Animais são envenenados em Minas e homem pede ajuda a Luciano Huck: ‘Estão matando os cachorros’

Instagram/@lucianohuck/Reprodução + Arquivo pessoal/Fernanda Castro

Aproximadamente 60 animais foram envenenados em Santo Antônio do Monte, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, neste ano. Um inquérito aberto pela Polícia Civil tenta descobrir, há oito meses, quem está por trás dos crimes. Uma denúncia feita por um morador da cidade ao apresentador Luciano Huck, da Rede Globo, reacendeu o alerta.

Os envenenamentos em massa tiveram início em janeiro, conforme conta ao BHAZ a vereadora Fernanda Castro (DEM). “Só nesse mês tivemos cerca de 40 animais, entre cães e gatos, envenenados. Fizemos uma movimentação na cidade para as pessoas denunciarem, mas não conseguimos chegar na pessoa. Depois do movimento feito, os casos deram uma parada, porém, agora voltaram”, disse.

Com os casos recorrentes de envenenamentos, a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o caso. O delegado Lucélio Silva explica que, até o momento, ele não foi finalizado, pois as provas suficientes para indiciar os suspeitos ainda não foram reunidas. “Trabalhamos com alguns nomes que possam estar por trás do envenenamento, porém, como faltam provas para pedirmos, por exemplo, a prisão deles, não podemos finalizar os trabalhos”, afirmou.

Em janeiro cerca de 40 animais foram envenenados na cidade (Arquivo pessoal/Fernanda Castro)

Os envenenamentos dos animais ganharam ainda mais repercussão, após a passagem do apresentador Luciano Huck pela cidade, nessa quinta-feira (15). Enquanto era acolhido pelo povo, um homem o abordou e pediu ajuda para o caso. “Eu quero pedir a comunidade para ajudar, pois estão matando cachorros e não estão descobrindo quem é”, disse o homem. “Tem alguém envenenando?”, pergunta Luciano. “Tem gente pegando planta no mato e colocando na carne e pão de queijo”, responde. As cenas foram compartilhadas nos Stories do Instagram de Huck.

A erva citada pelo homem é um veneno que inclusive mata animais de grande porte, como bois. Onde os animais envenenados foram encontrados também foram achados os pães com a tal erva, conforme conta a vereadora Fernanda. “Nós sempre encontramos o pão de queijo com essa erva próximo dos animais. Para você ter ideia essa erva mata o animal em questão de minutos”, conta.

Erva foi encontrada em alimentos perto dos animais envenenados (Arquivo pessoal/Fernanda Castro)

Segundo a vereadora, dos 60 animais envenenados, poucos resistiram. Um exame feito em um dos que morreram não conseguiu apontar a causa da morte, apesar de uma substância estranha, na cor escura, ter sido encontrada.

Motivação desconhecida

Assim como a descoberta de quem está espalhando os alimentos com veneno, a motivação também é desconhecida. Para o delegado, a grande presença de animais abandonados pela cidade de cerca de 30 mil habitantes, pode ser um gatilho para as ocorrências. “Creio que a pessoa está incomodada, pois às vezes a gente encontra até 12 cães juntos pelas ruas. Alguns moradores reclamam sobre isso conosco na delegacia. A pessoa pode estar querendo ‘limpar’ a cidade, mas isso é apenas uma hipótese”, ressalta o delegado Lucélio.

Santo Antônio do Monte é conhecida por ser a cidade dos fogos de artifício e o fato de haver leis que proíbem o uso dos artefatos é apontado pela vereadora Fernanda como o motivador para o envenenamento. “Neste ano estamos tendo muitas fábricas fechando e isso resulta no desemprego na cidade. Creio que algumas dessas pessoas possam estar espalhando os alimentos com veneno como forma de vingança. Não tem outro fundamento em minha cabeça”, disse.

Ajuda da população

Para dar sequência aos trabalhos, a polícia conta com a ajuda da população. O delegado Lucélio Silva pede que caso alguém suspeite de uma pessoa, ou tenha informações que possam contribuir para a investigação, para procurar a polícia e denunciar.

“Esse caso é bem complexo, pois a pessoa age em horários e bairros distintos. Por conta disso, toda informação que a população tenha é muito bem-vinda. A denúncia pode ser feita de forma anônima, não precisa ficar preocupado”, esclarece.

Com o objetivo de auxiliar na investigação, o prefeito de Santo Antônio do Monte, Dinho do Bráz (PSDB), se comprometeu a iniciar o processo de licitação para dar manutenção nas câmeras do Olho Vivo e também contratar uma empresa para armazenar as imagens captadas. “Nós vamos priorizar a contratação de uma empresa especializada na manutenção das câmeras, para ajudar na elucidação dos envenenamentos dos cães, e também para proteger a população”, disse o prefeito após encontro com representantes do poder público.

Procurada pelo BHAZ, a organização não governamental Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA) afirmou desconhecer o caso específico de Santo Antônio do Monte. “Essa questão de envenenamento de animais é recorrente em todo o país. Vamos entrar em contato com os movimentos de causas animais na região para entender melhor o caso”, diz Adriana Araújo, dirigente do MMDA.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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