‘Me dopou, me drogou e me estuprou’: Mulher denuncia fotógrafo de BH durante sessão; família contradiz

Instagram/Reprodução

Uma mulher de 26 anos utilizou seu Instagram, na última terça-feira (17), para denunciar um possível crime ocorrido durante uma sessão de fotos realizada no bairro Santa Lúcia, região Centro-Sul de Belo Horizonte. A jovem afirma, através de um vídeo gravado e publicado por ela, ter sido dopada, drogada, agredida e estuprada por um fotógrafo. As investigações sobre o ocorrido ainda estão em processo.

O vídeo compartilhado por ela já tem mais de 55 mil visualizações em menos de 24h. Após tal repercussão na rede social, a moça voltou a se pronunciar através da plataforma e detalhou a situação pela qual passou. Segundo a jovem, após tomar alguns drinks oferecidos pelo fotógrafo, com a justificativa dela “se soltar mais” para a realização das fotos, ela teria simplesmente “apagado” e acordado apenas em casa.

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Aos policiais, a mulher afirmou que, quando acordou já na própria residência, identificou machucados pelo corpo, uma lesão na boca e cheio de látex (material usado em camisinhas) nas partes íntimas. Ela alega, ainda, que chegou na casa com o corpo sujo de sangue e com roupas que não eram dela.

Ao entrar em contato com um telefone atribuído ao nome do fotógrafo, uma mulher, que se identificou como mãe do profissional, conversou com a equipe do BHAZ. Segundo a própria, a jovem já teria chegado na casa do fotógrafo onde foi realizada as fotos alcoolizada e, de repente, teria começado a se alterar.

“Estávamos todos nós em casa, eu, meu marido, minha mãe, minha tia e minha prima. Ela chegou bem ‘alegrinha’ e disse que tinha tomado uma vodka para relaxar para tirar as fotos. E fez as fotos aqui na minha casa, com todo mundo aqui”, disse a mulher. Além disso, completou dizendo que a jovem não aguentava nem andar direito e que teria vomitado e caído várias vezes dentro da casa – momento em que teria machucado a boca.

Além disso, afirmou ter levado a jovem em casa, a pedidos da mãe da garota, e que, ao chegar ao local, todos estavam cientes de que a menina tinha bebido por conta própria.

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Em seu último post realizado no final da tarde dessa terça-feira (17), a jovem afirma só querer que a justiça seja feita. Aproveita ainda para encorajar todas as mulheres a exporem esse tipo de situação e não se calarem. “É difícil, não é fácil. Muita gente falou: ‘não se expõe’, mas as pessoas têm que saber que isso acontece e as pessoas que fazem esse tipo de crueldade. A gente tem que lutar contra agressão, contra o estupro e contra tudo que acontece com nós mulheres”, desabafou a mulher.

A Polícia Civil informou ao BHAZ que o inquérito foi instaurado e que o caso está sob responsabilidade da delegada Juliana Calife, que apura a denúncia de estupro. Além disso, afirma que a vítima foi ouvida e encaminhada para a perícia para realização do exame de corpo de delito.

O BHAZ tentou entrevistar a vítima, em diversas oportunidades durante a terça-feira (17) e quarta-feira (18). Tão logo a jovem queira se manifestar, esta reportagem será atualizada. O BHAZ também tentou conversar com o fotógrafo em diversos telefones, mas só obteve sucesso ao falar com a mulher que se identificou como mãe dele, que disse ainda que o profissional estava viajando a trabalho. Ela não quis informar o contato do advogado que defende a família.

Como o BHAZ não conseguiu falar diretamente com nenhum dos envolvidos, preferiu manter o anonimato de ambos, apesar do caso ter se tornado público após a postagem da suposta vítima.

Denúncia versus difamação

Como forma de expor o ocorrido e encorajar outras mulheres, a vítima optou por realizar um vídeo e compartilhá-lo em sua rede social. A gravação feita ainda quando estava na delegacia, segundo dito por ela, além de relatar a situação e mostrar os hematomas, seguiu com uma exposição do fotógrafo.

“Eu vou dar queixa dele, eu vou colocar aqui o Instagram dele, as fotos, tudo pra vocês, se vocês puderem compartilhar”, relatou a jovem. Após o pedido, a jovem compartilhou com o público, fotos do homem, telefone celular, e todas as redes sociais utilizadas por ele.

Questionada sobre a internet ser um meio de denúncia mas, ao mesmo tempo, um espaço para julgamentos prévios, Isabella Sturzeneker, coordenadora da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, afirma ao BHAZ que hoje muitas mulheres só têm a internet como um espaço que ela, de fato, consiga falar.

“Bom, quais são os meios que a mulher tem para fazer a denúncia? A delegacia e o Boletim de Ocorrência são os meios formais. E a gente sabe que hoje, infelizmente, o atendimento não é adequado, ele ainda questiona muito o que a mulher estava fazendo naquele local, as vestes dela, se ela estava alcoolizada ou não. Então já é um meio bastante hostil”, analisa Isabella.

Ainda segundo a coordenadora, existem dois lados. “A mulher vê a internet como um espaço que ela tem pra poder falar, porque ela é silenciada em outras instâncias de sua vida. Mas ao mesmo tempo esse julgamento na internet é muito complicado, porque qualquer um pode opiniar”.

Mesmo com esse risco – ou principalmente por causa desse risco, Sturzeneker reforça o peso da denúncia de uma mulher. “Pra uma mulher expor uma situação dessa, que é uma situação muito delicada, que expõe sua intimidade, seu nome… então já faz a gente pensar que ‘será mesmo que é mentira?'”.

Já segundo o advogado Marcio Stival, especialista em Direito Digital e Internet, as pessoas que fazem esse tipo de denúncia e exposição da imagem do outro precisam tomar cuidado. “Muito embora ela esteja fazendo uma denúncia, a mesma ainda demanda de uma investigação. Então ela está correndo risco, de fato, de difamar a imagem do possível autor, caluniar principalmente, porque ele ainda pode correr o risco de ser inocentado”, afirma o advogado ao BHAZ.

O especialista pondera, por outro lado, que esse tipo de denúncia pode ajudar na investigação, por acabar acolhendo outras vítimas que podem se identificar com a situação. Foi exatamente esse o caso de um tatuador de BH que acabou preso por estupro após uma série de denúncias nas redes sociais (relembre aqui).

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“Sim, com certeza auxilia muito na situação de ‘você não está sozinha’. Mas o ideal é você fazer isso sem utilizar identificações”, finaliza Márcio.

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