Machismo, comentários homofóbicos e incitação à violência. Estas são parte das reações nas redes sociais a agressão do colunista Augusto Nunes contra o jornalista Glenn Greenwald, no programa Pânico da Rede Jovem Pan, no início da tarde desta quinta-feira (7).
O assunto ainda repercute nas redes sociais, nos meios políticos e da comunicação. Em nota (confira na íntegra abaixo), a Jovem Pan lamentou o ocorrido. “A liberdade de expressão e crítica concedida pela Jovem Pan a seus comentaristas e convidados, contudo, não se estende a nenhum tipo de ofensas e agressões. A empresa repudia com veemência esses comportamentos”, disse a rede.
Além da briga envolvendo Glenn e Nunes, o apresentador do programam Pânico, Emílio Surita, também foi alvo de críticas, pois teceu o seguinte comentário após a confusão: “nem mulher briga tão feio que nem você, Glenn. Achei que ia sair porradaria aqui e deram dois tapinhas”, disse, ao fazer gesto homofóbico.
Artistas, jornalistas e políticos prestaram apoio a Glenn. Em contrapartida, as redes sociais foram tomadas de comentários homofóbicos, machistas e violentos envolvendo o episódio.
Em comunicado (confira na íntegra abaixo), a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) repudiou os ataques difundidos após a confusão entre Glenn e Augusto. Dentre as figuras que teriam incitado a confusão estão o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) e o guru do governo Olavo de Carvalho.
“A agressão física de Augusto Nunes contra Glenn Greenwald, após uma discussão acalorada deu início a uma onda de ataques à imprensa, na internet, como poucas vezes vimos nos últimos anos no Brasil. A cena de violência, difundida exponencialmente nas redes sociais nesta quinta-feira, 7/11/2019, passou a ser usada a seguir como exemplo de comportamento a ser adotado pelos descontentes com a imprensa em geral – a despeito do episódio em si envolver desavenças e comentários de cunho pessoal entre Nunes e Greenwald”, diz a nota da Abraji.
Nota da Jovem Pan
“A Jovem Pan lamenta o episódio ocorrido ao vivo no programa Pânico desta quinta-feira (7) entre os jornalistas Augusto Nunes e Glenn Greenwald.
Defensora vigilante dos princípios democráticos, do pluralismo de ideias e da liberdade de expressão, a Jovem Pan sempre abriu suas portas para convidados de diferentes campos ideológicos e com opiniões dissonantes, para que cada brasileiro forme seu juízo tendo acesso a visões variadas sobre os temas mais relevantes do momento.
Uma das principais marcas do Pânico é receber personalidades para o debate aberto e franco, bem-humorado e eventualmente ácido. Glenn Greenwald já participou da bancada em diversas outras oportunidades.
A liberdade de expressão e crítica concedida pela Jovem Pan a seus comentaristas e convidados, contudo, não se estende a nenhum tipo de ofensas e agressões. A empresa repudia com veemência esses comportamentos.”
Nota da Abraji
“A agressão física de Augusto Nunes contra Glenn Greenwald, após uma discussão acalorada deu início a uma onda de ataques à imprensa, na internet, como poucas vezes vimos nos últimos anos no Brasil.
A cena de violência, difundida exponencialmente nas redes sociais nesta quinta-feira, 7/11/2019, passou a ser usada a seguir como exemplo de comportamento a ser adotado pelos descontentes com a imprensa em geral – a despeito do episódio em si envolver desavenças e comentários de cunho pessoal entre Nunes e Greenwald.
Como em outras ocasiões, membros do governo e pessoas influentes no poder difundiram mensagens de incitação direta à violência, como no caso de Olavo de Carvalho, ou de aprovação velada, como no caso de um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro.
A Abraji emite notas sobre ameaças a jornalistas no exercício da profissão. O debate ocorrido na emissora não corresponde a esse parâmetro. Entretanto, a onda de reações que se seguiu ao episódio dispara um alerta que não pode ser ignorado a respeito do estágio que a hostilidade aos jornalistas e aos veículos de imprensa atingiu no Brasil. Quem atiça esse clima de hostilidade tem intenção de calar vozes críticas e sufocar a liberdade de expressão – sem ela, as outras liberdades também morrerão.
Diretoria da Abraji, 7 de novembro de 2019.”