Noiva desiste de contratar cerimonialista por ser filho de mãe solteira

Endy e sua mãe (Facebook/Reprodução)

Uma noiva que vive na cidade de Limeira, no interior de São Paulo, desistiu de contratar o assessor de cerimonialista Endy Martins, de 24 anos, após descobrir que ele é filho de mãe solteira. O profissional postou um desabafo nas redes sociais a respeito do preconceito sofrido. Ele também falou sobre o caso em entrevista ao BHAZ nesta terça-feira (3).

“A noiva estava na pretensão de contratar um assessor para o casamento dela, e entrou em contato comigo. Dei seguimento ao atendimento padrão, como eu faço com todos. Depois de alguns dias, eu retornei a mensagem perguntando se ela tinha gostado do orçamento, o que achou”, explica.

Após essa conversa, a noiva mandou uma mensagem para Endy, na manhã do último sábado (31). No texto, a noiva disse que, mesmo tendo ouvido falar muito bem do trabalho dele, não iria mais contratá-lo. E a motivação foi o que mais surpreendeu: a mulher contou que não o contrataria por ele ser filho de “mãe solteira”.

“Vimos que sua mãe é solteira e que você não teve uma base familiar muito bem estruturada. Por sua mãe não ser casada, então você não seria um profissional de excelência para nos ajudar. Nada contra, mas procuramos um profissional que tenha essa base família, que entenda o que é ter uma família”, diz trecho da mensagem enviada pela noiva.

WhatsApp/Reprodução

Endy conta ainda que a respondeu apenas com um meme e excluiu a conversa, para “evitar xingamentos”. “Fiquei sem reação, sem acreditar. Fiquei envergonhado de contar essa história para a minha mãe, foi uma vergonha alheia que senti. Eu nem iria postar nada, mas tive que fazer, pois é algo inadmissível”, explica o profissional.

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Endy só mostrou a mensagem para a mãe no domingo à tarde e foi tranquilizado por ela. “Minha mãe falou para eu não me preocupar com isso, que esse é o pensamento de muitas pessoas e que elas geralmente não expressam”, relata.

Pai pediu perdão

A mãe de Endy é autônoma, tem 43 anos e criou o filho sozinha. “Quando minha mãe engravidou, ela não quis mais manter o relacionamento com meu pai. Eu cresci vendo ela trabalhar bastante para que eu pudesse estudar nas melhores escolas, e ter sempre coisas boas”, explica.

O assessor conhece o pai, que participou um pouco da vida dele até os 7 anos. Após o homem se casar e ter outros filhos, eles não tiveram mais contato, mesmo morando muito perto.

“Foi muito difícil, é complicado uma criança crescer sem a figura paterna dentro de casa. Mas, de qualquer forma, eu acho que não necessário tê-lo na minha criação. Minha mãe fez esses dois papéis muito bem”, relata. “Depois 12 anos, meu me pai procurou e pediu perdão. Hoje temos certo contato, mas jamais como é com a minha mãe”.

“Símbolo de empoderamento feminino”

“Minha mãe é tudo, não me vejo sem ela. É a pessoa que mais admiro na vida. Nós temos nossas diferenças, mas ela é minha mãe. Sou grato por tudo que ela já vez e faz por mim”

Para Endy, a mãe é um “símbolo de empoderamento feminino”. “É aquela mulher que lutou sozinha, que conquistou suas coisas. Ela se arruma para ela mesmo, não precisa dar satisfação para ninguém. Isso me orgulha demais”, conta.

A agenda de Endy anda sempre cheia, com muitos trabalhos. “Eu não tenho nada para reclamar do meu trabalho. Foi algo que não escolhi, parece que nasci com esse dom. Tenho me capacitado cada dia mais”, diz.

O assessor de cerimonialista deseja que a noiva seja muito feliz. “Não são essas coisas que vão me derrubar, me fazer parar. São pessoas pobres de espírito, preconceituosas. Eu desejo que o casamento dela dure para sempre, e que ela nunca seja mãe solo”, completa.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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