Pipas no céu: Ação contra cerol aborda escolas e motoqueiros; 19 pessoas foram feridas este ano

(Companhia Paranaense de Energia (Cepel)/Reprodução+Youtube/Reprodução)

Férias escolares, céu de brigadeiro e algumas rajadas de vento: esses são ingredientes perfeitos para que crianças e jovens confeccionem suas coloridas pipas, com longas rabiolas, e se divirtam, empinando os papagaios por Belo Horizonte e pelo interior de Minas. No entanto, para ganhar altura e ‘cortar’ outras pipas, muitos fazem uso de cerol (mistura de cola, caco de vidro e restos de materiais condutores) e linha chilena (que tem poder cortante muito alto), o que representa um risco altíssimo de acidentes humanos e também uma ameaça à rede elétrica.

Para alertar crianças e jovens sobre os perigos de usar outros ingredientes nas pipas que não apenas varetas, corda e papel, agentes da Patrulha Escolar da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) fazem esta semana campanha educativa em escolas da capital. E, na semana que vem, entregarão antenas protetivas a motociclistas. As ações integram a campanha Cerol Mata!, da Prefeitura de Belo Horizonte e são executadas pela Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção por meio da Guarda.

De acordo com informações da GMBH ao BHAZ, nesta terça-feira (9) os agentes fizeram ação na Escola Municipal Josefina de Souza Lima, no bairro Primeiro de Maio, região Norte. A proximidade da escola com as avenidas Cristiano Machado e Sebastião de Brito, com intenso fluxo de veículos, motivou a escolha.

Amanhã, o alvo será a Escola Municipal Hilda Rabelo, no bairro Heliópolis, na região Norte, e na sexta-feira (12), a campanha será finalizada com uma ação lúdica com crianças soltando pipas no Parque das Mangabeiras, na região Centro-Sul.

A partir de segunda-feira, a Guarda Municipal muda o foco da campanha e vai abordar as vítimas do cerol: motociclistas. Haverá ações preventivas e distribuição de antenas. A GMBH ainda está finalizando a programação e não soube precisar o número de antenas que serão distribuídas nem o local de início da ação.

Feridos em BH e comprometimento da rede elétrica

Para se ter ideia, este ano já foram 19 acidentes com cerol na capital, 13 somente no mês de junho, segundo registros de feridos que foram levados para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). No ano passado todo, foram 31 registros de acidentes, com oito casos no mês de julho, sete em junho e cinco em janeiro. O ano de 2017 teve 25 casos.

O cerol e a linha chilena ameaçam também a rede elétrica. De acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em 2018, foram 2.202 ocorrências nas áreas de concessão da Cemig,  prejudicando 750 mil unidades consumidoras, residenciais e comerciais.

Nos primeiros quatro meses de 2019, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram registrados 172 desligamentos provocados pelo contato de pipas com a rede elétrica, prejudicando mais de 52 mil famílias.

“O uso do cerol é um dos principais causadores dos desligamentos, pois rompem os cabos quando entram em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos-circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos” diz a Cemig.

Além da queda da energia em si, retirar o papagaio preso à rede elétrica pode ser fatal. Segundo o engenheiro Segurança do Trabalho Demetrio Aguiar, da Cemig, alguns procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia durante a brincadeira.

“As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais se deve usar fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não se pode tentar resgatá-la. O contato com a rede elétrica pode ser fatal: as consequências mais comuns são traumatismos, devido às quedas, e queimaduras graves por causa dos choques”, diz.

Dicas importantes!

  • É proibido usar cerol. O uso de linhas com cerol (vidro moído com cola) pode conduzir eletricidade e provocar descargas elétricas, além de provocar inúmeros acidentes com pedestres, ciclistas e motociclistas.
  • É muito perigoso jogar, aproximar ou encostar objetos como arame, corrente, cabo de aço, marimba, bambu, barra de ferro, madeira, etc, na rede elétrica. Além de você correr risco de sofrer um acidente grave, ou mesmo fatal, poderá ainda ocasionar o desligamento da energia elétrica em sua casa, como também em hospitais e em residências de pessoas que necessitam de aparelhos médicos de sobrevivência à vida.
  • Caso sua pipa enrosque nos fios, deixe pra lá. Não tente retirá-la, pois você poderá levar um choque elétrico, causar um curto-circuito e até mesmo o rompimento dos cabos.
  • É muito perigoso tentar resgatar sua pipa em árvores próximas aos fios da rede elétrica. Você pode sofrer um choque ou até cair da árvore.
  • Na presença de relâmpagos, recolha a pipa imediatamente, pois você pode ser atingido por um raio.
  • Se sua pipa cair em áreas de subestações da Cemig não invada o local para resgatá-la, você poderá sofrer um grave acidente.

O que diz a lei em BH sobre o cerol

A legislação que proíbe a comercialização e o uso do cerol em Belo Horizonte completa 23 anos em 2019. A Lei 7.189 de 1996 recebeu reforço, em 2003, com a publicação da Lei 8.563. Em 2006, a Lei 9.137 instituiu, na capital mineira, a última semana do mês de junho como a Semana de Conscientização de Combate ao Cerol, enfatizando que o uso de linhas cortantes configura crime.

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