Por Ana Paula Fistarol*
O que o consumo de leite tem a ver com crises de rinite e sinusite? Você já leu algo sobre essa ligação? E você sabia que, mesmo não tendo alergia ou intolerância à lactose (e caseína), o leite pode sim afetar seu bem-estar respiratório?
A relação entre alergias respiratórias – principalmente rinite e sinusite – e uso frequente de laticínios está sendo pesquisada em grandes universidades ao redor do mundo. A Harvard School of Public Health quebrou o lobby da indústria de alimentos norte-americana quando anunciou que o consumo de leite e derivados não é compatível com uma dieta saudável.
As justificativas apresentadas estão relacionadas ao aumento do câncer de próstata e ovários (clique aqui para ler o estudo).
Mas por que os inofensivos laticínios tão utilizados ao longo das décadas poderiam aumentar crises de rinite e sinusite?
Trago dois pontos para reflexão.
1 – Produção de muco
O primeiro é sobre o aumento da mucosidade corporal. O corpo, naturalmente, produz muco, que tem a função de hidratar os pulmões, lubrificar o esôfago, reter e eliminar os organismos que entram pelas vias aéreas.
O problema acontece quando o corpo produz muco em excesso. Isso pode acontecer através do consumo excessivo de leite e derivados, em quantidades superiores da capacidade de digestão do seu organismo.
Como consequência, esse excesso aumenta a disposição a inflamações, principalmente respiratórias; aumentam as crises de candidíase em mulheres; e desequilibram a mucosa intestinal.
2 – Qualidade dos laticínios
O segundo ponto é sobre a qualidade dos laticínios vendidos atualmente. As vacas tratadas com hormônios, antibióticos e ração produzem leite de baixíssima qualidade nutricional, que contém alérgenos, gordura saturada, colesterol, além de quantidades imensuráveis de herbicidas e pesticidas.
Então faço uma proposta!
Se você tem crises respiratórias recorrentes, faça o teste de retirar os laticínios durante 21 dias e observe como seu organismo reage. A tendência é ele desinflamar, desinchar e você se sentir melhor. Você vai perceber esses benefícios mesmo não sendo alérgico ou intolerante à lactose ou caseína.
Caso você tenha interesse em ingerir de forma consciente, procure laticínios orgânicos, cujas vacas não foram tratadas com antibióticos e hormônios e que se alimentaram de pasto.
E o cálcio?
A essa altura você deve estar se perguntando qual será sua fonte de cálcio.
Quem apoia a exclusão dos leite e derivados da dieta argumenta que a biodisponibilidade de cálcio de alguns vegetais é igual ou até maior do que a do leite, como é o caso do tofu, brócolis, couve e mostarda. O médico nutrólogo Eric Slywitch, especializado em nutrição vegetariana e vegana fala mais sobre isso aqui.
Trazendo para minha prática clínica, já acompanhei melhoras significativas em diversos pacientes que buscaram tratamento para crises respiratórias, e se propuseram eliminar ou diminuir o consumo de laticínios.
Sobre esse tema, também posso falar em primeira pessoa.
Cresci tendo alergias respiratórias recorrentes e, quando aprendi essa relação, durante a graduação de Naturologia Aplicada, parei de consumir leite e reduzi drasticamente o consumo de queijo. “Misteriosamente” minhas crises alérgicas cessaram – e eu não tenho alergia nem intolerância à lactose ou caseína.
Este artigo não tem o intuito de impor uma dieta ou dizer que algo é ruim ou bom para todo mundo, mas, sim, esclarecer a relação entre saúde e alimentação, estimular a autopercepção e o consumo consciente.
Preste atenção ao efeito dos alimentos em seu organismo e, se necessário, procure um profissional com conhecimento nesta área, para auxiliá-lo a melhorar sua saúde e qualidade de vida.
* Ana Paula Fistarol é graduada em Naturologia Aplicada, Especialista em Homeopatia e Co-fundadora do @rama.saude. Atua na área clínica há 9 anos e é facilitadora de programas de desintoxicação e estilo de vida saudável. Confira o perfil no Instagram: @anafistarol.naturologa