Cobrança ilegal em cemitérios de BH: Famílias pagam até R$ 100 para manutenção de túmulos

Idosa foi velada no Cemitério da Paz, em BH (Daniel Alves/FPMZB

Familiares de algumas pessoas falecidas pagam mensalmente até R$ 100 para que os “enxadinhas” façam a manutenção dos túmulos dos entes em cemitérios públicos de Belo Horizonte. A prática ilegal ocorre com maior frequência no Cemitério da Paz. O serviço de manutenção já está incluso em uma taxa que é paga anualmente.

A atuação dos “enxadinhas” foi denunciada durante uma vistoria da Comissão de Administração Pública, da Câmara Municipal, ao Cemitério da Paz. Nela, também foi informado que funerárias estão levando lanches para as famílias dos mortos e que o transporte do alimento acontece junto com os cadáveres.

Sobre a atuação dos “enxadinhas”, o vereador Jair di Gregório (PP) disse ao BHAZ que a prática se assemelha ao pagamento de “pedágio” e que os familiares são coagidos a “contratar” o serviço. “Essa máfia cobra praticamente um pedágio das famílias para fazer a ‘manutenção’ dos túmulos. Tem gente que paga por mês até R$ 100 e se isso não acontecer eles vão lá e destroem tudo no túmulo”, disse.

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Para conseguir “vender” o serviço ilegal, os “enxadinhas” abordam as pessoas enquanto elas ainda estão no cemitério. “A abordagem feita por eles acontece após os velórios e por alguém que passa os contatos”, denuncia o vereador.

Cemitérios da Paz (foto) e da Consolação sãos os espaços parques da capital (Keiti Almeida/ Assessoria Vereador Jair di Gregório)

A manutenção ilegal compromete outros túmulos conforme explica Welligton Correa, diretor de Necrópoles e de Gestão de Finanças da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. “A atuação deles é um problema antigo e estamos atuando firmemente para combatê-los. Quando eles fazem a ‘manutenção’ acabam invadindo outros túmulos e provocam problemas”, disse.

A conscientização das pessoas, ainda explica Welligton, é fundamental para evitar tal prática. “O serviço de capina já é disponibilizado, não precisa pagar para essas pessoas. Os enxadinhas prestam um desserviço para a cidade. A ação é ilegal e o munícipe não deve contribuir”, disse.

Procurada pelo BHAZ, a Fundação de Parques informou que a taxa paga por ano é estabelecida por lei. Confira os valores cobrados em cada cemitério público:

  • Cemitério do Bonfim – R$ 145,75
  • Cemitério da Paz – R$ 103,24
  • Cemitério da Saudade – R$ 78,95
  • Cemitério da Consolação – R$ 60,72

A nova taxa, relativa ao ano de 2019, será emitida aos concessionários somente em dezembro deste ano.

O fato da grama do Cemitério da Paz ser adubada faz com que a vegetação cresça rapidamente e dá a sensação ao cidadão de que o espaço não é preservado, segundo Wellignton. “Nós tivemos muitas chuvas e a grama cresceu rapidamente. As capinas são feitas regularmente e acontecem durante todo o ano. Somente na época das chuvas que não dá, já que a máquina não funciona”.

Fiscalizações

Tanto o diretor de Necrópoles e de Gestão de Finanças da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, quanto o vereador Jair di Gregório alegam que a fiscalização é realizada no local, mas que ainda assim os responsáveis não conseguem coibir tal prática.

Nos cemitérios públicos de BH, a prática dos “enxadinha” ocorre com frequência no da Paz e da Saudade, porém com menor incidência.

“A fundação faz o seu trabalho de buscar coibir, mas os caras estão aprimorando suas atividades. Tem mais de 10 anos que eles atuam. Nós vamos apurar isso”, concluiu o parlamentar.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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