Bolsonaro ironiza comissão que apurou mortes e desaparecimentos na ditadura: ‘Balela’

Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a polemizar nesta terça-feira (30) sobre a morte do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Desta vez, Bolsonaro questionou a legitimidade da Comissão da Verdade, que apurou crimes cometidos na ditadura militar, entre eles, a morte de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira.

“Você acredita em Comissão da Verdade? Qual foi a composição da Comissão da Verdade? Foram sete pessoas indicadas por quem? Pela Dilma [Rousseff, presidente do Brasil de 2011 a 2016]”, afirmou Bolsonaro ao ser questionado sobre o parecer da comissão que afirma que Fernando foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro”. (Confira o relatório na íntegra aqui, a partir da página 361)

Na sequência, o presidente chamou os documentos da comissão de “balela”. “Nós queremos desvendar crimes. A questão de 64, existem documentos de matou, não matou, isso aí é balela”, disse.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A comissão funcionou até 2014, com a finalidade de graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988.

STF

A polêmica entre o presidente da República e o presidente da OAB começou após Bolsonaro dizer, nessa segunda (29), que o pai de Felipe Santa Cruz foi morto por um grupo de guerrilha da esquerda.

Após isso, o presidente da OAB publicou uma carta dizendo que Bolsonaro apresenta crueldade e falta de empatia. “É de se estranhar tal comportamento em um homem que se diz cristão. Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro – e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos”, escreveu Cruz.

Mais tarde, Felipe disse que iria ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir para que Bolsonaro diga o que sabe sobre a morte de seu pai. Questionado sobre isso, o presidente disse que não tem registros documentais do que falou sobre o pai de Felipe. “O que eu sei é o que falei para vocês. Não tem nada escrito que foi isso, foi aquilo. Meu sentimento era esse”, afirmou.

Sobre o fato de ter ou não documentos que comprovem que Fernando foi morto por um grupo de esquerda, o presidente rebateu: “Você quer documento para isso, meu Deus do céu? Documento é quando você casa, você se divorcia. Eles têm documentos dizendo o contrário?”, questionou.

Dilma comenta postura de Bolsonaro

A ex-presidente Dilma Rousseff, que governou o Brasil entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de agosto de 2016, quando sofreu um processo de impeachment, comentou o caso em sua conta pessoal do Twitter. A Comissão da Verdade foi criada durante o seu primeiro mandato.

Em um dos tuítes, Dilma comenta as últimas declarações do presidente Bolsonaro sobre o jornalista Gleen Greenwald, que está à frente da série de denúncias e vazamentos de conversas entre o então juiz federal Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato, divulgados pelo site The Intercept Brasil.

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