Bar de BH promove ‘Open Tiro’ com réplicas de pistola e metralhadora, e levanta questionamentos

Divulgação/O Destro Bar

Inaugurado a menos de um ano em Belo Horizonte e conhecido por sua temática de direita, O Destro Bar decidiu ousar e vai realizar, durante todas as últimas terças-feiras do mês, o ‘Open Tiro’. A atração permite que os clientes pratiquem tiro ao alvo com armas airsoft, utilizando réplicas de pistola, escopeta e metralhadora. Apesar de apresentar um caráter divertido, a atividade levanta questionamentos em torno do tema.

O estabelecimento que tem como slogan “Não contém mimimi” fica localizado na rua Pium-í, na região Centro-Sul da capital, e é especialmente dedicado aos direitistas. Em entrevista ao BHAZ, o proprietário, José Neto, afirma que o objetivo da atividade é divertir os clientes e compor o ambiente. “A ideia é trazer aos frequentadores uma brincadeira que tenha relação com as ideias que a gente acredita, ou seja, na liberdade que engloba também o direito a defesa”, concluiu Neto.

A atração faz uso de armas de airsoft, o que pela legislação é considerado um esporte regulamentado no Brasil. E, por se tratar de simulacro, seu manuseio ou compra e venda não necessitam de documentação (confira a lei completa aqui). Apesar de ser legalizado, segundo o Centro de Comunicação do Exército Brasileiro, há a necessidade de licença específica para o funcionamento de um local que realiza o tiro com armas de pressão.

Procurada pelo BHAZ, a Secretária de Políticas Urbanas de Belo Horizonte informou que o local encontra-se apenas com o alvará para ‘Bares e Restaurantes e Serviços de alimentos’, sendo necessário então, segundo a legislação, que o estabelecimento peça a inclusão das atividades em sua documentação.

Contudo, questionado sobre a autorização, Neto afirmou que o espaço é similar a um “espaço kids, só que para adultos”, e por isso não teria sido exigido documentação específica.

O Destro Bar/Divulgação

Diversão ou incitação à violência?

Apesar de o uso da arma de pressão ser considerado um esporte no Brasil, a atividade faz apologia a um dos temas que estão em pauta no governo atual, liderado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que diz respeito à liberação do porte de armas no país.

A respeito do tema e da iniciativa do bar, o BHAZ entrou em contato com o analista em segurança pública Bene Barbosa, que também é presidente da ONG ‘Movimento Viva Brasil’, cujo objetivo é garantir aos cidadãos o direito de posse de armas de fogo. Barbosa apoiou o “Open Tiro”, que, segundo o próprio, é uma forma de desmistificar o manuseio do armamento.

“É iniciativa muito bacana, é algo que não é incomum fora do Brasil. E, por se tratar de armas de airsoft, é uma atividade totalmente segura, sem apresentar nenhum tipo de risco ao usuário ou aos presentes, mesmo que esses estejam consumindo bebida alcoólica. Além disso, é uma experiência muito positiva para diminuir a ‘demonização’ que foi feita, durante décadas, de que arma é sinônimo de coisa ruim ou de violência”, relatou Bene.

Em contraponto, o sociólogo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio, afirma que atividades como essa são utilizadas como meio de tentar dar vazão ao impulso de uma sociedade violenta. “O problema é que temos uma cultura altamente violenta, onde a violência é uma demonstração de superioridade. Então, pensar em todo mundo tendo arma e usando como quer, não é uma questão de proteção, mas sim de risco”, afirma ao BHAZ.

O Destro Bar/Divulgação

Além disso, o estudioso pontua a questão da fragilidade e seleção do sistema judiciário que faz com que a população se sinta desprotegida e entenda que tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos. “A apologia ao uso indiscriminado de armas, ao invés de garantir proteção, coloca todas as pessoas no lugar de vítima. Ou seja, isso não é fator de segurança e proteção, e sim de vitimização”, completou Robson.

Já o proprietário do ‘O Destro Bar’ afirma que a liberdade de defesa, a partir do manuseio de armas, não significa o aumento da criminalidade por esse fator. “Ao analisar mapas de armamentos dos países ao redor do mundo, é notório que praticamente todos os países que a população tem acesso maior às armas, menores são seus índices de criminalidade”, explicou.

Ainda diz que o Estado não deve servir como uma babá ao cidadão e que cada um deve responder por aquilo que prática. “Se uma pessoa tem uma arma e fez mal uso dela, ela tem que responder por isso. Mas não acho que ela deve ser proibida de ter arma e sim que ela deve responder por aquele ato”, finalizou Neto.

A atração

A criação do ‘Open Tiro’ se deu no última dia 20 em uma homenagem à Polícia Militar do Rio de Janeiro e ao governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), após o desfecho do sequestro ocorrido na Ponte Rio-Niterói. Devido à aderência do público, o proprietário decidiu manter a atração uma vez ao mês.

O espaço de tiro ao alvo é disponibilizado durante todos os dias no local, contudo o valor é de R$ 9,90 para oito disparos. No dia do ‘Open Tiro’, todo cliente que estiver consumindo na casa pode atirar sem custos. Além disso, o tradicional chope sem imposto é disponibilizado por R$ 3,90 durante a noite toda, e quem se sair melhor na competição ganha prêmios, rodadas da bebida ou vouchers de consumo no O Destro Bar.

O Destro Bar/Divulgação

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