‘Meu sonho é ter uma vida normal’, diz brasileiro diagnosticado aos 35 anos com a Doença de Parkinson

GoFoundMe/Reprodução

Imagine descobrir que você tem a Doença de Parkinson aos 35 anos, estar do outro lado do mundo, longe de sua família, e repleto de dívidas financeiras contraídas por causa da doença. Essa é a história de Adriano Cézar Júnior, de 39 anos, e que, atualmente mora em Sydney, na Austrália.

Para ajudar Adriano a restabelecer suas finanças, pois acabou em dívidas ao longo dos anos em função de medicamentos e tratamento do Parkinson, um amigo seu sugeriu uma vaquinha on-line (leia mais abaixo) recentemente.

“Meu maior desejo é poder voltar a ter uma vida normal, trabalhar tranquilo, poder me sustentar, sem ajuda de ninguém. Esse é o meu sonho”, conta Adriano, em entrevista ao BHAZ.

Natural de Recife (PE), Adriano se considera mineiro de vida e de coração, já que se mudou para Belo Horizonte aos 2 anos de idade, e foi criado na capital de Minas. Ele conta que, há aproximadamente sete anos, começou a sentir os primeiros tremores, que marcam bem a doença.

“Comecei a perceber que algo não estava certo em 2012, que os tremores aumentaram e comecei a arrastar minha perna esquerda. Foi aí que decidi ir ao médico. Eu já tremia antes, mas era muito pouco e bem de vez em quando. Não imaginava nunca que seria um problema como esse”, explica.

Ainda antes disso, em 2007, Adriano teve um primeiro sintoma, ainda sem saber do que se tratava. “Foi a perda do olfato, mas eu não sabia do que se tratava. E o tremor também era muito pouco, como disse antes”.

Diagnóstico tardio

O diagnóstico de Doença de Parkinson saiu apenas em 2015, quando ele tinha 35 anos. “Os primeiros médicos que procurei, em 2013, não conseguiram diagnosticar, pois eu não tinha todos os sintomas ainda. Primeiramente, fui tratado com a doença de Tremor Essencial, algo que seria mais simples” revela.

De acordo com Adriano, já foram tentadas diversas formas de tratamento. “Com comprimidos, gel injetável, adesivos. Algo bom aqui na Austrália é que o tratamento é subsidiado, sai bem mais barato”, explica. Agora, o jovem fará uma cirurgia de estimulação cerebral profunda para tentar melhorar sua condição. “É de graça e com uma fila de espera bem menor que no Brasil”, conta.

E o foco de Adriano agora é essa nova cirurgia. “Eu sei que essa intervenção não me permitirá voltar a ser o que era antes, mas melhoro minha qualidade de vida de 70% a 80%. Espero que daqui uns 10, 20 anos, já tenha uma cura para essa doença”, completa.

Apoio

A rotina na vida de Adriano no entanto, é bastante difícil, já que depende da forma como ele acorda a cada dia. “Tem dias que eu não consigo fazer nada, e tem outros que flui tranquilo. Eu não tenho uma rotina muito certa”.

Na Austrália, ele conta com muitas pessoas para auxiliá-lo no dia a dia. “A ajuda vem de amigos e, principalmente, da minha namorada. Graças a Deus tenho muitas pessoas. Amigos de anos de vida, alguns da época do Brasil ainda, estão sempre do meu lado.

A ideia da vaquinha on-line (doe por AQUI) partiu de um amigo. As dívidas de Adriano giram em torno de $ 45 mil dólares australianos – o equivalente a R$ 120 mil.

“Eu nem sabia desse GoFoundMe [plataforma de arrecadação], esse amigo que veio falar comigo e disse que queria iniciar uma campanha para mim. É para resolver minha questão financeira. No início eu tinha medo de me expor, mas depois vi que não seria algo tão ruim”.

Pouco comum em jovens, Parkinson tem origem genética

A neurologista Rosamaria Peixoto Guimarães explica, ao BHAZ, que a Doença de Parkinson, “apesar de pouco comum em jovens, pode acometer pessoas com menos de 40 anos, e tem origem genética”.

“Entretanto, em jovens deve-se investigar causas secundárias do parkinsonismo como traumatismo craniano, uso de algumas drogas, como antipsicóticos, antivertiginosos e a concomitância de outras doenças como Doença de Wilson, por exemplo”, explica a médica.

Os sintomas nos jovens são os mesmos que no idoso. “Tremor de repouso de 4Hz, rigidez, bradicinesia (lentidão dos movimentos) e alteração do reflexo postural com tendência a quedas”.

“Mesmo se tivesse sido diagnosticada precocemente, o tratamento não iria influenciar a progressão da doença, pois a Doença de Parkinson é degenerativa, progressiva e incurável. O tratamento é apenas sintomático”, completa a neurologista. 

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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