‘In Fux we trust’, diz Moro a Dallagnol em mensagem sobre ministro do STF

ernando Frazão/Agência Brasil; Carlos Moura/STF; Marcelo Camargo/Agência Brasil; Nelson Jr./STF

O editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, fez novas revelações sobre as denúncias que envolvem os principais protagonistas da Operação Lava Jato ao jornalista Reinaldo Azevedo, no programa “O É da Coisa”, na Rádio Band News, nessa quarta-feira (12) à noite, citando um diálogo entre o ministro Sergio Moro e o procurador da República, Deltan Dallagnol, que envolve o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

O The Intercept Brasil divulgou também nessa quarta à noite, em seu site, o trecho completo de mensagens atribuídas a Moro e Dallagnol, que tinham sido parcialmente publicadas no domingo (9), data em que o portal de jornalismo investigativo começou a divulgar material que recebeu de forma anônima.

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O trecho lido por Reinaldo Azevedo na Rádio Band News, segundo Leandro Demori, é verídico, e não saiu nas reportagens no site do The Intercept Brasil. No trecho divulgado na emissora, Dallagnol diz que Fux declarou apoiou a Moro – que, à época, era o juiz responsável pelos processos da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná – em uma ‘queda de braço’ com o então ministro do Supremo Teori Zavascki, morto em janeiro de 2017 em um acidente aéreo. Na ocasião, Teori era o relator da Lava Jato no STF.

Em resposta a Dallagnol, Moro diz: ‘In Fux we trust’ (‘Confiamos em Fux’, provavelmente em referência ao lema nacional dos Estados Unidos, “In God we trust”). Antes de ler o material, Reinaldo Azevedo, questiona: “Tem crime aqui? Tem uma coisa muito estranha”, passa a vez para Leandro falar e, na sequência, lê o diálogo, que está no escopo do material recebido pelo The Intercept Brasil.

O diálogo divulgado no ar, nessa quarta-feira, é:

“Mensagem de 22 de abril de 2016”

13:04:13 Deltan – Caros, conversei com o Fux mais uma vez hoje

13:04:13 Deltan – Reservado, é claro. O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições

13:04:13 Deltan – Em especial no novo governo

13:06:55 Moro – Excelente. In Fux we trust

13:13:48 Deltan – Kkk”

Veja a entrevista completa aqui; o trecho da nova denúncia pode ser visto a partir do 1:27:10.

As mensagens teriam sido enviadas pelo coordenador da força-tarefa da Lava Jato – Dallagnol – a um grupo do qual faziam parte outros procuradores da República e posteriormente foram encaminhadas pelo próprio Dallagnol para o celular de Moro.

Ao falar em novo governo, Deltan se refere ao fato de que a então presidente Dilma Rousseff poderia ser afastada do Palácio do Planalto por um processo de impeachment, o que acabou ocorrendo em 12 de maio.

Exatamente um mês antes do suposto diálogo, em 22 de março de 2016, o ministro do STF Teori Zavascki (morto em um acidente aéreo em janeiro de 2017, em Parati (RJ) – havia determinado que Moro enviasse ao STF as investigações da Operação Lava Jato que envolviam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Zavascki criticava a forma como Sergio Moro conduzia as ações da Lava Jato e expressou sua insatisfação quando o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba divulgou o conteúdo das interceptações telefônicas que envolviam o ex-presidente Lula e a então presidenta Dilma Rousseff. Na visão de Zavascki, Moro não tinha competência para tomar uma decisão envolvendo autoridades com prerrogativa de foro, como a presidente da República.

Na ocasião, o governo federal apontou ao tribunal ilegalidade na divulgação das escutas feitas pela Polícia Federal envolvendo Dilma, que ainda tinha foro privilegiado no STF.

Uma semana depois, Sergio Moro enviou ofício ao STF, pedindo desculpas à Corte pelas consequências da retirada do sigilo das escutas telefônicas envolvendo Lula e autoridades, incluindo Dilma. No ofício, o então juiz afirmou que a decisão foi tomada com base na Constituição e que os diálogos revelaram uma tentativa de obstruir a Justiça.

Esse ofício é a resposta que supostamente Fux elogiou na conversa com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

Procuradas, as assessorias de Fux, Moro e do Ministério Público Federal disseram que não comentariam o caso.

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