A atitude de um parlamentar, no mínimo, polêmica, roubou a cena de uma exposição em homenagem à semana da Consciência Negra na Câmara dos Deputados em Brasília. Nessa terça-feira (19), o deputado Coronel Tadeu destruiu uma charge que estava na galeria, filmou o ato e divulgou nas redes sociais. A obra, que aborda a questão do genocídio da população negra, representa um policial deixando para trás o corpo de um jovem negro.
No vídeo, o deputado fala que o racismo “é a coisa mais abominável no seio da nossa sociedade brasileira e mundial”. Mas, acredita que a obra é um ataque aos policiais. “Quer dizer o quê? Que a polícia só mata preto? Isso aqui é contra a polícia”, diz revoltado, enquanto arranca o quadro.
Em um vídeo postado no perfil que mantém no Twitter, o autor da charge, Carlos Latuff, diz que a obra representa uma crítica à truculência policial, principalmente contra os negros e exige que a charge retorne para a exposição. “Se isso não acontecer, o Congresso Nacional estará sinalizando para a sociedade que esse tipo de atitude, truculenta e violenta por parte do deputado, é bem-vinda”, ressalta.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), jovens pretos ou pardos tem três vezes mais chances do que jovens brancos, de serem vítimas de homicídio. E segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os negros são 75% dos mortos pela polícia.
Após a atitude do deputado Coronel Tadeu, alguns deputados da bancada do PSOL foram até o local repreendê-lo. “Isso daí é censura! Racista!”, rebateu o deputado David Miranda.
A deputada Áurea Carolina (PSOL) informa que se juntou a outros parlamentares e registrou queixa na Polícia Legislativa da Câmara. Além disso, Áurea garante que vai apresentar representação no Conselho de Ética e na Procuradoria Geral da República contra o Deputado Coronel Tadeu. “Ainda estou em choque com a barbaridade desse gesto racista e fascista. Não pode ficar impune”, comenta.
