Chico Pinheiro critica decisão do Loyola de anular prova

Reprodução/TV Globo + Instagram + Google Street View

Com Rafael D’Oliveira

O jornalista mineiro e apresentador da TV Globo Chico Pinheiro se manifestou sobre a polêmica envolvendo o colégio Loyola, nesta semana, em Belo Horizonte. Por meio do perfil que mantém no Twitter, ele defendeu o pensamento crítico nas escolas brasileiras. Uma prova, aplicada para alunos do 2º ano do Ensino Médio do colégio, foi anulada depois que pais reclamaram do conteúdo de textos usados como base para questões.

Os artigos que incomodaram as famílias são do escritor Gregório Duvivier,
com críticas direcionadas ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e do cientista político Mathias Alencastro.

Chico Pinheiro criticou a decisão do colégio. “Pensamento crítico foi algo que aprendi com João Batista Libânio, com Henrique de Lima Vaz, Ignacio Perez e muitos outros jesuítas ex-professores no @colegioloyolabh. Eram tempos de ditadura. É triste ver este comportamento digno do Tribunal do Santo Ofício agora, @gduvivier”, publicou.

Gergório Duvivier também falou sobre a polêmica. Pelo Twitter, o escritor disse que vem a Belo Horizonte e pretende conversar com quem quiser falar sobre o assunto. “Colégio Loyola em BH usou um texto meu numa prova e um grupo de pais de direita conseguiu cancelar a prova. Sinto muito pelos professores e alunos da escola. Dia 1 estou indo a BH, se quiserem encontrar pra debater a crônica e a censura”, declarou.

Duvivier ainda elogiou alunos e ex-alunos que assinaram uma carta de repúdio contra a decisão do Loyola. “A escola já deve ter sido muito bacana pra formar tanta gente crítica. sinto muito”, postou.

De acordo com a instituição de ensino, o protocolo seguido consta no documento de “Abordagem de Temas Transversais para formação integral inaciana na escola básica”, que prevê um posicionamento apartidário. Já o sindicado dos professores alega que houve um cerceamento da liberdade.

A polêmica teve início na última segunda-feira (7), quando alunos do 2º ano do Ensino Médio realizaram a 1ª Avaliação Globalizante de Língua Portuguesa, da 3ª Etapa Letiva de 2019.

Logo na primeira questão, o exame trazia o texto “Único jeito de não ficar triste é ficar puto”, de Duvivier. A crônica, publicada na Folha no dia 28 de agosto, dispara críticas ao atual governo comandado por Bolsonaro.

“Esse governo é um gatilho poderoso pra depressão. As queimadas, o apocalipse iminente, a recessão inevitável, o desemprego crescente, a vergonha mundial. O presidente parece eleito pela indústria farmacêutica pra vender antidepressivo”, diz um trecho do texto.

Reprodução/WhatsApp

Pais que tiveram acesso ao material após a aplicação procuraram a escola para reclamar do conteúdo exposto no texto. Diante do clamor, o Colégio Loyola optou por anular toda a avaliação.

Questionada se o profissional de ensino que aplicou a prova tinha conhecimento da linha de ensino da escola antes de colocar o texto na prova, a unidade de ensino disse que “tratará internamente as questões relativas à gestão de processos e equipes”. Em nota (confira na íntegra abaixo), o colégio acrescenta que “mantém-se aberto ao diálogo com as famílias e pessoas que integram a comunidade escolar”.

No entanto, a presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais), Valéria Morato, acredita que houve um cerceamento de liberdade de cátedra do profissional de ensino que aplicou a prova.

“Entendo que o professor que aplicou essa avaliação já está lá há muito tempo, portanto, tem confiança e conhece as diretrizes do colégio, não houve nenhuma intenção partidária. A partir do momento em que o colégio passa a ceder a essas pressões de pais, há um cerceamento à liberdade de cátedra”, diz.

Ainda segundo Valéria, a escola precisa dar segurança aos profissionais. “Acho que a escola precisa ter segurança no processo político pedagógico. O Loyola é um colégio com muitos anos de mercado e tem respaldo da população. Portanto, precisa se fortalecer. A sociedade vive um momento de cerceamento em diversos setores, o colégio não pode ceder a esta postura anti-democrática”, ressalta a professora.

Nota do Colégio Loyola

“Prezada Comunidade Educativa,

Sobre a 1ª Avaliação Globalizante de Língua Portuguesa da 3ª Etapa Letiva de 2019, aplicada à 2ª Série do Ensino Médio na última segunda-feira, o Colégio Loyola:

  • Está ciente dos questionamentos apresentados por parte das famílias da comunidade escolar.
  • Está procedendo com o levantamento de informações sobre o contexto da aplicação dessa atividade, para tomada de providências cabíveis.
  • Informa que a avaliação está anulada. A Coordenação Pedagógica da 2ª Série EM orientará alunos e famílias sobre os procedimentos que serão adotados, garantindo o não prejuízo acadêmico a todos os alunos.
  • Tratará internamente as questões relativas à gestão de processos e equipes.
  • Informa que, para orientação do trabalho docente nas séries, possui como diretriz o documento denominado “Abordagem de Temas Transversais para formação integral inaciana na escola básica”. Esse documento tem como objetivo nortear o trato adequado de conteúdos em sala de aula, resguardando a qualidade acadêmico-pedagógica para além de qualquer posicionamento político e/ou ideológico.
  • Reafirma seu posicionamento apartidário para condução do processo educativo.
  • Mantém-se aberto ao diálogo com as famílias e pessoas que integram a comunidade escolar, ressaltando, para isso, que o canal de Comunicação institucionalizado para trato das questões acadêmico-pedagógicas permanece sendo a Coordenação Pedagógica de Série.
  • Ressalta a seriedade da Proposta Pedagógica da escola e o compromisso de oferecer uma educação de excelência, pautada nos valores inacianos e cristãos.

 Cordialmente, pelo Conselho Diretor,

Juliano Oliveira

Diretor Geral”

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