Uma “frustração amorosa” foi o que motivou o ataque a tiros em uma escola no distrito de Caraí, no Vale do Jequitinhonha, nesta quinta-feira (7). Duas pessoas ficaram feridas e o atirador, de 17 anos, foi conduzido pelos militares.
Ao BHAZ, o tenente-coronel Fábio Ramalho, comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar de Teófilo Otoni, disse que o adolescente tentou justificar o ataque à Escola Estadual Orlando Tavares. “Ele nos disse que tentou namorar duas garotas da escola, mas que ambas negaram. Isso aconteceu já tem um tempo, mas ele ainda não tinha superado a frustração amorosa e, por isso, resolveu planejar o ataque”, disse.
As garotas, que eram os alvos, são estudantes do 1º e 2º ano do Ensino Médio. Elas não foram atingidas pelo adolescente. “Como elas ficam em salas diferentes ele teve que ‘escolher’ em qual iria e foi na turma do 1º ano”, contou o militar.
A professora viu a aproximação do adolescente com a garrucha e resolveu fechar a porta para que ele não entrasse. Mesmo estando do lado de fora, fez os disparos. “Ele atirou sem saber em quem iria acertar e dois adolescentes, de 16 anos, foram atingidos. Um ficou gravemente ferido, pois o tiro ‘pegou’ no pescoço e o outro teve um ferimento na mão”.
Comunidade assustada
O ataque deixou os moradores e a comunidade escolar do distrito Ponto do Marambaia assustados, principalmente pelo fato do atirador ser considerado uma pessoa muito tranquila. “Conversamos com as pessoas da escola e eles disseram que o adolescente é tranquilo e um bom aluno. Todos ficaram assustados, pois aqui tem aproximadamente 1,2 mil habitantes e eles não pensavam que isso fosse acontecer. Agora eles estão mais tranquilos”, contou o militar.
Durante o ataque, em grupos de WhatsApp, moradores do distrito enviaram mensagens pedindo ajuda. “Gente, pelo amor de Deus, manda um policial vir de Padre Paraíso o mais rápido possível. O pessoal está desesperado. Tá tendo um tiroteio na escola e minha filha está lá dentro”, diz uma mulher aos prantos.
Enquanto era ouvido pelos militares o jovem não demostrou arrependimento, conforme contou o tenente-coronel. “No depoimento, ele estava lúcido e não aparentava arrependimento”.
A arma usada no ataque é do padrasto do adolescente, um idoso de 80 anos. O homem foi preso pelo crime de omissão de cautela. “Esse crime é previsto no Estatuto do Desarmamento e o idoso foi preso, pois permitiu fácil acesso do adolescente à arma”, explicou o tenente-coronel.
Outros dois adolescentes, de 16 anos, chegaram a ser conduzidos pela PM, eles eram suspeitos de participar do ataque, mas foram liberados. “Não tínhamos elementos que comprovassem a participação deles e, por isso, foram liberados.”, informou o militar.
Saúde das vítimas
Os adolescentes atingidos foram levados para o Hospital Nossa Senhora Mãe da Igreja, na cidade de Padre Paraíso. Um deles será levado para Teófilo Otoni e precisou receber transfusão sanguínea.
O presidente da unidade de saúde, Marcos Vinícius Alves Luiz assinou uma nota, publicada nas redes sociais, informando que foi ofertado “o suporte dos serviços de assistência social e psicológico” para os familiares das vítimas e a outros estudantes.