Rapaz que tingiu o corpo foi exaltado por UFJF após passar em 4 universidades: ‘Chama a atenção’

TV Globo/Reprodução

O ex-servidor público que foi exonerado acusado de tingir o corpo para ser aprovado em concurso do INSS, Lucas Soares Fontes, de 24 anos, foi exaltado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) quando entrou para a instituição.

Contudo, agora ele é suspeito de ter ingressado de forma fraudulenta no primeiro semestre do ano de 2013, para cursar administração. Ao BHAZ, a delega da Polícia Federal, Fabiana Martins Machado, disse que ele será indiciado por falsidade ideológica.

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Além da UFJF, o ex-servidor também passou em outras três universidades e foi aclamado pela instituição mineira em seu site. Lucas, que tinha 17 anos à época, foi colocado como sendo um dos melhores candidatos a uma vaga na universidade, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

“O caso do estudante Lucas Soares Fontes, 17, chama a atenção. Ele obteve os primeiros lugares de quatro seleções para universidades e optou pelo curso de Administração da UFJF, cuja aprovação veio na segunda chamada do sistema do MEC na 14ª colocação”, diz o texto.

Segundo o texto do portal da UFJF, o estudante de Valença (RJ) foi aprovado em quarto lugar em Direito, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em segundo em Administração na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e em outra universidade da qual não se lembra. “Decidi pela UFJF por gostar da cidade e pela qualidade do curso”, contou Fontes ao portal. O novo aluno ainda disputa vaga em Direito por meio do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) da UFJF.

UFJF/Reprodução

De acordo com a instituição, ele foi admitido na UFJF por meio de processo seletivo de ingresso misto, pelo grupo A, destinado a candidatos com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita familiar mensal, que tivessem cursado o ensino médio integralmente em escola pública e que se declarassem pretos, pardos ou indígenas.

Na ocasião, Fontes entrou na universidade no curso de administração e optou por direito posteriormente.

Lucas concluiu seu curso no segundo semestre de 2017. À época, a instituição valia-se apenas das autodeclarações (acordo subscrito pelo Brasil em Durban 2001, pela ONU). Somente um ano depois da saída de Lucas Fontes foi que a UFJF instalou uma ouvidoria para melhorar os processos de avaliação sobre os cotistas.

De acordo com a instituição, por meio de nota (leia na íntegra abaixo), informou que, desde então, “recebeu 156 denúncias de fraudes nos processos seletivos de ingresso nos cursos de graduação, para as quais instaurou comissões de sindicância para apuração dos fatos. Destes, 67 processos foram julgados improcedentes e 12 foram encaminhados para processos administrativos; os demais permanecem em análise”.

“As investigações foram feitas com base em processo administrativo enviado pelo INSS. O inquérito foi instaurado no início de abril”, explicou ao BHAZ a delegada Fabiana Martins Machado. “No desdobramento do caso, também foi verificada a suspeita de fraude em universidades, incluindo a UFJF”.

Agora, Lucas Soares foi indiciado pelo crime de falsidade ideológica. “A investigação da Polícia Federal já está concluída. O processo de penalização criminal, se ele será preso ou não, fica a cargo da Justiça”, completa a delegada.

Nota da UFJF na íntegra:

“Lucas Soares ingressou na UFJF no curso de Direito no 1º semestre do ano de 2013 pelo processo seletivo de ingresso misto, pelo grupo A, destinado a candidatos com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita familiar mensal, que tivessem cursado o Ensino Médio integralmente em escola pública e que se declarassem pretos, pardos ou indígenas. Lucas concluiu seu curso no segundo semestre de 2017. À época, a instituição valia-se apenas das autodeclarações (acordo subscrito pelo Brasil em Durban 2001, pela ONU). Quando o candidato aderia ao programa da UFJF (PISM), ele assinava um termo em que se auto declarava pardo no ato da matrícula. Esse documento se tornava legal e a instituição o tomava como verdade. Desde quando essa reitoria assumiu a gestão da UFJF foram iniciadas discussões para o estabelecimento de parâmetros para a avaliação dessa autodeclaração. Criou uma ouvidoria especializada e, a partir de 2018, recebeu 156 denúncias de fraudes nos processos seletivos de ingresso nos cursos de graduação, para as quais instaurou comissões de sindicância para apuração dos fatos. Destes, 67 processos foram julgados improcedentes e 12 foram encaminhados para processos administrativos e e os demais permanecem em análise. A partir dos processos seletivos para o ingresso nos cursos de graduação no ano de 2019, assim como outras universidades, a UFJF instituiu a comissão de heteroidentificação que atua no momento da matrícula dos candidatos para evitar situação como essa. A UFJF destaca a importância da política de cotas e ressalta que situações como essa não demonstram estas políticas, mas sim na conduta de quem tenta burlar o processo”.


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