Esposa de Eduardo Bolsonaro diz que processará repórter da ‘Época’ que se passou por cliente

Reprodução/Instagram @heloisa.bolsonaro

Uma reportagem publicada pela revista Época nesta semana é alvo de duras críticas por parte da família Bolsonaro. A matéria detalha sessões de coaching on-line feitas por um repórter da publicação com a nora do presidente da República e psicológa, Heloísa Wolf Bolsonaro, de 27 anos. A esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro, cotado para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos, divulgou um texto no qual condena a postura do jornalista e afirma que o processará. O embate está entre os assuntos mais comentados do Twitter neste sábado (14).

Ainda durante a sexta-feira (13), o próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) saiu em defesa da nora em suas redes sociais. Em postagem intitulada “Imprensa sem limites”, ele afirma que: “sem se identificar, o jornalista João Paulo Saconi, Época/Globo, se passou por gay e fez sessões com minha nora Heloísa (psicóloga, esposa do Eduardo) e gravou tudo. Assuntos sugeridos por ele nas sessões, como religião e política, tomaram grande parte das sessões. A conversa que deveria ficar apenas entre os dois, por questão de ética, agora vem a público”. Eduardo Bolsonaro também engrossou as críticas à reportagem.

Reprodução/Twitter

Em resposta à declaração do presidente, a Época divulgou uma nota na qual reafirma o respeito à ética e a retidão dos procedimentos jornalísticos que sempre pautaram as publicações da revista. “A reportagem em questão não recorreu a subterfúgios ou mentiras para relatar de maneira objetiva — a bem do interesse do leitor — um serviço oferecido publicamente, com cobrança de taxas divulgadas nas redes sociais”, afirma a publicação.

No texto da matéria, o repórter conta que, antes de se casar, Heloísa ministrava aulas usando apenas o nome de solteira e cobrava R$ 500 pelo curso mais barato. Já este ano, usando o sobrenome Bolsonaro, o mínimo cobrado pelas aulas passou a ser R$ 1.350. O jornalista ainda contou que recebeu lições como as que têm ajudado o deputado federal Eduardo Bolsonaro a se preparar para a sabatina no Senado à qual está submetida sua ida para Washington. Entre as orientações, ele destacou que recebeu uma lista de indicação de sites com conteúdos mais conservadores e alinhados à direita que poderiam se tornar fontes de informação.

Heloísa rebate sobre preço de sessões

Heloisa Wolf respondeu à reportagem também durante a sexta-feira. Pelo Instagram, ela informou que que o jornalista “responderá na justiça”. Além disso, rebateu as informações sobre valores publicadas na reportagem.

“No início da ‘matéria’ ele tenta dar a entender que eu cobrava R$ 500 reais e hoje cobro R$ 1.500, o que é mentira. A modalidade de serviço voltada para ‘Pessoas em Situação de Desemprego’ eu simplesmente não atendo mais, pois estou escrevendo um livro, onde irei disponibilizar à população à preço simbólico (de livro mesmo). Inclusive no mesmo mês que atendia esse cliente, estava também atendendo GRATUITAMENTE uma pessoa desempregada, sem condições de pagar por qualquer orientação profissional. Fiz de coração e nem esperava divulgar tal atitude”, escreveu Heloísa.

No texto, a esposa de Eduardo disse que pressupunha que o sigilo das sessões seria respeitado: “Nosso contato foi estritamente profissional, o que pressupõe, no mínimo, o sigilo e a boa fé”.

Leia abaixo, na íntegra, o texto divulgado por Heloísa em prints publicados no Instagram:

Quarta-feira peguei meu celular e haviam várias chamadas perdidas de um “ex-cliente”. Logo que vi, retornei, preocupada. ‘Será que está tudo bem?” pensei. “Então, estou te ligando para te comunicar que eu registrei todas as nossas 5 sessões e eu vou publicar na revista Época. Você quer falar alguma coisa?” Juro que eu nem entendi na hora, até respondi, confusa: “Oi?” e perguntei “Mas você acha ético isso?” O ex-cliente nunca se identificou como jornalista e muito menos que publicaria uma matéria, atitude esta que teve sem minha autorização.

Cheguei a questioná-lo na ligação, pois não estava acreditando: “você já tinha intenção de fazer isso, ao me contratar?” e ele “sim”. Me senti completamente violada. Em nenhum momento o mesmo informou que estaria gravando. Inclusive, o jornalista quando questionado sobre seu nome completo, ocultou seu último sobrenome, o mesmo que ele assina suas matérias.

Durante o mês de agosto, realizei 5 sessões online com um suposto cliente (jornalista), de uma modalidade de Coaching de Autoconhecimento.
São sessões profissionais, nas quais o SIGILO e o princípio da BOA FÉ são os pilares para uma relação de confiança.

