‘Viver com R$ 24 mil?’: Procurador mineiro reclama de salário ‘miserê’

Twitter/Ministério Público Minas Gerais/@MPMG_Oficial/Reprodução

Para o procurador de Justiça Leonardo Azeredo dos Santos, do Ministério Público de Minas Gerais, viver com um salário de R$ 24 mil é muito pouco. Ele pediu “criatividade” para que a situação fosse contornada. A fala aconteceu durante uma reunião da câmara de procuradores para a discussão do orçamento para o ano que vem. O áudio foi publicado no site do Ministério Público, e o órgão emitiu nota dizendo se tratar de uma “manifestação de cunho pessoal de um dos integrantes do colegiado”.

A gravação tem 1 hora e 43 minutos, e foi registrada no dia 12 de agosto (baixe e ouça por aqui). Os procuradores debatiam a possibilidade do estado assinar um acordo de recuperação fiscal com a União e, dessa forma, não poder mais realizar quaisquer tipos de reajustes para os servidores públicos.

No minuto 31, o promotor Leonardo dos Santos inicia sua fala e questiona o procurador-geral de Justiça do estado, Antônio Sérgio Tonet. Ouça o trecho:

“Quero saber se nós, no ano que vem, vamos continuar nessa situação ou se Vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade, para melhorar nossa situação. Ou se vamos ficar nesse miserê. Quem é que vai querer ser promotor, se não vamos mais ter aumento, ninguém vai querer fazer concurso nenhum”, disse o procurador mineiro.

Para o procurador, o salário de R$ 24 mil é baixo, “sobretudo para quem tem filhos. Como o cara vai viver com R$ 24 mil?”, indaga.

“Estou fazendo a minha parte. Estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou passando a gastar R$ 8 [mil], para poder viver com os meus R$ 24 mil. Agora, eu e vários outros já estamos vivendo à base de comprimidos, à base de antidepressivo. Estou falando desse jeito aqui com dois comprimidos sertralina por dia, tomo dois ansiolíticos por dia e ainda estou falando desse jeito. Imagine se eu não tomasse? Ia ser pior que o ‘Ronaldinho’”, explica.

“Vamos ficar desse jeito? Nós vamos baixar mais a crista? Nós vamos virar pedintes, quase?”, continuou o procurador, que não foi interrompido pelos colegas em nenhum momento.

Ministério Público se manifesta

Por nota (leia abaixo na íntegra), o Ministério Público de Minas Gerais disse que “houve manifestação de cunho pessoal de um dos integrantes do colegiado sobre a política remuneratória da instituição”.

O órgão afirma que, por conta da grave crise no estado, não há “nenhum projeto em andamento sobre a adoção de benefícios pecuniários para a carreira de membros ou de servidores”.

Em outro trecho da nota, o MPMG ainda diz que “vem tomando medidas de austeridade para aumentar a eficiência administrativa e reduzir os gastos, principalmente com pessoal”.

Nota do MPMG

“Em relação à 5ª sessão extraordinária da Câmara de Procuradores, realizada no dia 12 de agosto, para discussão da proposta orçamentária para 2020, na qual houve manifestação de cunho pessoal de um dos integrantes do colegiado sobre a política remuneratória da instituição, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informa que não há nenhum projeto em andamento sobre a adoção de benefícios pecuniários para a carreira de membros (procuradores e promotores de Justiça) ou de servidores, em vista da grave crise financeira vivenciada pelo estado e da necessidade de observação da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com pessoal.

Frente a essa realidade o MPMG informa ainda que vem tomando medidas de austeridade para aumentar a eficiência administrativa e reduzir os gastos, principalmente com pessoal. Esse conjunto de medidas tem se mostrado eficiente para manter o Ministério Público dentro do limite legal de 2% da Receita Corrente Líquida.

Diante da mencionada crise financeira e no intuito de garantir a capacidade da instituição de continuar atendendo às necessidades atuais e futuras da sociedade, a administração e os colegiados do MPMG (Câmara de procuradores de Justiça e Conselho Superior do Ministério Público) vêm debatendo continuamente a respeito de medidas que possam vir a ser tomadas sem, entretanto, haver ainda definido sobre tais iniciativas”.



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