Já dizia o velho ditado que mentira tem perna curta. E a história que movimentou as redes sociais nessa sexta-feira (5), de que três integrantes da organização não governamental Pata Voluntária, de acolhimento animal e localizada em Maceió (AL), teriam inventado um roubo à sede da ONG
essa semana para arrecadar dinheiro, para benefício próprio, pode estar só no começo.
Levantamento feito pelo BHAZ, no site Vakinha on-line, na internet, mostra que somente este ano, a ONG Pata Voluntária arrecadou ao menos R$ 234,76 mil por meio de campanhas com motes apelativos, como ‘ano novo sem dívidas’ e ‘socorro para o pata voluntária’.
A primeira campanha do ano, lançada em 2 de janeiro, com finalização em 31 de janeiro, tinha como meta R$ 200 mil, mas o grupo arrecadou R$ 52.978,36. No mês seguinte, de 6 a 28 de fevereiro, uma nova campanha pedia R$ 130 mil – o total arrecadado foi de R$ 67.053,88.
Uma outra campanha identificada pelo BHAZ, de maio, a ONG superou a meta de R$ 30 mil e bateu R$ 36.242,64. A última campanha que entrou no ar, de 7 de junho a 30 do mesmo mês, o pedido era de R$ 70 mil e foram arrecadados R$ 78.495,83.
Os textos que vinham junto dos pedidos de dinheiro falavam em dívidas da ONG com clínicas veterinária, contas de luz em atraso, laboratórios e necessidade de cuidar dos mais de 400 animais resgatados.
O caso de que a ONG Pata Voluntária teria forjado um roubo à sua sede, localizada no bairro Jaraguá, em Maceió, na quinta-feira (4), veio à tona a partir de uma denúncia feita à polícia, que divulgou a notícia nessa sexta (5).
Depois de uma ágil investigação, os delegados Leonam Pinheiro, Thiago Prado e Fábio Costa e policiais civis da Delegacia de Marechal Deodoro (17º DP) e da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) da Polícia Civil de Alagoas (PL-AL) prenderam ontem (5) três integrantes da ONG – Amropali Pedroso, de 29 anos; Maria Gisele, de 23; e Nayane Petrucia, de 26.
Os policiais revelaram que no transcurso da investigação foi comprovado que não havia registro de invasão à sede da ONG e que tudo era fruto de uma fraude para a captação de valores por meio de doação das pessoas que se comoviam com o fato inventado pelas diretoras da Pata voluntária.
As integrantes da ONG chegaram a fazer um post na rede social da organização, alegando que tinham sido furtadas e tudo havia sido levado, e que os animais estavam desamparados.
‘Fraude para construir hospital’
Neste sábado (6), de acordo com informações do portal G1, um das detidas, Nayane, confessou que inventou a fraude para construir um hospital veterinário. As outras mulheres permaneceram em silêncio. Não se sabe se a história é verdadeira e a PC-AL continua investigando o caso.
De acordo com o site Jovem Pan, o delegado do caso, Leonam Pinheiro informou que uma das mulheres chegou a “dar um murro na própria cara” para trazer mais veracidade ao suposto crime à sede da ONG. Elas fizeram um boletim de ocorrência, na quinta-feira (4), que também foi divulgado nas redes sociais. As páginas da Pata Voluntária saíram do ar neste sábado (6).
A PC-AL informou também que a sede que as integrantes da ONG alegaram como o local onde ocorreu o roubo estava desativada, sem animais.
Na sexta-feira, quando os primeiros rumores da história vieram à tona, muitas pessoas começaram a marcar em posts o nome do deputado estadual por São Paulo, Bruno Lima, delegado de polícia e defensor dos animais, que também foi procurado pela Polícia Civil de Alagoas para ajudar no caso. Ele fez um vídeo em sua conta no Instagram, comentando a história da ONG Pata Voluntária. Assista:
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por DELEGADO BRUNO LIMA (@del.brunolima) em
De acordo com a Polícia Civil de Alagoas, as mulheres poderão responder por crimes de estelionato, comunicação falsa de crime e organização criminosa, e ainda podem responder por crime ambiental, pois no momento da prisão estavam de posse de animais silvestres, no interior do apartamento onde foram detidas.
Repercussão
O caso teve repercussão entre pessoas da sociedade civil que ajudaram a ONG em outras ocasiões, entre elas, a ex-BBB, veterinária e ativista em defesa dos animais Vanessa Mesquita. Ela disse que ficou muito triste com a situação.
“Gente, que tristeza isso que aconteceu com aquela ONG Pata Voluntária que, inclusive, divulguei várias vezes pra vocês. É muito muito triste porque, enquanto a gente se sente enganado, tem muita ONG séria, protetor sério que não necessariamente é uma ONG. Minha ONG a gente tem toda a papelada, documentação em dia, prestação de contas. Tem gente que não tem documentação, mas faz trabalho direitinho, bonitinho”, disse Vanessa, vencedora do BBB-14.
A cantora Leilah Moreno escreveu: “E eu, (toda preocupada) divulguei o assalto e pedi ajuda em minhas redes sociais! Inacreditavel ? da vontade de chorar! Que triste isso… Os animais perdem ajuda, outras ongs perdem credibilidade… E nós perdemos tempo pensando “PQ?” “PQ?” “PQ fizeram isso?”
Um grupo voluntário que atua em maceió também com animais – o Pata Amada – que está sendo confundido com o Pata Voluntária, fez uma nota pedindo para não ser confundido com a ONG investigada.