PSDB sinaliza rompimento com Zema e pode dificultar Recuperação Fiscal em Minas

Reprodução/Facebook + Henrique Coelho/BHAZ

O governador Romeu Zema (Novo) pode enfrentar dificuldades para manter seu apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e, com isso, colocar em risco o plano de Recuperação Fiscal no Estado, que é uma das principais bandeiras de sua gestão.

O PSDB, partido que compõe a base de Zema na ALMG, deve buscar independência na Casa a partir de agora, podendo causar uma debandada dos tucanos para os blocos independentes da casa.

Isso é o que sinaliza o recém-eleito presidente da sigla em Minas, o deputado federal Paulo Abi-Ackel. Em conversa com o BHAZ, o parlamentar disse que o partido buscará protagonismo no Estado, não sendo mais a base governista.

“O PSDB é um partido grande, talvez o mais forte de Minas. Por isso, não faz sentido que a sigla seja caudatária [seguidora] de qualquer outro projeto, independente de quem seja. Temos que ter um projeto próprio, não vamos frustrar a militância sendo coadjuvante do governo, nós vamos buscar o protagonismo”, disse o novo presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel.

O apoio do PSDB ao Governo Zema tem sido questionado internamente na sigla. Há duas semanas, o deputado João Vitor Xavier, um dos principais nomes da sigla em Minas, se desfiliou alegando que o apoio a Zema era o estopim para sua saída.

Atualmente, o líder de governo na ALMG é o deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB). Além disso, o bloco governista tem a maioria de deputados tucanos – seis –, e é liderado pelo deputado Gustavo Valadares (PSDB). Contudo, agora, o partido buscará independência, podendo se juntar aos outros dois blocos independentes da casa.

“Isso não significa que seremos oposição ao governo. Alguns quadros do partido apoiam o atual governo e eu não vejo problema nisso. O que precisamos é ter independência para quando necessário, votar contra as medidas do governo, assim como a favor. Teremos responsabilidade em votar naquilo que é melhor para Minas”, afirma Paulo.

Recuperação Fiscal

Questionado se o PSDB apoiaria o plano de Recuperação Fiscal em Minas, o deputado Paulo Abi-Ackel afirmou que o partido “em sua unanimidade, não será favorável à medida, no Estado”.

“Nós temos uma formação estatutária liberal e, inclusive, os governos do PSDB foram responsáveis pelas grandes privatizações no país. Mas, nós não somos ultraliberais e, neste sentido, em relação as privatizações de Cemig e Copasa, nós somos contrários. E, por isso, buscaremos independência, para votar contra a medida”, afirma.

Alguns parlamentares têm se colocado contrários a adoção do regime de recuperação, por conta das medidas impostas ao Estado, como a privatização de estatais, o congelamento de salários do funcionalismo, a revisão dos critérios de pensão por morte e a vedação de concursos públicos, entre outras ações.

De acordo com o deputado Guilherme da Cunha (Novo), que é vice-líder de governo na ALMG, a Recuperação Fiscal ainda não foi tema na casa. Ainda segundo Guilherme, o PSDB não sinalizou rompimento com o governo, até o momento.

“Acredito que essas são questões internas do PSDB. Isso ainda não foi repassado e a relação que temos com os parlamentares tucanos é muito boa e, acredito, que não será um impedimento – para a aprovação da Recuperação Fiscal. De toda forma, acredito que isso será resolvido e, caso o partido sinalizar para um rompimento, isso será conversado antes”, diz o deputado do Novo.   

Zema confia em apoio

Na manhã desta segunda-feira (6), o governador Romeu Zema defendeu a manutenção do PSDB em sua base e disse que os deputados da sigla são de extrema importância.

“O governo precisa de apoio parlamentar para projetos de necessidade imperiosa para o Estado. Os deputados do PSDB são muito importantes para isso. Adicionalmente, é do PSDB o líder do governo, deputado Luiz Humberto, que tem sido grande aliado”, disse Zema durante participação no congresso de direito administrativo, em Nova Lima.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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