Deputada se acidenta com patinete, perde dentes e propõe uso obrigatório do capacete

(Rosane Félix/Arquivo pessoal+ Valter Campanato/Agência Brasil)

Depois de se acidentar no domingo (5), ao usar um patinete elétrico, a deputada estadual pelo Rio de Janeiro Rosane Felix (PSD) protocolou uma proposta na Assembleia do Rio na terça-feira (7) para que se torne obrigatório o uso de capacetes para quem adota o equipamento.

Pela proposta de Rosane, naquele estado as empresas teriam de ceder aos usuários o equipamento de segurança para ser usado nas viagens. No texto, há também a previsão de multa para a empresa e condutor que não cumprirem a norma, de R$ 171 por infração.

Sem uma regulamentação do município que define as normas de uso e operação dos veículos, assim como em outras cidades brasileiras, a iniciativa da parlamentar tenta a inibir o crescente número de acidentes registrados.

Rosane Félix se acidentou no domingo, em Copacabana. Ela está de licença médica por ter perdido dois dentes e precisou passar por uma cirurgia bucal.

Rosane Félix/Arquivo pessoal

Ao jornal O Globo, ela explicou porque decidiu propor a lei: “O patinete elétrico não é um brinquedo inocente de criança e precisa ser regulamentado com urgência. Além de eu me machucar com gravidade na primeira vez que andei, percebi que este tipo de acidente é cada vez mais comum. O capacete é o mínimo para a segurança do usuário e por isso deve ser obrigatório”, comentou.

BH registra acidentes

Em Belo Horizonte, a BHTrans, empresa que gerencia o transporte público e o trânsito, afirma ter criado um grupo de trabalho para discutir o tema. Acidentes por aqui também estão crescendo, como traumas cranianos, apesar de ainda não haver números compilados desde janeiro, quando as empresas Yellow e Grin deram início à colocação dos patinetes em ruas e avenidas da capital.

De acordo com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que administra o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, referência em atendimento de politraumatizados em Minas, estima-se que, desde o início do ano, mais de 70 pessoas deram entrada em hospitais da rede com lesões após acidentes com os equipamentos.

Sem regulamentação pelo país: ‘Autoridades na idade da pedra’

Como o BHAZ vem mostrando desde 24 de abril, com reportagens sobre o tema, não há regulamentação para o uso de patinetes elétricos no País. O uso de capacetes não é obrigatório – as empresas que operam os veículos de transporte no Brasil apenas sugerem o uso em seus sites oficiais.

A alternativa de transporte surgiu de forma discreta, levantando a curiosidade do brasileiro e, aos poucos, começou a cair no gosto popular, transformando-se em “febre”. Desde a chegada do serviço de aluguel desses equipamentos, é comum ver pessoas circulando rapidamente sobre as calçadas e entre os pedestres ou mesmo entre os carros em pequenos patinetes elétricos.

Na avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a nova opção traz vantagens para a mobilidade de grandes cidades. Entretanto, é necessário que o Poder Público regulamente o uso do equipamento para que haja regras que garantam a segurança de usuários, motoristas e pedestres.

Professor do Programa de Engenharia de Transporte do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ronaldo Balassiano defende o aumento no número de opções de transporte, sobretudo nos locais onde os carros são os grandes poluidores.

Circulação com patinetes elétricos invadiram as ruas das grandes cidades nos últimos meses.

Circulação com patinetes elétricos invadiram as ruas das grandes cidades nos últimos meses (Valter Campanato/Agência Brasil)


“Do ponto de vista de se locomover em distâncias pequenas, entre 5 km ou 6 km, nas redondezas de casa ou do trabalho, o patinete traz uma contribuição boa para a mobilidade urbana. O grande problema é que as nossas autoridades, responsáveis por regular esses modos, continuam na idade da pedra. O patinete já vem sendo usado nos Estados Unidos e na Europa há alguns anos. Por que nós não nos preparamos para um mínimo de regulamentação?”, questionou.

Os equipamentos, alimentados por uma bateria, podem chegar a uma velocidade máxima de 20km/hora, tornando difícil frear ou mesmo desviar de um obstáculo a tempo de evitar uma queda ou colisão.

Especialista em mobilidade, Balassiano destacou que a regulamentação do Poder Público trará mais segurança. Segundo ele, não se trata de “engessar” o modo de transporte, mas evitar acidentes, uma vez que os patinetes alcançam velocidades muito altas para serem usados nas calçadas.

“Se atropelar um idoso, uma criança ou uma gestante, a chance de acontecer um acidente grave é muito alta. Por outro lado, nas ruas, a gente sabe que os carros e os ônibus não respeitam nem as bicicletas, o que dirá os patinetes”, advertiu Balassiano. Na avaliação dele, o ideal é que os patinetes trafeguem em ciclovias ou ciclofaixas, juntamente com as bicicletas.

Com informações da Agência Brasil

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