Professor sofre campanha homofóbica em eleição para diretor escolar, mas acaba vencedor

Facebook/Escola Professora Dolores L. S. Krauss/Reprodução + Arquivo Pessoal/Reprodução

O professor Lodemar Schmitt sofreu ataques homofóbicos de uma mãe de alunas da escola onde trabalha. O educador atua há 19 anos na rede municipal e há 26 anos na rede estadual, mas quando se candidatou ao cargo de diretor da Escola Professora Dolores L. S. Krauss, na cidade de Gaspar, em Santa Catarina, tornou-se alvo de uma campanha de difamação.

A mulher é mãe de duas alunas da escola e enviou para um grupo de pais de alunos diversos áudios com discurso homofóbico contra o professor. “As crianças sempre imitam os adultos. Pensa nos seus meninos imitando o Lodemar, que ele é afetadíssimo”, enviou ela aos outros pais.

“Eu penso nos meninos vendo aquilo ali, vai inverter os valores todos que a gente passa em casa. É muito triste isso. É por isso que o mundo está em declínio. Eu só não queria que as crianças tivessem contato com esse tipo de pessoa”, disse a mulher.

O professor era candidato único da eleição e, por isso, só precisava de aprovação da maioria. Mesmo com a campanha da mãe, Lodemar foi eleito com larga margem. Dos 433 votos, incluindo pais e responsáveis, professores e funcionários e os próprios alunos, quase 300 votos foram a favor do educador.

ATENÇÃO!Senhores pais e/ou responsáveisGostaríamos de lembrar a toda comunidade escolar que no dia 22 de novembro…

Posted by Escola Professora Dolores L. S. Krauss on Tuesday, November 19, 2019

‘Por preconceito já passei a vida inteira’

“Se ele fosse um homossexual, mas se vestisse como homem, beleza! Mas ele se veste como uma mulher, ele não tem compostura”. Essa foi uma das frases que Lodemar ouviu nos áudios. Ele conta ao BHAZ que ficou estarrecido, ao tomar conhecimento do que era dito.

Lodemar diz que foi pego de surpresa e ficou decepcionado. “A gente quer melhorar a escola, trazer propostas boas. Ela poderia ter vindo e ouvido as propostas, poderia ter discordado. Ela pode não gostar da pessoa, mas a partir do momento que ela publica isso, começa a propagar, a situação muda de figura”, lamenta.

Num primeiro momento, ele tentou abafar o caso, com receio de que as pessoas aderissem à campanha de difamação. Porém, era tarde demais e os áudios já repercutiam pelas redes sociais. “Durante os três dias seguintes, eu recebi mais de 500 mensagens. Eram alunos, ex-alunos, pais, entidades e outras escolas. Nenhum estava a favor dela”, relata, surpreso com a proporção que a situação tomou.

Lodemar conta que pretende processar a mulher. Segundo ele, numa cidade de quase 70 mil habitantes, vai servir de lição e as pessoas vão pensar duas vezes antes de expor suas ideias para influenciar outros de forma negativa. “Vou levar adiante, porque isso não pode acontecer, nem em Gaspar, nem em qualquer lugar do mundo. A homofobia vai sempre existir, mas o que a gente puder fazer para amenizar já ajuda”, conclui.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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