A deputada federal Carla Zambelli, do PSL de São Paulo, virou alvo de comentários e críticas nas redes sociais ao longo dos últimos dias. A parlamentar tornou-se assunto por ter matriculado o filho no Colégio Militar de Brasília sem que o garoto tenha passado pelo processo seletivo da instituição. A informação foi antecipada pela revista Veja.
De acordo com a publicação, o filho de Carla não fez a prova como qualquer outro candidato porque não era época das avaliações. O ingresso do menino no colégio foi realizado por meio do Despacho Decisório 142/2019. No documento, consta que a deputada solicitou a vaga por ter se mudado para Brasília depois de empossada no cargo. Ela afirmou que seu pedido estava respaldado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios Militares.
A autorização para o ingresso do menino foi defendida pela deputada em suas redes sociais. Carla Zambelli alega que só pediu a vaga porque o filho “está sob forte ameaça por conta dos embates” que ela faz.
Repercussão entre parlamentares
No Twitter, a deputada publicou o print de um e-mail que recebeu com ameaças de um pedófilo. “Enquanto o Estado não for competente para garantir a segurança do meu filho diante das ameaças que ele sofre pelo simples fato de ter uma mãe que enfrenta o crime organizado e a pedofilia, tentarei encontrar sim um colégio que traga segurança para os momentos que ele passa no colégio”, disse na publicação.
O deputado David Miranda (PSOL/RJ), marido do jornalista americano Glenn Greenwald, se solidarizou com a parlamentar por meio das redes sociais. David disse que, ainda que ambos tenham posições políticas distintas, entende o que é receber um e-mail grotesco como os que ela tem recebido.
Carla, temos nossas posições políticas bem distintas, em alguns momentos até debates fortes tivemos. Mas sei oq é receber um email grotesco desses, falando das coisas mais importantes na nossas vidas, os filhos. Toda minha solidariedade a você nesse momento.
— David Miranda (@davidmirandario) September 3, 2019
Outros parlamentares se posicionaram contra o ingresso do filho de Carla à instituição sem ter passado pelo processo seletivo. O ex-candidato à presidência Ciro Gomes classificou como “vergonha” e disse que “estes corruptos estão corrompendo até estruturas respeitáveis”.
A resposta da deputada foi direta: “Mas é bom que o Sr me critique mesmo. Receber sua aprovação mancharia minha honra”.
Estes corruptos estão corrompendo até estruturas respeitáveis . Como o exército se presta a este papel ? Vergonha ! https://t.co/Xi354FgDmC
— Ciro Gomes (@cirogomes) September 4, 2019
Já o deputado Domingos Neto (PSD/CE) considerou “um absurdo que indicações políticas interfiram em uma instituição tão séria”.
Muitos alunos estudam anos para entrar no Colégio Militar porque sabem que a excelência no ensino compensa. O Colégio Militar de Fortaleza foi essencial na minha educação. É um absurdo que indicações políticas interfiram em uma instituição tão séria.
— Domingos Neto (@Domingos_Neto) September 3, 2019
‘Não é um privilégio imoral’
Para se defender das acusações, a deputada gravou um vídeo no qual admite ter sim privilégio, “mas não um privilégio imoral”. “Tive que tirar ele no meio do ano letivo, de uma cidade que ele adorava, com os amigos dele, com a família dele. Tive que trazer ele às pressas para Brasília por conta das ameaças que ele passou a sofrer de novo, que nós sofremos desde o ano de 2016”, diz a deputada em um trecho da gravação.
De acordo com Carla, o colégio militar avaliou uma excepcionalidade, e que o filho fez sim testes necessários para o ingresso no colégio. Em outro tuíte, ela havia dito que os testes foram feitos fora do prazo. A deputada cita ainda o artigo 92 do Regimento do colégio, que “garante discricionariedade em casos extremos de segurança”.
1. Meu filho fez a prova do colégio militar.
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli17) 3 de setembro de 2019
2. Só pedi a vaga porque ele está sob forte ameaça por conta dos embates que faço.
3. Não foi retirada a vaga de ninguém.
4. O artigo 92 do Regimento do colégio garante a discricionariedade do EB em casos extremos de segurança.
Vídeo: pic.twitter.com/4XdBJ1C17u
Para finalizar, a deputada do PSL diz que por ela “todos os colégios seriam militares, ou pelo menos com administração militar”, e destaca que o colégio não é público e que não tirou vaga de outra criança.
Internautas também comentaram nas redes sociais. Confira parte da repercussão:
@ggreenwald , admiro você, seu trabalho e a família linda que você construiu com o @davidmirandario. Mas discordo da deputada do PSL a quem você se refere porque ela usou o cargo para conseguir uma vaga para o filho. Por que o filho dela tem mais direito do que os outros?
— Yara Leal ?? (@YaraLulaLeal) September 5, 2019
Os meus também não tem segurança, e não é por isso, que minha filha, deixa de estudar 12 horas por dia para passar no vestibular, #VERGONHA Filho de deputada do PSL entra em Colégio Militar sem concurso; ela alega motivo de segurança https://t.co/mNjSjY8vWs
— Leander Lula da Silva (@Leandermenezes) September 5, 2019
1. SE fez a prova, conclui-se que não passou;
— Meteóro, por onde andas!? (@fgmeteoro) September 4, 2019
2. Pediu a vaga por escrito e despachou com alguém?
3. se cabia mais um estudante, o primeiro aluno fora da lista deveria ter sido chamado;
4. O artigo fala em discricionariedade, não cita situações de segurança. Haja óleo de peroba!
So critica a deputada quem nao é pai ou mãe.
— Iris (@Iris41281861) September 3, 2019