Uma criança, de 3 anos, teve parte do pênis amputada durante uma cirurgia de fimose em um hospital de Malacacheta, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. O procedimento foi executado há um mês, e o médico responsável pela cirurgia sofreu um infarto e morreu dois dias depois. A família acredita que houve erro médico na mutilação da criança, mas a Prefeitura espera o resultado das investigações.
Familiares da criança suspeitaram que algo de errado havia ocorrido, pois a cirurgia, realizada no Hospital Municipal Dr. Carlos Marx, durou cerca de 4 horas, quando o normal seria até 30 minutos. Albert Rocha, pai da vítima, está realizando uma vakinha virtual na tentativa de levantar recursos para buscar possíveis tratamentos para o filho.
Após o procedimento cirúrgico, a criança chorava bastante e reclamava de dor e tontura. “Solicitamos a troca dos lençóis da cama e dos curativos e, para nossa surpresa, quando a equipe de enfermagem atendeu ao nosso pedido, percebemos que não possuía pênis visível no meu filho. Meu mundo caiu, e o nosso sofrimento estava apenas começando”, disse Albert em um dos trechos do texto.
A família pediu explicações à equipe médica, que falou para eles ficarem tranquilos, pois o cirurgião “tinha muitos anos de experiência”. Questionado sobre as dores sentidas pela criança, conforme o relato do pai, o médico disse: “Tudo aconteceu normalmente”. Ele ainda informou que a região iria desinchar em 10 dias.
Descoberta da amputação
Como as dores persistiram, a família da criança optou em levá-la para Teófilo Otoni, mas antes teve que assinar um Termo de Responsabilidade. Na cidade, o pediatra que atendeu o garoto o encaminhou para um urologista.
“O médico urologista também afirmou que não tinha visto uma situação como essa e marcou o procedimento cirúrgico de verificação/constatação com urgência para aquela mesma noite”, contou Albert.
Após a retirada dos pontos, os profissionais informaram que o pênis da criança tinha sido amputado. “Entrei em choque… Tentei me mover, mas estava paralisado e precisei ser amparado por enfermeiros”, disse o pai da criança.
A família da criança ainda não sabe se conseguirá uma resposta sobre a reconstrução do órgão. A campanha na web tem o objetivo de buscar recursos para a avaliação de possíveis tratamentos. “Meu filho está com o pênis amputado por um erro médico. Estamos fazendo essa ‘vaquinha’ visando arrecadar recursos para buscar respostas o mais rápido possível, bem como a responsabilização dos envolvidos, pois não temos condições financeiras suficientes”.
Prefeitura dá esclarecimentos
Procurada pelo BHAZ, a prefeitura de Malacacheta informou, por meio da assessoria, que ainda não se pode afirmar que houve erro médico. “Nenhum procedimento investigativo foi concluído. Existe a possibilidade de erro médico e, se isso for confirmado, é uma conduta criminosa”.
O Executivo municipal esclareceu que o caso está sendo investigado pelo Ministério Público, Polícia Civil, Gerência Regional de Teófilo Otoni e pela própria Prefeitura. “Quatro procedimentos estão abertos, por isso que falar em erro médico é precipitar. Não estamos negando a versão dele, mas não tem nada de concreto”, informou.
Desde o ocorrido, a Prefeitura afirma estar prestando total assistência à criança e a seus familiares e que tem pago aquilo que é necessário. “O município já arcou com todos os gastos financeiros até agora e tem disponibilizado acompanhamento psicológico, médico e de enfermagem. O município não fugiu de sua responsabilidade”.
Sobre o médico responsável pelo procedimento cirúrgico, a Prefeitura destacou que ele tinha um “histórico muito bom” na cidade.