Mulher mata a própria filha durante surto psicótico no interior de Minas

FOTO ILUSTRATIVA (Amanda Dias/BHAZ)

Uma mulher de 40 anos matou a própria filha, uma bebê de 2 meses, na manhã desta sexta-feira (15). O caso ocorreu na zona rural de Santo Antônio do Itambé, pequena cidade da região Central de Minas Gerais com menos de 4 mil habitantes, a cerca de 250 km de Belo Horizonte.

O marido da autora – e pai da vítima – afirmou aos militares que a mulher teve um surto psicótico durante a madrugada, período no qual ela esteve muito agressiva. Assim que o sol raiou, o homem aproveitou que os dois filhos – um menino de 3 anos e a bebê de 2 meses – estavam dormindo para ir à zona urbana da cidade para procurar ajuda médica à mulher.

No período em que ficou sozinha com as crianças ocorreu a tragédia. O primo da mulher, que mora na região, percebeu a presença de um fogo e correu para ajudar. Ele ainda retirou a bebê das chamas, mas ela já estava sem vida. O menino nada sofreu.

A mulher, que, segundo o marido, toma remédio controlado e está em depressão, ainda estava muito agressiva quando os militares chegaram. Ela foi encaminhada ao hospital Casa de Caridade Santa Casa, na cidade vizinha de Serro, onde foi medicada. Em seguida, a mulher foi encaminhada à delegacia de Diamantina, responsável por aquela área do Estado.

Depressão

Dados da OMS, divulgados em 2017, apontam que 11,5 milhões de brasileiros têm depressão – o que torna o país o líder na América Latina e o segundo com mais prevalência nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Embora assustem, os números parecem não refletir a situação do Brasil com o devido peso. É que, além de a doença não ter “cara”, os depressivos ainda precisam lidar com o sofrimento e enfrentar estigmas e preconceito. Segundo o psicanalista e psicólogo Eduardo Lucas Andrade, o julgamento é uma forma de abandono.

“O julgamento, a moralidade e as críticas representam abandono para pessoas depressivas. É necessário acolher e ter escuta atenta a essas pessoas para que haja possibilidade de tratamento. Não é só falar, é realmente estar junto e procurar tratamento. Muitas pessoas não buscam por receio, por medo, muitas não conseguem falar sobre e outras evitam justamente para não lidar com o olhar preconceituoso do outro. Não tem isso de ‘doença de rico’, de estar com o ‘diabo no corpo’. Essa postura só ataca o indivíduo e não ajuda em nada”, afirmou ao BHAZ para uma reportagem especial sobre o tema no início deste ano (leia aqui).

+ Depressão e suicídio: O que você precisa saber para não julgar e AJUDAR DE VERDADE quem precisa

Ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV), que auxilia na prevenção do suicídio, passaram a ser gratuitas em todo o país em julho do ano passado. Um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde, assinado em 2017, permitiu o acesso gratuito ao serviço, prestado pelo telefone 188.

Por meio do número, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados. Antes, o serviço era cobrado e prestado por meio do 141.

A ligação gratuita para o CVV começou a ser implantada em Santa Maria (RS), há quatro anos, após o incêndio na boate Kiss, que matou 242 jovens. O centro existe há 55 anos e tem mais de 2 mil voluntários atuando na prevenção ao suicídio. A assistência também é prestada pessoalmente, por e-mail ou chat.

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