Urso ataca treinador brutalmente em circo; cena retoma debate sobre exploração de animais

Youtube/Telegraph

O público de um circo localizado na cidade de Olonets, na Rússia, foi surpreendido pelo momento em que um urso começou a atacar o próprio treinador. O animal, que era usado como parte do espetáculo, mordeu o homem e o jogou ao chão, impedindo que ele voltasse a ficar de pé.

A cena do ataque foi gravada em vídeo e, nas imagens, é possível ver que um segundo funcionário chegou a chutar o animal para tentar ajudar o colega, que continuou caído. O local não tinha grades de proteção e as imagens mostram a plateia, com diversas crianças, procurando uma saída de emergência.

As imagens viralizaram e já foram vistas milhares de vezes. Assista abaixo! ATENÇÃO: Elas podem ser consideradas fortes!

Legislação

No artigo 10º, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, estabelecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) em 1978, nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem e as exibições e espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal. No entanto, nem todos os países têm legislação clara e ampla sobre o tema, o que leva ONG’s do mundo inteiro a lutarem por melhores condições para os animais.

De acordo com a ONG Stop Circus Suffering (Pare com o sofrimento no circo, em tradução livre), 44 países têm algum tipo de legislação nacional que regulamenta a utilização de animais em circos e outros oito têm regulamentações municipais ou estaduais.

No Brasil, em 2006, o Projeto de Lei 7291 colocou o tema em pauta na política. De autoria do senador Álvaro Dias, o projeto propunha, inicialmente, apenas a regulamentação dos animais. Ou seja, os circos poderiam continuar fazendo apresentações com os bichos, desde que fossem registrados e seguissem algumas regras. No entanto, após uma demanda crescente de movimentos e organizações de defesa dos animais, entre eles o MMDA (Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais), o projeto sofreu uma alteração e passou a propor a proibição do uso de animais em performances.

Apesar dos esforços, as proibições por lei ainda existem apenas nas esferas regional e local. Não há uma lei nacional que se aplique a todo o território, e a proibição, muitas vezes, fica restrita a animais selvagens, sendo permitidas espécies domésticas. Ao todo, 11 estados estipulam algum tipo de proibição dessa prática: Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Em Minas, a luta pelo fim da exploração dos bichos em apresentações de circo também não foi fácil. Adriana Araújo, coordenadora do MMDA, contou ao BHAZ que as discussões sobre o tema se arrastaram ao longo de 20 anos e 9 projetos foram propostos. Finalmente, em 2014, quando foi sancionada a Lei nº 21.459/14, o uso e manutenção de animais silvestres ou domésticos, nativos ou exóticos, em circos foi proibido.

Adriana lembra ainda de situações que ilustram o perigo da utilização de animais em atrações circenses e a exploração que eles sofrem, como no caso do Circo Vostok, em Pernambuco. Na ocasião, no ano de 2000, o menino José Miguel dos Santos, de 6 anos, foi atacado e devorado por leões que eram utilizados em parte do espetáculo: “Quando foi feita a necrópsia, descobriram que os leões estavam há dias sem comer”, contou.

Além da fome, Adriana relata outros abusos comuns cometidos contra animais em situações como a exploração no circo: lobotomias, retirada de dentes, costelas quebradas, entre outros. Como forma de resolver o problema, ela acredita que as leis foram um avanço, mas alerta sobre a importância da participação popular, que é como as mudanças podem ser alcançadas: “O controle popular tem que ser contínuo”, diz.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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