Sarampo mata depois de 20 anos em SP e BH segue em alerta; saiba mais

Reprodução/StreetView + Divulgação/ONU + Marcelo Camargo/Agência Brasil

O vírus do sarampo tem deixado a população em alerta. Em Belo Horizonte, desde o dia 21 deste mês, aproximadamente 20 unidades de saúde já foram fechadas por suspeitas de casos da doença. Além disso, em São Paulo, estado vizinho, houve o primeiro registro de morte por sarampo desde 1997.

Mas, afinal, há motivos para preocupação? O BHAZ conversou com dois especialistas que explicam que não razão para desespero, já que na capital o surto ainda está contido. Porém, existem motivos para preocupação: é que a doença pode ser letal para determinadas faixas da população e também é altamente contagiosa.

Uma pessoa infectada é capaz de transmitir o vírus para 90% das pessoas não imunes ao seu redor. Por isso, a recomendação é que a população procure postos de saúde e tome a vacina.

Sarampo em BH

BH não registrava casos de sarampo desde 1997. Entre fevereiro e março deste ano, duas crianças foram confirmadas com o vírus, na capital. Desde então, são em torno de 20 casos suspeitos.  

Segundo o médico infectologista Argus Leão Araújo, coordenador do Serviço de Atenção à Saúde do Viajante (SUS/PBH), a volta da doença é decorrente de uma “importação” do vírus.

“O vírus do sarampo, que estava inativo há mais de 20 anos, voltou por conta de estrangeiros que vieram para o Brasil e estavam infectados. Além disso, houve um relaxamento da população na vacinação contra a doença. Deste forma, o vírus chegou no momento em que as pessoas estão mais suscetíveis, havendo uma facilidade maior para propagação”, conta.

O infectologista da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Starling, ressalta que a propagação do vírus é algo alarmante.

Vacinação é a prevenção contra o sarampo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“Se a doença voltou é porque a cobertura vacinal estava baixa e a doença não estava erradicada em outras regiões do planeta. O ideal para combater a doença é que 95% da população esteja vacinada”, diz.

Ainda de acordo com Carlos, a doença tem uma mortalidade muito grande em algumas faixas da população, além de trazer um prejuízo social. “Para crianças abaixo de dois anos, e com desnutrição, a mortalidade chega a 30%. Na população geral esse índice chega a 0,5%. Além disso, é uma doença que chega a afastar as pessoas do trabalho por até 20 dias, ou seja, tem um custo social grande”, conta.

Argus Leão Araújo afirma ainda que a prefeitura tem tomado todos os cuidados para que a doença não se prolifere. “É importante que as pessoas procurem pelo centro de saúde mais próximo e se vacine. Vale ressaltar que é uma vacina que sempre esteve disponível para a população”, diz.

Postos Fechados

Desde o dia 21, diariamente postos de saúde têm sido fechados em Belo Horizonte. A Secretaria Municipal de Saúde afirma que a medida tem como objetivo impedir que o vírus se alastre. O infectologista Carlos Starling diz que a medida é “correta e necessária”.

“Nessa fase do surto, é normal esse tipo de ação. Uma pessoa infectada consegue atingir de 18 a 20 pessoas desprotegidas, com direto ou indireto. Além disso, o vírus consegue se manter suspenso em um ambiente até duas horas depois que o infectado já saiu. Por isso, é importante fazer esse processo de desinfecção e limpar o ambiente”, diz.  

Veja abaixo quais postos passaram pelo processo de desinfecção em BH, desde o dia 21:

  • 21/08: Upa Centro-Sul
  • 22/08: Centro de Saúde São Geraldo
  • 23/08: Centro de Saúde Lagoa
  • 24/08: Centro-Sul e UPA Leste
  • 26/08: Centros de saúde Califórnia, Tirol e Felicidade 2, Cafezal, Dom Joaquim e Felicidade 1. A UPA Nordeste chegou a ter as atividades suspensas, mas o caso foi descartado.
  • 27/08: Upa Venda Nova e Centro de Saúde Jaqueline 2
  • 28/08: Centros de saúde Oswaldo Cruz, Nossa Senhora Aparecida e UPA Norte
  • 29/08: Centros de saúde Paraíso, Nova York e UPA Leste.
UPA Centro-Sul foi a primeira a ser fechada (Henrique Coelho/BHAZ)

Ampliação da vacina

Desde a última quinta-feira (22), a vacinação contra o sarampo foi ampliada em BH para atender a recomendação do Ministério da Saúde. Todas as crianças entre seis e 11 meses devem receber uma dose da tríplice viral. Além disso, qualquer pessoa de até 29 anos tem que ter tomado duas doses.

