Ao vivo! Polícia prende jornalista durante transmissão de jogo da Série B

@pedroivoalmeida/Twitter/Reprodução + @TEsportes/Twitter/Reprodução

O jornalista Jairo Silva Júnior foi detido pela Polícia Militar de Santa Catarina, na noite dessa terça-feira (19), ao transmitir o jogo entre Criciúma e Paraná Clube, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

O repórter da Rádio Transamérica de Curitiba tentou gravar, com um celular, imagens do executivo de futebol e do assessor de imprensa do Paraná Clube sendo retirados de campo pela polícia. A PM impediu o jornalista de fazer o registro e o levou para uma sala de detenção, onde o aparelho foi apreendido.

Jairo Jr. transmitiu ao vivo, pela rádio, o momento da detenção. É possível ouví-lo falando com os policiais e, minutos depois, ele volta ao ar. “Acabei de ser trazido pela Polícia Militar de Santa Catarina para uma sala onde tomaram o meu celular porque eu tentei filmar a Polícia Militar agindo com truculência contra o assessor de imprensa do Paraná Clube, Irapitan Costa”, declarou o repórter na transmissão.

O executivo de futebol do Paraná Clube, Alex Brasil, e o assessor de imprensa, Irapitan Costa, foram retirados com violência pela PMSC depois de reclamar com a arbitragem por conta do gol de empate do Criciúma. Brasil confirmou em entrevista à rádio Banda B que a ação da polícia foi violenta.

“Triste o que fizeram não só conosco, mas com vocês [repórteres], apreendendo o material de trabalho do Jairo Júnior. Todas as vezes que a gente vem jogar aqui, é sempre assim. Um despreparo total da Polícia Militar. É uma pena o que está acontecendo conosco, estou com um hematoma. Não podemos nem dar queixa, pois eles são daqui. Infelizmente sempre que a gente vem aqui é desta maneira”, declarou o executivo na entrevista.

A Polícia Militar de Santa Catarina afirmou que os policiais agiram a pedido do supervisor da CBF. “Um jornalista, mesmo ciente de que não poderia realizar filmagens no interior do Estádio, passou a realizar imagens, sendo este fato também apontado pelo supervisor da CBF como irregular. Os celulares dos envolvidos foram apreendidos no Termo Circunstanciado, os quais servirão futuramente como meio de prova, por conta das imagens neles arquivadas”, diz um trecho na nota emitida pela PMSC (confira na íntegra abaixo).

Por meio do Twitter da Rádio Transamérica Esportes, Jairo Jr. se pronunciou sobre a situação. “O supervisor da CBF usou da sua autoridade para tentar impedir que a gente fizesse o nosso trabalho, registrando um fato que aconteceu com o executivo de futebol do Paraná Clube e com o assessor de imprensa. Eles estavam sendo retirados pela Polícia Militar, eu tentei registrar essa ação, e o supervisor tentou tomar o meu celular. Eu não permiti, e ele acabou pedindo auxílio da Polícia Militar para me retirar do local”, explicou o repórter em vídeo.

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, junto ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná e à Federação Nacional dos Jornalistas, se manifestou repudiando a ação da polícia contra os profissionais da imprensa. “Qualquer tentativa de cerceamento à liberdade de expressão e profissional é uma agressão e deve ser rechaçada pela sociedade”, diz um trecho da nota. Leia na íntegra abaixo.

Nota da PMSC:

“Durante a noite do dia 19.11.2019, no Estádio Heriberto Hülse, durante partida entre Criciúma X Paraná, um supervisor da CFB solicitou apoio da Policia Militar para auxiliar na retirada de um membro da comissão técnica do Paraná Clube que estaria em local proibido. Realizada a intervenção, o membro da comissão técnica negou-se a sair do local, mesmo após pedidos do supervisor CBF, tumultuando os trabalhos no local. Assim, contra ele foi confeccionado um Termo Circunstanciado. Ainda na mesma ocorrência, um jornalista, mesmo ciente de que não poderia realizar filmagens no interior do Estádio, passou a realizar imagens, sendo este fato também apontado pelo supervisor da CBF como irregular. Os celulares dos envolvidos foram apreendidos no Termo Circunstanciado, os quais servirão futuramente como meio de prova, por conta das imagens neles arquivadas. Após lavrado o Termo Circunstanciado, os envolvidos foram liberados no local”

Nota do Sindicato de Jornalistas de Santa Catarina:

“Os Sindicatos dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e de Santa Catarina (SJSC) e Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiam a truculência da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina que impediu o trabalho de profissionais da imprensa, no estádio Heriberto Hulse, em Criciúma, na noite dessa terça-feira (19).

Perto do fim do jogo entre Criciúma e Paraná Clube, o jornalista e assessor de imprensa da equipe paranaense, Irapitan Costa, e o radialista da Rádio Transamérica Jairo Silva Junior tiveram os celulares apreendidos no momento em que registravam uma ação truculenta da Polícia Militar, que retirava de campo integrantes da comissão técnica do Paraná Clube.
Os profissionais estavam cobrindo a partida quando a PM retirava de campo de forma agressiva o diretor do Paraná Clube Alex Brasil. Para registrar o episódio, Irapitan começou a filmar e foi impedido imediatamente pela PM. Neste momento, Jairo Junior filma a ação da PM.

Segundo informações dos profissionais, o supervisor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), escalado para a partida, “usou da sua autoridade para tentar impedir” que os profissionais fizessem seu trabalho e registrassem a situação. Ele tentou tomar o celular e, ao não conseguir, pediu reforço policial, “sob a alegação de ser proibida a captação de imagens no estádio”. Os profissionais foram detidos e liberados pela PM perto das 22 horas, após assinarem um termo circunstanciado, mas os telefones celulares, contendo as imagens de todo o ocorrido, não foram devolvidos aos profissionais.

No momento da ocorrência, o SindijorPR buscou apoio com o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina para que acompanhasse a apuração dos fatos. O retorno ocorreu no mesmo momento em que os profissionais foram liberados.

Os sindicatos e a FENAJ repudiam a ação truculenta de autoridades policiais no sentido de impedir o livre exercício profissional e presta sua total solidariedade aos colegas. Qualquer tentativa de cerceamento à liberdade de expressão e profissional é uma agressão e deve ser rechaçada pela sociedade.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, “os celulares não foram apreendidos por ser ilegal filmar ações policiais”, mas como evidências de prova para “ajudar a esclarecer ou elucidar a situação”. As entidades entendem que é inadmissível que o equipamento de trabalho dos profissionais permaneça confiscado pela PM para serem juntados a um processo judicial.

Sindicatos e a FENAJ irão oficiar, ainda, a CBF para solicitar esclarecimentos quanto à conduta do delegado da partida, que determinou a apreensão dos aparelhos dos profissionais. A regra para filmagens em estádio proíbe a transmissão e captação de imagem da partida, essa com direitos comercializados.

O registro da truculência e do abuso de poder é evento público, principalmente, quando revela a forma com que tratados foram os funcionários do Paraná Clube. É premissa básica da profissão e um dever dos profissionais filmar e informar a situação à sociedade.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina
Federação Nacional dos Jornalistas”

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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