Mulher coloca fogo em si mesma e morre após ser presa por tentar ver jogo

Reprodução/Twitter

Uma mulher iraniana de 29 anos morreu nessa terça-feira (10) depois de atear fogo ao próprio corpo em frente a um tribunal na capital do Irã, Teerã. Sahar Khodayari cometeu o ato depois de ser presa por ter ido a um estádio de futebol, o que é proibido para mulheres naquele país.

Sahar foi detida ainda em março quando tentava entrar no estádio do Esteqlal, clube pelo qual torcia, vestida de homem. Ela foi descoberta e ficou três dias presa, sendo libertada sob fiança. 

De acordo com a BBC Internacional, Sahar foi processada pelo estado iraniano e uma audiência estava marcada para o início de setembro. Porém, quando chegou ao tribunal, soube que a sessão seria adiada e que, caso fosse condenada, ficaria presa de seis meses a dois anos. 

A informação deixou Sahar transtornada. Ela saiu correndo do prédio do tribunal e logo na sequência ateou fogo em si mesma: a mulher teve mais de 90% do corpo queimado. A mulher chegou a ser levada para o Hospital Motahhari e passou alguns dias no CTI. No entanto, não resistiu aos ferimentos. Algumas autoridades médicas disseram que ela sofria de transtorno bipolar, fato não confirmado pela família.

O Irã proíbe mulheres de ir em eventos esportivos desde 1979, quando houve a Revolução Islâmica, com a queda da monarquia, com os líderes do islamismo, que acreditam no profeta Maomé como guia espiritual.

Apesar das insistentes tentativas da FIFA em liberar a ida das mulheres aos jogos de futebol, o Irã segue sendo o único país do mundo que mantém a proibição. 

Outras nações árabes, como a Arábia Saudita, conhecida por seu regime duro com as mulheres, autoriza, desde 2018, a ida de mulheres em estádios. 

Recentemente, a FIFA publicou um relatório afirmando que a proibição violava o seu próprio código de ética, que “proíbe especificamente a discriminação, inclusive com base no sexo”. A entidade emitiu uma nota lamentando a morte da mulher. Veja abaixo:

“A Fifa estende suas condolências para a família e os amigos de Sahar e reinteramos nossos pedidos às autoridades iranianas para garantir a liberdade e a segurança de qualquer mulher engajada nesta luta legítima para acabar com a proibição de mulheres em estádios no Irã.”

A Rokna, agência de notícias estatal do Irã, disse que um funcionário da Justiça, não identificado, havia relatado que a mulher havia sido acusada de “prejudicar a decência pública” e “insultar os agentes da lei” por não usar um hijab, conjunto de roupas típicas para as mulheres do país. Todavia, o relatório do funcionário não citou o fato de que ela havia sido presa por tentar entrar em um estádio.

Segundo a Human Rights Watch, entidade internacional de direitos humanos, pelo menos seis mulheres vestidas como homens foram detidas no mês passado em estádios do Irã. 

Várias mulheres usam desse artifício, com barbas e perucas falsas, para entrar em estádios. Em março de 2018, cerca de 35 mulheres teriam sido presas durante uma única partida. 

A organização também emitiu uma nota afirmando que “a Fifa precisa urgentemente manter suas próprias regras de direitos humanos, acabar com a discriminação de gênero e punir os infratores”.

O capitão da seleção masculina de futebol do Irã, Masoud Shojaei, fez um post em sua conta no Instagram, classificando o veto às mulheres em jogos de futebol como “fundamentado em ideias ultrapassadas e vergonhosas que não serão entendidas pelas gerações futuras”. A Roma, clube da Itália, postou em sua conta no Twitter, um pedido para que mulheres possam ir aos jogos no Irã.

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