Duas transexuais foram impedidas de usar um banheiro feminino no ItaúPower Shopping, em Contagem, na região metropolitana de BH, entre a noite de domingo (2) e a madrugada de segunda-feira (3). Por nota (leia a íntegra abaixo), o centro comercial lamentou o ocorrido e disse que “respeita e acolhe a diversidade e a liberdade individual”.
Tháylla Castanha, de 28 anos, e Giselle Rodrigues, de 32, foram assistir a um filme no cinema e, o que era para ser um momento de diversão, transformou-se em desconforto e desrespeito.
Ao final do filme, Tháylla deslocou-se para o banheiro feminino, mas foi barrada por um segurança. O funcionário do shopping disse que ela era homem e que não poderia entrar. Mesmo assim, Tháylla entrou e usou o banheiro.
Quando estava saindo, outro segurança apareceu e disse: “Você não pode usar o banheiro feminino e nem seu amigo, porque vocês são homens”. Giselle interveio e disse que as duas são transexuais e, por isso, têm o direito de usar o local.
De acordo com o boletim de ocorrência, o chefe de segurança foi chamado e ele também disse que elas não poderiam utilizar o local. Além disso, o homem ainda afirmou que as duas estariam constrangendo usuários do shopping e crianças. Ele disse para as duas usarem o banheiro masculino, ou inventar um “banheiro de viado”, e que elas deveriam ter mais decência.
Após a situação, Tháylla e a amiga foram para o estacionamento e acionaram a polícia para registrar queixa contra o shopping. Ela ainda gravou a conversa com seu celular. No vídeo, o chefe de segurança disse que mães de família estariam reclamando e que seria uma questão de bom senso.
É um direito
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), é um direito o uso do banheiro feminino. A discriminação pode render indenização às vítimas. A denúncia pode ser feita, de forma gratuita, ligando para o Disque Direitos Humanos, pelo número 100.
“A proibição de utilização de banheiro feminino por uma pessoa travesti ou transexual feminina configura violação à proteção da dignidade humana e ao direito de liberdade sexual e de gênero, prejuízos que se materializam contra indivíduos e grupos percebidos e subjugados como minorias altamente estigmatizadas em nossa sociedade”, diz trecho do artigo, que pode ser lido integralmente aqui.
O ItaúPower Shopping, por meio de nota, disse que “respeita e acolhe a diversidade e a liberdade individual” e que lamenta “a situação vivenciada pelas duas clientes nas suas instalações”. O local ainda ressalta que “iniciou um ciclo de aprendizado interno para que situações como esta nunca mais se repitam”.
Nota do ItaúPower Shopping na íntegra:
“O ItaúPower Shopping lamenta a situação vivenciada pelas duas clientes nas suas instalações e ressalta que iniciou um ciclo de aprendizado interno para que situações como esta nunca mais se repitam. Com orientação e acompanhamento da Superintendência de Políticas de Defesa dos Direitos Humanos e Diversidade Sexual da Prefeitura de Contagem serão realizados treinamentos e conscientização quanto às tratativas com público LGBTQI+. Ressaltamos que o ItaúPower Shopping respeita e acolhe a diversidade e a liberdade individual”.