Dallagnol pediu a Moro R$ 38 mil para pagar publicidade na Globo, aponta diálogo

Marcelo Camargo/Antonio Cruz/Agência Brasil

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, solicitou a Sergio Moro, na época juiz federal em Curitiba (PR), dinheiro para a realização de uma campanha publicitária com o objetivo de apoiar uma iniciativa que ficou conhecida como “Dez Medidas contra a Corrupção”. O valor sairia da 13ª Vara Federal de Curitiba e a campanha veiculada na Rede Globo.

“Você acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para uma vídeo contra a corrupção, pelas dez medidas, que será veiculado na Globo??”, indagou Dallagnol em 16 de janeiro de 2016. A mensagem foi divulgada nessa segunda-feira (15) pelo jornalista Reinaldo Azevedo, em parceria com o site The Intercept Brasil.

Com a intenção de convencer Moro a liberar a quantia de R$ 38 mil, Dallagnol disse que a produtora estava cobrando somente “custos de terceiros”. “A produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns R$ 38 mil”, disse.

O procurador ainda sugere que poderia ser realizado um crowdfunding, espécie de vaquinha on-line, para arcar com os custos. “Se achar ruim em algum aspecto, há alternativas que estamos avaliando, como crowdfunding e cotização entre pessoas envolvidas na campanha”, disse.

Antes de receber a resposta do agora ministro da Justiça e Segurança Pública, Deltan pediu que Moro avaliasse a possibilidade “de modo absolutamente livre” e se a verba não poderia “de qualquer modo arranhar a imagem” da Lava Jato. No dia seguinte, 17 de janeiro de 2016, Moro respondeu: “Se for só uns R$ 38 mil acho que é possível. Deixe ver na terça e te respondo”.

Apesar das mensagens não afirmarem se o dinheiro da 13ª Vara foi utilizado para bancar a campanha publicitária, a prática é considerada como desvio de finalidade.

Lava Jato nega acusações

Em nota, a força-tarefa da Lava Jato negou as acusações alegando que “o material é oriundo de crime cibernético e não pode ter seu contexto e veracidade confirmados”.

“A força-tarefa em Curitiba afirma que não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes na última semana. Nunca houve qualqer tipo de direcionamento de recursos da 13ª Vara Federal para campanha publicitária ou qualquer ato relacionada às 10 medidas contra a corrupção”, diz trecho da nota.

#VazaJato

Desde 9 de junho deste ano, o site The Intercept Brasil publica artigos e reportagens da série #VazaJato, que tratam de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e pela força-tarefa da operação Lava Jato, indicando a influência do então juiz no processo de apuração e investigação da operação contra a corrupção no Brasil.

Segundo o The Intercept, “tanto a força-tarefa quanto o atual ministro negam qualquer impropriedade, mas não contestaram – e implicitamente confirmaram – a veracidade do material publicado. Eles dizem ‘não reconhecer a autenticidade’, o que é diferente de dizer que os chats são falsos. Eles jamais apontaram uma frase sequer que teria sido, segundo eles, inventada ou adulterada das mensagens trocadas entre o procurador federal e o então juiz federal”.

Com informações de Reinaldo Azevedo e The Intercept Brasil

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