Corinthians marca golaço ao criar espaço para autista: ‘Pode parecer coisa pequena, mas faz diferença gigantesca’

Joyce Favaro/Facebook/Reprodução

A história do pequeno Leandro, torcedor de 6 anos que recebeu tratamento especial para crianças autistas na Arena Corinthians, comoveu a internet e acendeu um debate sobre inclusão no esporte.

Ao perceber que o menino estava ficando agitado e incomodado com o barulho, a mãe de Leandro, Joyce Favaro, entrou em contato com a administração do estádio e a família foi levada ao “Espaço TEA”, uma sala com a infraestrutura adequada para quem está dentro do espectro autista.

O jogo do Corinthians contra o Internacional, no último domingo (17), foi o segundo que Leandro assistiu do estádio. “Na primeira vez, ele tinha quase dois anos, ainda não tinha sido diagnosticado. Desta vez, já sabíamos que ele poderia ficar incomodado, então enviamos um e-mail para a arena perguntando sobre um espaço adequado. Como foi em cima da hora, no sábado, não recebemos resposta”, contou Joyce ao BHAZ.

Leandrinho, como é apelidado, foi diagnosticado dentro do espectro autista aos 5 anos. “O transtorno afeta as pessoas de maneiras muito diferentes. O que o incomoda é mais o barulho, o sensorial. Ele não se incomoda tanto com a quantidade grande de pessoas, mas quando o time entrou e a torcida começou a gritar, ele ficou agitado e disse que queria ir embora”, explicou a mãe.

Logo que perceberam o incômodo, Joyce e o pai, Leandro Favaro, decidiram acionar a administração da Arena Corinthians no WhatsApp. “Eles responderam na hora e foram muito solícitos. Poucos minutos depois, apareceu alguém para nos levar a uma sala especial. Não esperava que tudo fosse ser tão rápido”, contou Joyce.

O supervisor do estádio acompanhou a família ao Espaço TEA, área com infraestrutura especial para portadores do Transtorno do Espectro Autista que foi inaugurada em setembro. A sala tem paredes e janelas que isolam o som vindo do estádio, além de atividades e brincadeiras propícias para portadores de TEA.

“O ambiente é perfeito. A sala fica em um setor ao lado da Gaviões da Fiel [maior torcida organizada do Corinthians] e acima da Estopim, torcidas organizadas que fazem muito barulho. Mesmo assim, 90% do som era abafado. A sala tinha vários brinquedos, passava desenho na TV, as crianças podiam pintar e colorir”, conta.

“Para as crianças que têm problemas de socialização, eles colocam emojis impressos para que elas consigam expressar emoções. Dá pra ver que foi tudo pensado com muita complexidade e atenção. Os pais podem assistir ao jogo tranquilos, tem várias pessoas tomando conta das crianças”, complementa a mãe.

Joyce Favaro/Arquivo Pessoal

O espaço foi inaugurado através da parceria do Corinthians com a organização Olimpíadas Especiais e o apresentador de TV Marcos Mion, que compartilha sua vivência com o filho autista, Romeo, nas redes sociais. A Arena Corinthians é o primeiro estádio do Brasil a incluir sinalização e espaço exclusivos para pessoas com deficiência intelectual e TEA.

“Pode parecer uma coisa pequena, mas faz uma diferença gigantesca. Nossas crianças são o futuro e temos que aprender a lidar com o futuro de maneira diferente. O futebol é o esporte do brasileiro, temos que incluir todo mundo em algo que faz parte da identidade do país. Muitos falam em inclusão, mas são poucos que realmente fazem algo por ela, como vimos na arena”, declarou Joyce.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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