Família de jovem que morreu em acidente na Grande BH ainda espera solução do caso

Reprodução/Boletim de ocorrência + Arquivo Pessoal/Marlene Rosa

“Estou morrendo aos poucos todos os dias. Desde quando a Camila faleceu, eu sou mutilada dia a dia. Além de matar ela, ele me matou também. E eu sou enterrada todos os dias. Ele tirou minha alegria”.

O relato acima é de Marlene Rosa, mãe de Camila Mohana, a universitária de 25 anos que morreu vítima de um acidente automobilístico na avenida Severino Ballesteros Rodrigues, em Contagem, na região metropolitana de BH, em julho deste ano. Camila completaria 26 anos nesta quarta-feira (23).

+ Universitária morre em grave acidente em Contagem; motorista foge e família pede justiça

“Desde aquele dia, minha vida acabou. Vivo a poder de remédio, terapia, psiquiatra e nada disso resolve. Deito e levanto todos os dias procurando por minha filha. Estou sofrendo muito”, diz Marlene ao BHAZ.

No dia 13 de julho, Camila resolveu sair com amigos durante a noite e não voltou mais. Ela e outras três pessoas embarcaram no veículo Toyota Corolla conduzido por Albert Morais dos Santos, de 25 anos, que apresentava sinais de embriaguez. O acidente ocorreu cerca de 10 minutos após Camila entrar no veículo.

Segundo o boletim de ocorrência registrado pela PM (Polícia Militar), testemunhas que viram a colisão contaram que Albert dirigia acima da velocidade permitida na via, quando perdeu o controle do carro, rodou na pista e bateu em um poste. Camila não resistiu aos ferimentos e morreu após chegar a dar entrada em uma unidade de saúde.

Carro ficou completamente destruído (Reprodução/Boletim de ocorrência)

Ainda de acordo com o registro, o motorista saiu do carro e não prestou socorro às vítimas, nem sinalizou o local do acidente. Um dos passageiros do veículo confirmou que Albert havia consumido álcool antes de assumir a direção.

O jovem que dirigia o veículo se apresentou à Polícia Civil posteriormente, foi ouvido e liberado. Segundo a corporação, o caso ainda segue em investigação.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, “os trabalhos de investigação estão sendo finalizados. O suspeito se apresentou na delegacia da Polícia Civil e negou embriaguez na data dos fatos. Assim que concluído, o inquérito policial será remetido à justiça”.

A mãe de Camila ainda espera um desfecho para a morte da filha. “O Albert nunca procurou minha família para dizer nada. Ele matou minha filha e fugiu. Para mim não foi acidente, ele havia comprado o carro poucos dias antes do ocorrido e estava ostentando o veículo, que foi a arma que matou a Camila. Eu só quero que a justiça seja feita”, afirma Marlene.

+ Jovem responsável por acidente que matou estudante de enfermagem vai se apresentar à polícia

O BHAZ manteve contato com Albert Morais ao longo do dia para ouvir a versão dele a respeito do caso. O jovem conversou com a reportagem, mas voltou atrás e pediu para que as declarações dele não fossem publicadas.

Saudades e homenagens

Nesta quarta-feira (23) seria o aniversário de Camila, mas, diante de sua ausência, a mãe escreveu uma carta para homenageá-la (confira na íntegra abaixo): “Ainda que os anos passem, você estará sempre viva para mim e toda a sua família, minha filha. Ao ‘mautorista’ que lhe tirou a vida, sujeito frio, calculista, ostentador, indiferente a vida do próximo, esse pagará por sua imprudência que cometeu no dia 13 de julho”, escreveu.

Segundo Marlene, o que resta agora é a apenas a saudade. “Tudo que eu queria ouvir é ela dizendo: ‘Oi, mãe’, de um jeito pausado que só ela falava. São as lembranças que ficam”, diz.

O local onde Camila trabalhava, uma clínica de ultrassom, criou um espaço em homenagem a ela após a morte. “O tempo vai passando e ainda não conseguimos digerir tudo isso, não dá para acreditar que isso aconteceu, dói muito saber que você nos deixou, que não iremos mais te ver. Nunca iremos nos conformar com isso. Continuaremos a lembrar de você com alegria e de todos os momentos incríveis que vivemos juntos. Você faz parte da nossa história e será eternamente lembrada”, escreveu a empresa em carta destinada aos familiares.

Espaço criado em homenagem à Camila, na empresa onde ela trabalhava (Arquivo pessoal/Marlene Rosa)

Carta de Marlene Rosa

“Dia 23 de outubro sempre será lembrado como o dia em que eu fui mãe pela segunda vez. Ela veio ao mundo em uma madrugada. Era tão meiga, tão pequena e linda, a minha eterna Camillinha.

25 anos e 9 meses, esse foi o tempo em que viveu entre nós distribuindo alegria e amor com sua simplicidade. Tudo para você estava ótimo. Até que um irresponsável, cruzou o seu caminho e em menos de 10 minutos tirou a sua vida.

Ainda que os anos passem, você estará sempre viva para mim e toda a sua família, minha filha. Ao mautorista que lhe tirou a vida, sujeito frio, calculista, ostentador, indiferente a vida do próximo, esse pagará por sua imprudência que cometeu no dia 13 de julho/19.

Justiça é o que esperamos das autoridades de Contagem! Leis existem para esse infrator.

“Mesmo que eu ande em meio ao frio; mesmo que eu vá correndo sem direção; mesmo que eu me canse de lutar ou esperar algo acontecer; mesmo que eu me encontre em meio ao caos”: Eu sei que Deus me dará forças para lutar por justiça e sua morte não ficar com um número a mais nas estatísticas da impunidade dos assassinatos de trânsito. Não foi acidente, foi crime!”

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!