No início da “matéria” ele tenta dar a entender que eu cobrava R$ 500 reais e hoje cobro R$ 1.500, o que é mentira. A modalidade de serviço voltada para “Pessoas em Situação de Desemprego” eu simplesmente não atendo mais, pois estou escrevendo um livro, onde irei disponibilizar à população à preço simbólico (de livro mesmo). Inclusive no mesmo mês que atendia esse cliente, estava também atendendo GRATUITAMENTE uma pessoa desempregada, sem condições de pagar por qualquer orientação profissional. Fiz de coração e nem esperava divulgar tal atitude.

Na quarta-feira quando fui informada que o meu cliente na verdade era um jornalista da Época, me senti muito chateada e traída, pois se estabelece um vínculo de confiança. Ele poderia ter dito, desde o princípio, das suas intenções e perguntar se eu concordava ou não. Mas ele mentiu, enganou, usou totalmente de má fé. Ele usou do meu trabalho para vender o dele para um revista, mas de forma ilegal.

Todos clientes que já passaram por mim (e não foram poucos) sabem que as sessões são focadas neles próprios. Jamais uso a sessão para falar de mim ou de política. Mas se o cliente pergunta a minha opinião sobre a Amazônia ou outros assuntos, como nitidamente foi o caso desse jornalista, eu dou a minha opinião mesmo, pois não sou um robô. Inclusive o cliente/personagem me perguntou quais veículos de mídia eu poderia indicar a ele, que fossem da minha apreciação, e assim o fiz.

Sou completamente verdadeira e espontânea com TODOS meus clientes, pessoas que mantenho contato até hoje e uma relação até mesmo de amizade.
Mas o que aconteceu aqui foi muito grave. Ele tentou usar das sessões profissionais para me instigar e me entrevistar, gravando sem informar e sem se identificar como tal. Terá que arcar com as consequências na justiça.
Durante as sessões ou aplicações das técnicas, ele falou de homossexualidade e religião, assuntos que talvez ele achasse polêmicos e queria que eu manifestasse uma opinião. Porém, deve ter se surpreendido, pois do contrário que muitos acham, não sou uma pessoa preconceituosa nem intolerante, não julgo os outros e convivo com todos de igual para igual.

Sexualidade ou religião, para mim, não dizem respeito do CARÁTER e ÉTICA das pessoas. Ele cita meu apoio à chapa 24 do Conselho Federal de Psicologia, que nada tem a ver com CURA GAY. Isso não existe, é uma ignorância. Jamais compactuaria com algo semelhante. O principal propósito desta chapa é resgatar a Psicologia do ativismo político, tornando ela “apartidária” e “ética”, como deve ser a ciência.

Eu jamais enganaria uma pessoa ou usaria o meu trabalho para ridicularizar e expôr alguém. Eu acho uma tristeza a pessoa ter feito uso de sessões de desenvolvimento pessoal para ganhar dinheiro/notoriedade vendendo uma matéria. Eu trabalho para AJUDAR PESSOAS. Como ele mesmo relatou “bastante dedicada”, dando a entender que fosse “falta de tempo”.
Quanta canalhice. Fiquei realmente surpresa com este fato, pois eu SEMPRE espero o melhor das pessoas, jamais o contrário.

Mas o ser humano é limitado, cada um dá o que pode oferecer. Triste é pensar que você de fato de dedica e aposta no outro. Você acha que ele está buscando evoluir como pessoa, ser melhor. Mas não, ele quer apenas tentar te ferrar. Eu já deveria estar acostumada, né? Acho que no fundo essas pessoas gostariam que toda mulher de político fosse dondoca e não trabalhasse.

Achei engraçado ele escrever que a Beretta latia para ele, bem notado, nem lembrava. Talvez ela já sentisse a energia, né?”

“Só para esclarecer, o jornalista menciona que fizemos um teste de Forças de Caráter. O instrumento que ele fala é o VIA Survey Of Character, a ferramenta mais utilizada em escala global para isso. Foi elaborado há alguns anos nos EUA e traduzido para diversas línguas e vem sendo aplicado em culturas diferentes.

Conheci essa ferramenta na pós-graduação em Psicologia Positiva e a mesma também é apresentada aos leitores do livro Flourish (Florescer), de Martin Seligman.

Não tem nada de “coach de uberlândia”, como ele mencionou. Quanto absurdo e ignorância juntos!

O outro teste psicológico aplicado foi o QUATI, Questionário de Avaliação Tipológica, que objetiva avaliar a personalidade humana através das escolhas situacionais que cada sujeito faz.

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