O ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), nome forte da oposição ao governo de Dilma Rousseff, afirmou, em entrevista à Folha, que Moro e os procuradores da Lava Jato manipularam o impeachment da ex-presidente. As declarações foram publicadas nesta sexta-feira (27) pelo jornal paulista.
Nunes, que foi nomeado ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer (MDB) logo após o afastamento de Dilma, afirma que isso ficou provado com a divulgação de mensagens trocadas entre procuradores da operação, obtidas pelo site The Intercept Brasil e analisadas e divulgadas por outros veículos, entre eles a Folha, a Veja, o UOL.
Segundo Nunes, “não é possível, em um processo judicial, em um país civilizado, um juiz e os procuradores se comportarem da forma como se comportaram. Processo judicial exige um juiz independente, imparcial, que dê iguais oportunidades tanto à defesa quanto ao Estado provarem seus argumentos”.
O ex-senador ainda considera que a divulgação do telefonema entre Dilma e Lula, em março de 2016, que acabou gerando o impedimento da posse de Lula como chefe da Casa Civil do governo, impediu o governo petista de recompor sua base e se manter no governo.
“Lula, que dizem que foi um governo socialista, governou com a direita. Teria rapidamente condições de segurar a base política. Porque o impeachment é um processo jurídico —crime de responsabilidade—, e político. Ele, pelo menos em relação à questão política, talvez tivesse condição de recompor. Foi exatamente por isso que eles procuraram barrar, como conseguiram, a posse de Lula”.
E crava: “Venderam peixe podre para o Supremo Tribunal Federal. Isso é muito grave”, acusa.