Jovem estava dirigindo alcoolizado a cerca de 200 km/h antes de causar batida que matou universitária, diz PC

Reprodução/PMMG + Arquivo Pessoal/Marlene Rosa

A Polícia Civil concluiu as investigações do acidente de trânsito que terminou com a morte de uma universitária de 25 anos, em Contagem, em julho deste ano. O motorista do veículo, que também tem 25 anos, foi indiciado por homicídio culposo, qualificado em razão da embriaguez e lesões corporais de natureza culposa, e por tentar alterar a cena do crime e dificultar o trabalho da polícia.

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A estudante Camila Mohana morreu no acidente e outras três pessoas ficaram feridas. Segundo a investigação, depois da batida, o motorista retirou uma lata de cerveja que estava em seu carro e tentou subornar testemunhas para que assumissem a direção do veículo. Outras duas pessoas foram indiciadas por dificultarem o trabalho da investigação.

Segundo o delegado Saulo de Tarso Castro, responsável pela investigação, as causas determinantes do acidente foram o excesso de velocidade e o provável uso de bebida alcoólica do motorista do carro. “As testemunhas chegam a falar que a velocidade aproximada do carro era de 200 km/h, quando na via o limite máximo permitido é de 60 km/h”, diz.

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“Justamente em uma curva, ele [o motorista] perdeu o controle da direção e atingiu um poste de iluminação pública. Isso foi decisivo para a causa dos ferimentos de três vítimas e da morte de um dos ocupantes”, acrescentou o delegado.

Ainda de acordo com Saulo, uma das primeiras testemunhas a chegar na cena do acidente viu o exato momento em que o motorista retirou da lateral da porta do veículo uma lata de cerveja e arremessou para fora da cena do acidente.

Tentativa de suborno

Em seguida, o motorista tentou subornar essa mesma testemunha, para que assumisse a condição de motorista, oferecendo quantia em dinheiro e depois um aparelho celular. “Por este motivo, além dele ser indiciado por homicídio culposo, qualificado em razão da embriaguez e lesões corporais de natureza culposa, vai responder por tentar alterar a cena do crime e tentar dificultar o trabalho da polícia”, explicou.

Apesar do motorista negar a alteração da cena do crime, a Polícia Civil conseguiu comprovar isso na investigação e também concluiu que houve participação de outros dois suspeitos, que colaboraram com o motorista, tentando confundir as investigações. “No dia do acidente, uma pessoa se apresentou à polícia como se fosse o motorista, com o intuito de assumir a responsabilidade, mas um ocupante do veículo disse que não era verdadeira essa versão”, conta o delegado.

‘Consolo’

A mãe de Camila, Marlene Rosa, agradeceu ao trabalho dos policiais e diz que espera agora a decisão judicial do caso. “Fiquei satisfeita com o trabalho. Dentro do que foi possível, fizeram o indiciamento. Agora, aguardo que as outras instâncias assim o façam e que o motorista cumpra a pena pelos atos de imprudência cometidos”, afirma.

Marlene conta ainda que não está aliviada e aguarda o desfecho do caso. “Acho que é a primeira vitória das outras que virão. Acredito que esse consolo chegará assim que o juiz concluir a sentença e ele [o motorista] pagar pelos atos que cometeu, aí sim, a família ficará consolada. Mas, independentemente da pena, a vida da minha filha é irreparável e nada a trará de volta. O vazio que ele nos deixou será para sempre. Que isso sirva de lição para que esse motorista nunca mais tire vidas”, diz.

O delegado Saulo de Tarso Castro disse que os suspeitos respondem pelos crimes em liberdade. O inquérito foi remetido à Justiça e o suspeito já foi denunciado pelo Ministério Público.

O caso

O caso aconteceu em julho deste ano. A estudante de enfermagem morreu quando ia para uma boate com um grupo e o carro no qual eles estavam se envolveu em uma batida na avenida Severino Ballesteros Rodrigues, uma das principais da de Contagem, região metropolitana de BH.

Camila estava acompanhada de uma amiga, de 18 anos, e outras três pessoas a quem ela havia acabado de conhecer pessoalmente por intermédio da amiga: uma mulher de 20 anos, um rapaz de 27 anos, e o motorista do veículo Toyota Corolla, Albert Morais dos Santos, de 25 anos.

Segundo o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, testemunhas contaram que Albert dirigia muito acima da velocidade permitida da via, quando perdeu o controle do carro, rodou na pista e bateu em um poste.

Ainda de acordo com o registro, o motorista saiu do carro e não prestou socorro às vítimas, nem sinalizou o local do acidente. Uma testemunha contou aos militares que ele apresentava sinais de embriaguez. Um dos passageiros do veículo confirmou que Albert havia consumido álcool antes de assumir a direção. Ele teria bebido antes mesmo de buscar Camilla e sua amiga na casa dela, em Contagem.

Outro fato apresentado aos policiais foi de que Albert tentou “comprar” as testemunhas que visualizaram o acidente, oferecendo dinheiro para que alguém assumisse que estava dirigindo o seu carro. Sem sucesso na negociata, ele fugiu do local antes que os militares chegassem.

Ao longo da produção das reportagens sobre o acidente, desde julho, o BHAZ tentou conversar com Albert Morais. Em mais de uma ocasião, conseguiu entrevistá-lo, mas, pouco depois, o jovem voltou atrás e pediu para que suas declarações não fossem publicadas. O rapaz também não quis passar o nome de seu advogado.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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