O estudante universitário Luiz Eduardo Costa, de 24 anos, decidiu intervir na discussão entre um homem e uma mulher, no Centro de Ouro Preto, região Central de Minas Gerais. Ele levou um soco no rosto e quebrou o nariz. A mulher conseguiu fugir do companheiro, e o estudante registrou boletim de ocorrência sobre o caso. Tanto o homem quanto a mulher são esperados para serem ouvidos pela polícia. O estudante fez um relato no Facebook e contou a situação ao BHAZ.
“Eu estava em uma festa, que era parte das comemorações da minha formatura de Direito. Logo no início, fui a um banheiro que fica do lado de fora da local, com alguns amigos. Meus amigos acabaram ficando para trás e vi um casal descendo o morro, discutindo. O homem estava com uma criança pequena no colo e a mulher vinha junto pedindo para que ele devolvesse o filho dela”, explica Luiz Eduardo ao BHAZ.
Segundo o estudante, um homem surgiu descendo o morro, empurrando e agredindo a mulher. “Ele apareceu chutando, chamando de vagabunda, falando que ela não valia nada. Ele estava com uma criança no colo, que toda hora caía um pouco e ele segurava pelo braço. A criança gritava e chorava, enquanto o homem agredia a mãe. Eu estava sentado em uma calçado e assistia à cena”, relata
O estudante ficou pensando se interviria ou não. “Lembrei daquela máxima: ’em briga de marido e mulher não se mete a colher’. Só que não tinha como não fazer nada. Se eu esperasse a polícia, poderia presenciar um homicídio. Fiquei pensando: ‘eu estou incorrendo em omissão de socorro a vulnerável, por conta da mulher e da criança’. Aí tive que entrar no meio”, explica.
Ameaças e nariz quebrado
Ele ainda conta que vinha um segundo homem atrás, tentando acalmar o agressor. “O cara estava atrás pedindo calma, tentando separá-los. Mas aí o agressor entregou a criança para ele e começou a chutar a mulher. Quando ele preparou para dar um soco no rosto dela, eu entrei na frente e pedi para ele parar. Foi aí que o soco atingiu meu rosto, quebrando o meu nariz”, relata.
Ainda segundo o estudante, o agressor chegou a ameaçá-lo. “Ele disse que eu não o conhecia, não sabia com quem eu estava mexendo. Falou que iria me matar. Nesse meio tempo, a mulher conseguiu pegar a criança e fugir. Eu caí no chão. Imagina se o soco atinge essa mulher! Ele poderia ter matado ela”, continua Luiz Eduardo.
O estudante registrou um boletim de ocorrência por agressão contra o homem, que já foi identificado. “Eu coloquei a mulher como testemunha ocular. Sobre a minha representação por agressão contra o cara, eu sei que ele vai acabar tendo que pagar uma cesta básica, algo assim. Mas, se ela confirmar a história, ele vai ter que responder criminalmente por tudo o que fez com ela. Mas sei que é complicado, já fui informado que eles têm uma relação de anos. Ela provavelmente tem medo dele”, explica.
Além da agressão
“Eu estou bem fisicamente, mas a agressão, o que eu presenciei, envolve muito mais que isso. Quanto ao meu nariz, vou fazer uma cirurgia para correção, mas vou ficar bem”, conta o estudante.
“Acho que ‘não se mete a colher’ da forma que eu fiz, mas tem hora que é preciso agir. É preciso lutar contra essa sucessão de abusos que as mulheres passam, a gente não pode se calar diante disso. Tem que se investir em medida públicas que combatem o feminicídio, cada vez mais crescente no país”, completa.