Os episódios de violência registrados no Mineirão no clássico desse domingo (10), entre torcedores do Cruzeiro e do Atlético, reacenderam o debate sobre o consumo de bebidas alcoólicas em jogos de futebol. Depois das confusões, incluindo o fato de que uma garrafa de vidro foi arremessada contra a torcida do Galo, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) declarou que intensificará as ações pela proibição da venda e do consumo de álcool dentro dos estádios.
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O promotor Paulo de Tarso explicou que a solicitação já está em tramitação, mas que será reforçada depois dos comportamentos vistos no Mineirão. “Nós, que trabalhamos com segurança, não temos dúvida de que o álcool potencializa a violência. Os ânimos ficam mais exaltados e as pessoas perdem o controle”, explicou Paulo ao BHAZ.
Além do avanço dos processos pela proibição, o MPMG pretende identificar e punir os torcedores responsáveis pelas agressões e confusões registradas no dia do clássico. Os clubes e as torcidas organizadas também poderão sofrer punições.
Garrafa de vidro
Um dos casos de violência registrados foi o de um torcedor do Cruzeiro que arremessou uma garrafa de vidro contra a torcida do Atlético. Em dois vídeos, foram registrados dois homens diferentes segurando uma garrafa de vodka. Em um deles, o torcedor apenas segura o objeto para cima e, no outro, o homem ao lado dele a arremessa.
Alô @pmmg190 esse é o indivíduo que arremessou uma Garrafa de vidro na Torcida do @Atletico no @Mineirao , que gerou a briga generalizada. pic.twitter.com/UhQlTex16b
— ???????? ?????? ®️ (@Minelle_Kajuru) November 10, 2019
O video ai mostra bem pic.twitter.com/RYJ2QbwzPA
— PEDRO MARTINS (@kdmeulivro) November 11, 2019
Segundo o promotor Paulo de Tarso, o consumo de bebidas no estádio deveria se limitar ao espaço dos bares em que elas são comercializadas, e não deveriam ser levadas às arquibancadas. Portanto, o torcedor não deveria ter acesso às cadeiras do estádio segurando a garrafa de vidro.
A assessoria do Mineirão, em contato com o BHAZ, afirmou que é permitida a venda de garrafas de vodka em “combos” com energéticos dentro de alguns camarotes. Como ainda não é possível saber se o torcedor que arremessou a garrafa estava no camarote em que ela é comercializada, o estádio investigará a situação para saber como o objeto chegou até as mãos dele.
Histórico da proibição
Segundo o Estatuto do Torcedor (Lei Federal 10.671/2003), é proibido o porte de bebidas alcoólicas na entrada dos estádios desde 2010. De acordo com o promotor, esta regra promove a interpretação de que a venda dentro do estádio também deveria ser proibida.
A Lei Geral da Copa, sancionada em 2012, suspendeu o texto do Estatuto do Torcedor e passou a permitir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios para o período da Copa do Mundo de 2014. A partir desta decisão, vários Estados, incluindo Minas Gerais, estabeleceram leis próprias para que a regra valesse até depois da Copa. Desde então, é permitida a venda de álcool nos estádios mineiros até o final do intervalo do jogo.
“O retorno da liberação significou o aumento da violência, como já era de se esperar. Cenas como as de domingo são símbolo do efeito das vendas de bebidas nos estádios”, explicou Paulo de Tarso. Atualmente, a Procuradoria-Geral da República move uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para que leis como a de Minas Gerais sejam contestadas.
O promotor afirmou que não há previsão para que a proibição se efetive, já que a decisão não depende apenas do Ministério Público. Apesar disso, ele garantiu que as ações se intensificarão depois dos episódios registrados no clássico.