Uma universitária foi indiciada por realizar mais de 200 abortos clandestinos em hotéis de Belo Horizonte e da região metropolitana. Os procedimentos eram divulgados pelas redes sociais e atraía pessoas de diversas partes do Brasil, e até mesmo do exterior.
Luciane Fernandes Ferreira, de 37 anos, é estudante de jornalismo e foi presa em flagrante, pela Polícia Civil de Minas Gerais, em um hotel no bairro União, na região Nordeste de BH, no mês passado. A corporação chegou até a suspeita após denúncia de que em uma página de rede social o procedimento abortivo era oferecido.
De acordo com as investigações, divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, Luciane cobrava entre R$ 3 mil a R$ 8 mil para realizar os abortos. Os valores eram tabelados e variavam conforme o tempo de gestação. A universitária atendia mulheres com até 7 meses de gravidez e exigia um ultrassom recente.
No momento em que foi presa, Luciane estava com pacientes, sendo que uma delas, gestante de três meses, pagaria R$ 5 mil para interromper a gravidez. Para fazer os abortos, a universitária indicava os hotéis e as mulheres faziam as reservas. Durante três anos, Luciane realizou mais de 200 abortos em 24 hotéis.
Procurada pelo BHAZ, a Polícia Civil informou que Luciane foi indiciada pelos crimes de aborto com consentimento da gestante e armazenamento de medicação proibida.
A corporação ainda complementou ao afirmar que os trabalhos de investigação continuam e a universitária poderá ser indiciada por outros crimes, a depender da conclusão dos trabalhos.
A reportagem procurou tanto Luciane quanto sua defesa através de números de celular atribuídos a ela, mas não obteve sucesso até esta publicação. Tão logo a mulher indiciada se manifeste, este texto será atualizado.
Medicamento de animais
O delegado Emerson Moraes, Chefe da Divisão Especializada em Investigação de Crimes Contra a Vida (DICCV), informou ao Fantástico que a medicação usada pela universitária era injetável e comum no meio veterinário. “O medicamento é usado para dilatar as tetas de vacas para ordenha e há restrição do uso, até mesmo, no meio animal, dada as consequências e os efeitos da medicação”.
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O efeito do medicamento injetável e, consequentemente, o aborto eram assegurados por Luciane. “Essa medicação, ela não segura gestação não, tá? Eu atendi uma de gêmeos e que já estava de quase sete meses. O óbito, isso eu asseguro”, disse para uma das mulheres que a procurou.
O atendimento, tido como profissional, atraía pessoas até mesmo de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e de outros países, como Portugal e Espanha.
Luciane ficou presa durante 21 dias, mas foi liberada ao alegar precisar cuidar do filho, de 6 anos.