Depois de se acidentar no domingo (5), ao usar um patinete elétrico, a deputada estadual pelo Rio de Janeiro Rosane Felix (PSD) protocolou uma proposta na Assembleia do Rio na terça-feira (7) para que se torne obrigatório o uso de capacetes para quem adota o equipamento.
Pela proposta de Rosane, naquele estado as empresas teriam de ceder aos usuários o equipamento de segurança para ser usado nas viagens. No texto, há também a previsão de multa para a empresa e condutor que não cumprirem a norma, de R$ 171 por infração.
Sem uma regulamentação do município que define as normas de uso e operação dos veículos, assim como em outras cidades brasileiras, a iniciativa da parlamentar tenta a inibir o crescente número de acidentes registrados.
Rosane Félix se acidentou no domingo, em Copacabana. Ela está de licença médica por ter perdido dois dentes e precisou passar por uma cirurgia bucal.
Ao jornal O Globo, ela explicou porque decidiu propor a lei: “O patinete elétrico não é um brinquedo inocente de criança e precisa ser regulamentado com urgência. Além de eu me machucar com gravidade na primeira vez que andei, percebi que este tipo de acidente é cada vez mais comum. O capacete é o mínimo para a segurança do usuário e por isso deve ser obrigatório”, comentou.
BH registra acidentes
Em Belo Horizonte, a BHTrans, empresa que gerencia o transporte público e o trânsito, afirma ter criado um grupo de trabalho para discutir o tema. Acidentes por aqui também estão crescendo, como traumas cranianos, apesar de ainda não haver números compilados desde janeiro, quando as empresas Yellow e Grin deram início à colocação dos patinetes em ruas e avenidas da capital.
De acordo com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que administra o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, referência em atendimento de politraumatizados em Minas, estima-se que, desde o início do ano, mais de 70 pessoas deram entrada em hospitais da rede com lesões após acidentes com os equipamentos.
Sem regulamentação pelo país: ‘Autoridades na idade da pedra’
Como o BHAZ vem mostrando desde 24 de abril, com reportagens sobre o tema, não há regulamentação para o uso de patinetes elétricos no País. O uso de capacetes não é obrigatório – as empresas que operam os veículos de transporte no Brasil apenas sugerem o uso em seus sites oficiais.
A alternativa de transporte surgiu de forma discreta, levantando a curiosidade do brasileiro e, aos poucos, começou a cair no gosto popular, transformando-se em “febre”. Desde a chegada do serviço de aluguel desses equipamentos, é comum ver pessoas circulando rapidamente sobre as calçadas e entre os pedestres ou mesmo entre os carros em pequenos patinetes elétricos.
Na avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a nova opção traz vantagens para a mobilidade de grandes cidades. Entretanto, é necessário que o Poder Público regulamente o uso do equipamento para que haja regras que garantam a segurança de usuários, motoristas e pedestres.
Professor do Programa de Engenharia de Transporte do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ronaldo Balassiano defende o aumento no número de opções de transporte, sobretudo nos locais onde os carros são os grandes poluidores.
“Do ponto de vista de se locomover em distâncias pequenas, entre 5 km ou 6 km, nas redondezas de casa ou do trabalho, o patinete traz uma contribuição boa para a mobilidade urbana. O grande problema é que as nossas autoridades, responsáveis por regular esses modos, continuam na idade da pedra. O patinete já vem sendo usado nos Estados Unidos e na Europa há alguns anos. Por que nós não nos preparamos para um mínimo de regulamentação?”, questionou.
Os equipamentos, alimentados por uma bateria, podem chegar a uma velocidade máxima de 20km/hora, tornando difícil frear ou mesmo desviar de um obstáculo a tempo de evitar uma queda ou colisão.
Especialista em mobilidade, Balassiano destacou que a regulamentação do Poder Público trará mais segurança. Segundo ele, não se trata de “engessar” o modo de transporte, mas evitar acidentes, uma vez que os patinetes alcançam velocidades muito altas para serem usados nas calçadas.
“Se atropelar um idoso, uma criança ou uma gestante, a chance de acontecer um acidente grave é muito alta. Por outro lado, nas ruas, a gente sabe que os carros e os ônibus não respeitam nem as bicicletas, o que dirá os patinetes”, advertiu Balassiano. Na avaliação dele, o ideal é que os patinetes trafeguem em ciclovias ou ciclofaixas, juntamente com as bicicletas.
Com informações da Agência Brasil