Maio Amarelo: Minas tem 8 acidentes por hora, com vítimas, de janeiro a março

Reprodução/Arquivo/Agência Brasil

Minas Gerais já registrou mais de 17,5 mil acidentes com vítimas nas rodovias que cortam o Estado no primeiro trimestre de 2019. Isso significa 8,20 acidentes, com vítimas, por hora. Os números apresentam redução se comparados ao mesmo período do ano anterior (veja abaixo), mas especialistas de trânsito reforçam a necessidade de intensificar ações educativas com motoristas e pedestres.

Com o objetivo de diminuir o número de acidentes foi lançada, nesta segunda-feira (29), a 6ª edição do Maio Amarelo na sede do Departamento Nacional de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), na zona Sul de Belo Horizonte.

O delegado Kleyverson Rezende, diretor do Detran-MG, destacou que a conscientização é fator importante para a queda nos registros. “Sabemos que a educação é o único meio para que possamos mudar os cenários e não seria diferente no trânsito. O Maio Amarelo é um movimento internacional cujo objetivo é alertar as pessoas para a necessidade de redobrar a atenção no trânsito”, disse.

Neste ano, as crianças protagonizam a campanha, pois para o delegado a conscientização precisa inciar ainda na infância. “Vamos lançar o aplicativo ‘Maio Amarelo Kids’ e queremos que nossas crianças cresçam sabendo da necessidade de ter educação para o trânsito”.

Lançamento da 6ª edição do Maio Amarelo em BH (Vitor Fórneas/BHAZ)

Falta de atenção, derrapagens e desobediência à sinalização

Dados do Detran-MG apontam que a desatenção é o maior gerador de acidentes em Minas: 31.258 somente em 2018. “Muitas das vezes o pedestre está nas ruas e mexendo no celular na hora de fazer a travessia e acaba se acidentando. Falta atenção neles e também nos condutores. Esse quesito resulta em 40% das ocorrências registradas”.

As derrapagens estão em segundo lugar, com 4.310 registros; seguida de não obediência à sinalização existente, com 3.175 ocorrências e 2.440 acidentes com vítimas pelo fato de o motorista dirigir embriagado/alcoolizado. Animais na pista causaram 2.442 acidentes no estado, e a má visibilidade foi responsável por 2.462 ocorrências.

Número de acidentes com vítimas em Minas no primeiro trimeste:

  • Janeiro – 2018: 5.819 – 2019: 5.833 – aumento de 0,24%
  • Fevereiro – 2018: 5.273 – 2019: 5.681 – aumento de 7,74%
  • Março – 2018: 6.640 – 2019: 6.014 – diminuição de 9,43%
  • Total – 2018: 17.732 – 2019: 17.528

Acidentes diminuem, mas especialista alerta

Apesar do número de acidentes em Minas apresentar redução de 81.896, em 2017, para 74.995, em 2018, o especialista de trânsito Osias Batista alerta que “não temos o que comemorar”. “Não é correto que pessoas morram em uma atividade do nosso dia-a-dia que é o trânsito. Para que esse quadro mude, precisamos aumentar as campanhas de conscientização. Devemos buscar que ninguém morra, por mais difícil que seja”.

A diminuição de acidentes “só chegará a zero quando os motoristas mudarem o comportamento”, conforme analisa Osias. “Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, os motoristas são muito indisciplinados. Acham que podem levar vantagem à todo instante e não respeitam o direito do outro. Para que o bem coletivo prevaleça, precisamos ceder alguns desejos”, pondera.

Edição 2019 do Maio Amarelo foi lançada na sede do Detran-MG (Vitor Fórneas/BHAZ)

Brasil não alcança meta estipulada pela ONU

Após estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) que contabilizou cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente em 178 países no ano de 2009, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou, em maio de 2011, a Década de Ação para Segurança no Trânsito. O objetivo é que ao final do período tenha-se uma redução de 50% de acidentes nos países.

Maurício Pontello é representante do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e destaca que o Brasil não alcançará a meta estabelecida pela ONU. “O prazo termina no próximo ano e o Brasil não cumpriu a meta da ONU, por isso um novo plano será adotado para que ocorra a diminuição. Em alguns locais conseguimos, mas em outros tivemos aumento”, explica.

Perguntado sobre a decisão tomada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) de barrar a instalação de 8 mil radares no país, Mauricio afirmou: “A maior causa de acidentes com mortes no país é o excesso de velocidade. Nós não queremos discutir o indústria da multa, mas sim os números que a velocidade produz. Nós matamos muito e com velocidade”, concluiu.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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