Confusões no Mineirão reacendem debate e bebidas alcoólicas podem ser proibidas em estádios

@marco_teodoro/Twitter/Reprodução

Os episódios de violência registrados no Mineirão no clássico desse domingo (10), entre torcedores do Cruzeiro e do Atlético, reacenderam o debate sobre o consumo de bebidas alcoólicas em jogos de futebol. Depois das confusões, incluindo o fato de que uma garrafa de vidro foi arremessada contra a torcida do Galo, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) declarou que intensificará as ações pela proibição da venda e do consumo de álcool dentro dos estádios.

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O promotor Paulo de Tarso explicou que a solicitação já está em tramitação, mas que será reforçada depois dos comportamentos vistos no Mineirão. “Nós, que trabalhamos com segurança, não temos dúvida de que o álcool potencializa a violência. Os ânimos ficam mais exaltados e as pessoas perdem o controle”, explicou Paulo ao BHAZ.

Além do avanço dos processos pela proibição, o MPMG pretende identificar e punir os torcedores responsáveis pelas agressões e confusões registradas no dia do clássico. Os clubes e as torcidas organizadas também poderão sofrer punições.

Garrafa de vidro

Um dos casos de violência registrados foi o de um torcedor do Cruzeiro que arremessou uma garrafa de vidro contra a torcida do Atlético. Em dois vídeos, foram registrados dois homens diferentes segurando uma garrafa de vodka. Em um deles, o torcedor apenas segura o objeto para cima e, no outro, o homem ao lado dele a arremessa.

Segundo o promotor Paulo de Tarso, o consumo de bebidas no estádio deveria se limitar ao espaço dos bares em que elas são comercializadas, e não deveriam ser levadas às arquibancadas. Portanto, o torcedor não deveria ter acesso às cadeiras do estádio segurando a garrafa de vidro.

A assessoria do Mineirão, em contato com o BHAZ, afirmou que é permitida a venda de garrafas de vodka em “combos” com energéticos dentro de alguns camarotes. Como ainda não é possível saber se o torcedor que arremessou a garrafa estava no camarote em que ela é comercializada, o estádio investigará a situação para saber como o objeto chegou até as mãos dele.

Histórico da proibição

Segundo o Estatuto do Torcedor (Lei Federal 10.671/2003), é proibido o porte de bebidas alcoólicas na entrada dos estádios desde 2010. De acordo com o promotor, esta regra promove a interpretação de que a venda dentro do estádio também deveria ser proibida.

A Lei Geral da Copa, sancionada em 2012, suspendeu o texto do Estatuto do Torcedor e passou a permitir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios para o período da Copa do Mundo de 2014. A partir desta decisão, vários Estados, incluindo Minas Gerais, estabeleceram leis próprias para que a regra valesse até depois da Copa. Desde então, é permitida a venda de álcool nos estádios mineiros até o final do intervalo do jogo.

“O retorno da liberação significou o aumento da violência, como já era de se esperar. Cenas como as de domingo são símbolo do efeito das vendas de bebidas nos estádios”, explicou Paulo de Tarso. Atualmente, a Procuradoria-Geral da República move uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para que leis como a de Minas Gerais sejam contestadas.

O promotor afirmou que não há previsão para que a proibição se efetive, já que a decisão não depende apenas do Ministério Público. Apesar disso, ele garantiu que as ações se intensificarão depois dos episódios registrados no clássico.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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