Empresário confirma delação contra Pimentel, que aponta abuso judicial

Pimentel aponta temporada de abusos judiciais com delações (Marcelo Sant’anna/Imprensa MG)

Em 2017, o controlador da JHSF, José Auriemo Neto, celebrou acordo de delação com a Justiça na ação contra o ex-governador Fernando Pimentel (PT). A participação do empresário no processo contribuiu para a condenação em 10 anos de prisão, em 1ª instância, do petista. Cabe recurso da sentença. A empresa teria sido favorecida por tráfico de influência para construção e exploração de aeroporto em São Paulo no período em que Pimentel foi ministro do Desenvolvimento (2011/2014).

+ Pimentel é condenado a 10 anos de prisão por tráfico de influência e lavagem de dinheiro

Em nota a esse jornalista, o empresário confirmou o acordo com o Ministério Público, homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pela Justiça Eleitoral de Minas. Pelo acordo, segundo ele, “foi estabelecida a suspensão do processo mediante pagamento de R$ 1 milhão para o hospital do câncer de Barretos”. Absolvido, Auriemo informou ainda que o pagamento foi efetuado.

Favorecido, empresário fez doações para campanha

Em outra nota, o conglomerado empresarial JHSF informou que não é parte no processo e que não foi apresentada qualquer denúncia contra a companhia. Pelos autos, após ser favorecido na construção e exploração do Aeroporto (Catarina) na Grande São Paulo, Auriemo fez doações eleitorais. Em troca, o empresário teria dado dinheiro para a campanha eleitoral de Pimentel a governador em 2014, no valor de R$ 5,2 milhões. A mediação teria sido feita por Bené Rodrigues, apontado como operador financeiro do petista à época. Bené também foi condenado a oito anos, mas fez acordo de delação e poderá ter a pena reduzida.

Durante interrogatório, Bené confirmou, no dia 30 de julho, em BH, perante a juíza Luzia Peixôto, delação que fez e na qual acusa Pimentel da prática de caixa dois. Já em seu depoimento, na mesma data, o ex-governador contestou e negou saber das operações de Bené, que não as autorizou e que ele teria agido por iniciativa própria.

Ex-governador vê delações questionáveis

Em nota postada em sua conta no Facebook, Pimentel contestou a sentença, segundo ele, baseada em delações questionáveis e insustentáveis. Ele reafirmou sua inocência e apontou que não há no processo qualquer prova, “sequer uma evidência objetiva”, de sua culpa. “Tudo se baseia apenas numa delação questionável e contraditória, como a maioria das que foram obtidas nessa temporada de abusos judiciais que o Brasil infelizmente atravessa”.

O ex-governador adiantou que recorrerá aos tribunais superiores, e que está convencido que a sentença será revista. De acordo com seu advogado, Eugênio Pacelli, o primeiro recurso será interposto na 32ª Vara Eleitoral de BH, que emitiu a sentença.

‘Colaboradores mudaram versões’, diz advogado

O advogado igualmente contestou a decisão. “Essa condenação ultrapassou qualquer limite do razoável. Nunca vi nada tão despropositado e tão contrário à prova dos autos. Colaboradores mudando versões, fatos claramente inventados na polícia e em juízo, e desvendados em audiência. E acolhidos como verdade! Uma coisa é certa. O Direito Penal passou longe da decisão! Muito longe!”, criticou.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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