Estar desesperado ou desmotivado com a falta de emprego é uma realidade para grande parte do brasileiros. De acordo com o último levantamento do IBGE, são mais de 12 milhões de desempregados no país. Entre eles, está a professora e escritora Andrielle Antônia. Mas, para essa baiana, de Santo Antônio de Jesus, a criatividade e a poesia foram as ferramentas escolhidas para tentar driblar a triste situação.
E foi pensando em pedir sua ajuda
Que esse poema, talvez poesia, nasceu
Terminei a graduação e nada aconteceu
Será que dessa vez minha vida muda?
A escritora conta ao BHAZ que estava desesperada, sem saber o que fazer, e resolveu se expressar através da escrita. “Minha pretensão era só desabafar. Eu escrevi o que sentia, nem sei se é um poema ou poesia. Quando compartilhei o texto na minha rede de amigos, eles me apoiaram e compartilharam. Acabou viralizando”, relata.
Andrielle se formou em História no final de 2018 e ainda aguarda alguma oportunidade. Mas a professora já percebe um lado positivo com a visibilidade do texto que escreveu. “Eu estou feliz por ter saído daquele lugar de solidão, de tristeza, de desânimo. Vejo que não sou a única que está passando por isso”, afirma esperançosa.
“São as vantagens da internet, quando utilizada da maneira correta”
‘Meu Deus! Estou perdendo a visão, o que vou fazer da vida?’
Para a professora, o desemprego teve um peso a mais. Ela enfrenta uma doença degenerativa nos olhos: a ceratocone. A baiana conta que a cada 12 meses, no mínimo, precisa de 3 mil reais para comprar uma lente específica. “Além disso, a doença no olho esquerdo está progredindo, preciso realizar procedimentos. Achei que, a esta altura, já teria um emprego para pagar o tratamento”, relata com pesar.
Em seu blog, “Mais Íntimo”, a escritora chegou a desabafar sobre como é viver com a doença. Leia aqui.
Ao 25 anos, Andrielle mora com a avó e a mãe e está vivendo com as atividades rurais que a família desenvolve. Enquanto procura por uma oportunidade de emprego, ela se dedica à sua paixão desde a infância: escrever. Quando criança, alimentava um diário. Já adolescente, passou a cultivar um blog (veja aqui). Agora, continua usando a expressão escrita também nas redes sociais. “Como diz Conceição Evaristo, a gente utiliza a ‘escrevivência’ como mecanismo de resistência”, conclui.
Conceição Evaristo
Escritora de importante papel na literatura nacional, cuja obra destaca os testemunhos das vivências dos negros no Brasil. “[A escrevivência] seria escrever a escrita dessa vivência de mulher negra na sociedade brasileira. Eu acho muito difícil a subjetividade de qualquer escritor ou escritora não contaminar a sua escrita. De certa forma, todos fazem uma escrevivência, a partir da escolha temática, do vocabulário que se usa, do enredo a partir de suas vivências e opções”, explica a escritora, em entrevista ao Nexo Jornal.