gay, negro e periférico. Tem horas que só enxergando e conhecendo as estruturas que nos oprimem pra conseguir dar o próximo passo. Pedi para que ele buscasse pelo Spartakus Santiago, pelo AD Júnior, dois jovens negros e gays que compartilham suas vivências e aprendizados nas redes sociais. Indiquei acompanhar intelectuais negras: Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro e Juliana Borges. Prescrevi a leitura do livro ‘O que é racismo estrutural’ do Silvio Almeida. Falamos de intolerância, de espiritualidade, de afeto… Entreguei esta receita impregnada de um desejo imenso de vê-lo melhor. Hoje eu o encontrei no corredor. Ele sorriu e me deu um longo abraço. Aquele instante durou uns anos. “Tudo bem?” “Estou melhor. Bem melhor…. Li o livro…. passei a receita pra outros amigos….” “Que bom!” “Quero marcar meu retorno com você.” “Alguma novidade?” E ele se aproximou pra falar o segredo: “Tô namorando.”

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Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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