As vacinas estão disponíveis nos 152 centros de saúde espalhados pela capital mineira. Confira o mais próximo de você aqui.

Minas e Brasil

Em Minas, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, foram quatro casos.

“Desde o início de 2019, foram notificados 221 casos suspeitos de sarampo provenientes de 78 municípios no estado de Minas Gerais. Desses, 162 foram descartados, 55 estão sob investigação e 4 casos foram confirmados”, diz o boletim.

No Brasil, no período de 02/06 a 24/08, um total de 2.331 casos foram confirmados laboratorialmente em 13 estados. Deste total, 99% (2.299) estão concentrados em 66 municípios do estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana. Apenas 32 casos foram registrados em outros estados.

Nessa quarta-feira (28), a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo anunciou a primeira morte por sarampo no estado e na capital paulista. A vítima foi um homem de 42 anos sem registros de vacinação.

Segundo o Ministério da Saúde “a vítima foi um homem de 42 anos, que não tinha recebido nenhuma dose da vacina ao longo da vida, e tinha histórico de comorbidade, ou seja, com um quadro de várias doenças. Nessa faixa etária, a pessoa deve ter pelo menos uma dose da vacina”, disse o ministério em comunidade.

São Paulo precisou reforçar a vacinação contra a doença
(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quinta (29) para um aumento acentuado dos casos de sarampo na Europa: somente no primeiro semestre de 2019, as transmissões ultrapassaram as registradas em todo o ano de 2018. A doença ressurgiu em quatro países europeus onde era considerada erradicada.

Diante disso, o Governo Federal destinou às secretarias de Saúde de todos os estados doses extras da vacina tríplice viral, para garantir a imunização extra contra o sarampo em todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias.

De acordo com o Ministério da Saúde, 1,6 milhão de doses estão sendo distribuídas. Desse total, 960 mil e 907 doses foram enviadas para os 13 estados que estão em situação de surto ativo de sarampo.

Sintomas

O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode deixar sequelas por toda a vida ou até mesmo ser fatal. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. A transmissão pode ocorrer entre 4 dias antes e 4 dias após o aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo.

Manchas vermelhas pelo corpo é um dos sintomas do Sarampo (Divulgação/Ministério da Saúde)

Os principais sintomas da doença são:

  • febre acompanhada de tosse;
  • irritação nos olhos;
  • nariz escorrendo ou entupido;
  • mal-estar intenso;

+ Febre maculosa, dengue e sarampo: Aprenda a diferenciar os sintomas

Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais e sintomas, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade.

Como prevenir?

O sarampo é uma doença prevenível por vacinação. Os critérios de indicação da vacina são revisados periodicamente pelo Ministério da Saúde e levam em conta: características clínicas da doença, idade, ter adoecido por sarampo durante a vida, ocorrência de surtos, além de outros aspectos epidemiológicos.

Quem deve se vacinar?

  • Dose zero: Devido ao aumento de casos de sarampo em alguns estados, todas as crianças de 6 meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas (dose extra).
  • Primeira dose:  Crianças que completarem 12 meses (1 ano).
  • Segunda dose: Aos 15 meses de idade, última dose por toda a vida.

Adulto deve se vacinar?

Tomou apenas uma dose até os 29 anos de idade:

  • Se você tem entre 1 e 29 anos e recebeu apenas uma dose, recomenda-se completar o esquema vacinal com a segunda dose da vacina;
  • Quem comprova as duas doses da vacina do sarampo, não precisa se vacinar novamente.

 Não tomou nenhuma dose, perdeu o cartão ou não se lembra?

  • De 1 a 29 anos – São necessárias duas doses;
  • De 30 a 49 anos – Apenas uma dose.

Grávidas podem tomar vacina?

A vacina é contraindicada durante a gestação pois são produzidas com o vírus do sarampo vivo, apesar de atenuado. A gestação tende a diminuir a imunidade da mulher, o que deixa o sistema imunológico mais vulnerável e, por isso, a vacina pode desenvolver a doença ou complicações.

O recomendado pelo Ministério da Saúde é que a mulher que faça planos de engravidar tome todas as doses da vacina antes, podendo esta ser a tríplice ou a tetra viral, e mantenha toda a rotina prevista no Calendário Nacional de Vacinação atualizada, para se proteger e proteger o bebê.

Confira mais informações aqui.

Com Agência Brasil

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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