Um empresário de 45 anos foi preso na cidade de Montes Claros, no Norte de Minas, nessa segunda-feira (26) após agredir a esposa, sequestrar e ameaçar de morte o próprio filho de dois anos. O homem, identificado como Flavio Emmanuel Baqueiro, roubou dois veículos e fugiu com a criança, provocando uma perseguição alucinante pelas ruas da cidade de Pirapora, onde ele realizou o rapto.
Do início do crime até Montes Claros, onde foi detido, foram cerca de 170 km de fuga. A defesa do empresário alega que houve um “mal-entendido” com a esposa, e, na sequência, o homem teria pego o filho e ido para casa, em Montes Claros. O advogado do empresário, Cristiano Otoni, ainda afirma que a polícia teria atirado para matá-lo durante a perseguição, sabendo que havia uma criança no carro. “Cidadão de bem que perdeu a cabeça, isso pode aconteceu com qualquer um”, resume.
A motivação para o rapto do menino seria uma briga com a esposa, Taciana Fonseca, médica e vice-prefeita pelo PSL da cidade de Lagoa dos Patos, município vizinho a Pirapora. A confusão teria começado em um churrasco, no domingo (25), evento no qual o casal estava com familiares.
Após a briga, o casal foi para casa dos parentes no bairro Nova Pirapora, onde a confusão continuou. Na residência, o empresário embriagado teria agredido a mulher e tentado bater em parentes. Segundo a ocorrência policial, durante a briga, a vice-prefeita de 35 anos sofreu uma fratura no punho esquerdo.
Sequestro
Ainda na casa, o Flavio pegou a criança de dois anos e, com uma faca, ameaçou matá-la como uma punição contra a esposa. Depois de muita discussão, o empresário foi até a garagem e tentou sair com seu carro, um veículo Jeta, mas sem sucesso. Ele bateu em uma pilastra do estacionamento.
Na sequência, o empresário voltou ao apartamento e, com a faca apontada para a criança, exigiu que um dos familiares lhe entregasse a chave de um veículo Polo. Caso contrário, ele mataria o filho. Diante das ameaças, o parente entregou o carro e o empresário fugiu.
A Polícia Militar foi acionada e começou a realizar o cerco na região para conter o homem. A todo momento, Flavio ligava para a mulher dizendo que mataria o filho.
Durante a fuga, o homem também fez contato com um funcionário da prefeitura de Lagoa dos Patos e exigiu que ele o encontrasse na BR-356. No local, o empresário usou o mesmo método – apontou a faca para o pescoço do filho – para roubar um veículo Spin que era dirigido pelo funcionário da prefeitura.
Fuga
Os policiais passaram a madrugada de domingo para segunda tentando localizar o homem que fugiu no sentido Montes Claros. Na cidade, sempre conforme versão da PM, ele furou diversos bloqueios policiais e, inclusive, chegou a atropelar uma moto da polícia. O policial não teve ferimentos graves, apenas caiu da moto.
Ao furar um dos bloqueios, quatro policiais dispararam tiros na direção do veículo, na tentativa de parar o empresário, mas sem sucesso. Segundo a PM, os agentes miraram nos pneus do carro. O homem fugiu com o veículo para a BR-251, no sentido Janaúba, e conseguiu escapar dos policiais.
Prisão
A prisão de Flavio foi realizada na manhã de ontem, quando policiais receberam a informação de que um advogado, amigo do suspeito, teria entregue a criança de dois anos na casa de familiares. Os militares foram ao local e encontraram o menino sem ferimentos.
A mãe do menino, a vice-prefeita de Lagoa dos Patos, também estava em Montes Claros, para onde foi levada para receber atendimento por conta da fratura no pulso.
Os policiais também receberam a informação de que o empresário estaria internado na Santa Casa da cidade, por conta de um tiro sofrido durante a fuga, no braço direito. No local, os militares encontraram o suspeito acompanhado de seu advogado.
O empresário confessou aos militares que havia feito uso de bebidas alcoólicas antes de fugir com o filho e roubar os veículos. Ele também ajudou os policiais a encontrar o veículo Spin, entregue por ele a uma outra pessoa para que fosse abandonado em uma rodovia da região.
Arma apreendida
Na casa do empresário, em Montes Claros, a PM apreendeu uma arma pistola calibre 380, da marca Taurus, com um carregador e 20 munições. A arma era registrada, mas estava com o certificado vencido desde 2013.
‘Atiraram para matar’
Ao BHAZ, o advogado Cristiano Otoni disse que o caso envolvendo Flavio será esclarecido. “Não passou de um desentendimento entre o casal”, diz. Ele questiona ainda a ação dos militares que, segundo o próprio, teriam atirado para matar o empresário, mesmo sabendo que havia uma criança dentro do carro.
“Os policiais deram quatro tiros no veículo. E tinham conhecimento que a criança estava no carro. Depois deste Governo Bolsonaro, os policiais têm agido de maneira arbitrária, não precisaria disso. Depois dos disparos, ele ficou desesperado e, por isso, fugiu”, afirma.
O advogado nega que houve tentativa de atropelamento a um policial e afirma que tudo não passou de um mal-entendido. “Não houve tentativa de homicídio de policial, tanto que o delegado o autuou por roubo do veículo do amigo e um suposto sequestro. Mas ele não sequestrou, apenas pegou o filho e foi para casa. Ele não tem passagens, é um cidadão de bem que perdeu a cabeça, isso pode acontecer com qualquer um”, diz. Quanto à arma apreendida, o advogado disse que trata-se de uma “infração meramente administrativa”.
