Próximo ao inverno, Minas já tem 123 mortes por vírus respiratórios; tempo seco favorece contágio

Amanda Dias/BHAZ + Alessandro Carvalho/PBH

A pouco mais de uma semana da mudança de estação para o inverno – cujo início oficial ocorre no dia 21 de junho – e registrando baixas temperaturas nas últimas duas semanas, Minas Gerais já contabiliza 123 mortes por vírus respiratórios – praticamente uma a cada 10 casos notificados. Do total de mortes, contabilizadas desde janeiro, 11 foram por Influenza A (H1N1) e 12 por outros vírus que circulam nessa época de frio.

Os dados são os mais recentes do Informe Epidemiológico da Gripe, produzido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e divulgado na segunda-feira (10).

Segundo o informe, dos 1.354 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG, o nome oficial nas estatísticas nacionais) em Minas, 248 já tiveram suas amostras finalizadas: 75 foram confirmados para Influenza e 166 casos para outros vírus respiratórios do total de casos com investigação laboratorial. Os sintomas das doenças respiratórias são geralmente similares: febre, tosse seca, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade para respirar.

Na semana passada, foram registradas baixas temperaturas em todo o Estado – em Maria da Fé, no Sul de Minas, os termômetros marcaram entre
0,6º C e 0,8º C no início da manhã. Em Belo Horizonte, a menor temperatura chegou a 9,1º C, naquele que foi considerado o dia mais frio do ano na capital (relembre aqui).

De acordo com o meteorologista Cléber Souza, do Instituto Nacional de Meteorologia em Belo Horizonte (Inmet), a tendência dos próximos dias é do outono fechar com características típicas de inverno, com céu azul, poucas nuvens, sem previsão de chuvas e baixas temperaturas. Para se ter ideia da diferença no Estado, enquanto a região Sul tem temperaturas esta semana entre 4º C e 6º C, o Norte de Minas tem máxima de 34º C.

Ele explica que em todo o Sudeste brasileiro há uma massa de ar seco atuando, e é ela quem barra a massa polar que vem da Antártida. “Por isso, apesar do frio nas primeiras horas da manhã e no início da noite, a tendência é das temperaturas subirem. Nessa época do ano, o que incomoda mesmo é o vento associado à baixa temperatura, pois é ele quem faz a gente ter uma sensação térmica muito diferente, às vezes, do que o termômetro está marcando”, diz o meteorologista.

Cuidados com a saúde

Segundo o médico Rodrigo Luís Barbosa Lima, presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia, o tempo frio e seco, com baixa umidade relativa do ar, resseca as vias aéreas e agrava os casos de asma, rinites, sinusites etc. “Esse ressecamento dificulta a troca gasosa do organismo; as pessoas ficam mais aglomeradas, o que facilita a disseminação de infecções virais. Com a baixa umidade, o ar fica mais ‘sujo’, com alta concentração de gás carbônico e fuligem no ar, acentuando os problemas respiratórios”, diz.

As recomendações do pneumologista são a imunização contra o Influenza, evitar locais com grande número de pessoas tossindo e espirrando e cuidados básicos, como lavar com mais frequência as mãos com água e sabão e/ou álcool gel.

“O ideal seria que toda a população fosse vacinada contra o Influenza, mas por questão de custos, o ministério prioriza os grupos de risco. Quem estiver com uma sensação de muita secura no nariz e garganta, usar um umidificador de ar no quarto, à noite, é indicado. Nos casos de resfriados e nariz obstruído, lavar as narinas com o soro fisiológico é bom para retirar resíduos”, ensina.

Vírus circulantes em Minas

Circulam em Minas Gerais vários tipos e subtipos de Influenza, além dos vírus Sincicial Respiratório, Parainfluenza, Adenovírus, Metapneumovírus, Bocavírus e Rinovírus. Dos casos confirmados por Influenza, do último informe da Secretaria de Estado de Saúde, predominou o Influenza A, com 96%.

Desde a pandemia de Influenza pelo vírus A (H1N1), em 2009, a vigilância epidemiológica da Influenza no Brasil conta com a notificação universal de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de casos hospitalizados e de óbitos relacionados à Influenza.

Mas foi a partir de 2010 que o Ministério da Saúde deu início à implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica da Influenza em âmbito nacional, incluindo a vigilância de Síndrome Gripal (SG). O principal objetivo dessa vigilância era identificar os vírus respiratórios em circulação no país, além de permitir o monitoramento da demanda de atendimentos por SG, obtidos pelo Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe).

Vacinação e cuidados essenciais

De acordo com o DataSus, banco de dados do Ministério da Saúde, desde o início da campanha de vacinação contra o Influenza A, em 10 de abril, até esta quarta-feira (12), Minas já vacinou 6.079.016 pessoas – grande parte são indivíduos dentro dos chamados grupos prioritários, como idosos, trabalhadores do sistema prisional e da segurança pública, trabalhadores da área de saúde, crianças até cinco anos de idade, gestantes e pacientes de doenças crônicas e não transmissíveis, como diabetes e obesidade.

Além da vacinação, outros cuidados também ajudam na prevenção da Influenza e de outras doenças respiratórias viróticas.

  • Lave bem as mãos com água e sabão;
  • Beba bastante água. Manter as vias respiratórias bem hidratadas dificulta a entrada de vírus e bactérias;
  • Evite locais com muitas pessoas e com pouca circulação de ar;
  • Mantenha a janela do ônibus sempre aberta, mesmo em dias mais frios;
  • Sempre jogue os lenços de papel no lixo;
  • Nunca use as mãos para tossir ou espirrar;
  • Ao tossir ou espirrar, use a parte interna do braço, na área superior das mangas da roupa;
  • Evite compartilhar alimentos, copos, talheres, toalhas e outros objetos de uso pessoal;
  • Crianças menores de seis meses, que ainda não receberam todas as vacinas, não devem ser expostas a locais com aglomerações de pessoas, como shoppings e ônibus;
  • Não tome medicamentos sem orientação médica;
  • Diante de qualquer sintoma de gripe, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima.

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