6×1: Seis fatores que podem levar o Cruzeiro ao rebaixamento e um motivo para acreditar na salvação

Bruno Haddad/Cruzeiro

Não tá fácil pro Cruzeiro. A situação do torcedor já passou de “preocupado” para “à espera de um milagre” depois da derrota em casa por 1 a 0 contra o CSA, na noite de quinta-feira (28). A torcida foi ao Mineirão esperando uma vitória que tiraria o time do Z4, mas saiu decepcionada e com mais medo do rebaixamento.

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Agora, a fuga da Série B não depende só do desempenho da Raposa nas últimas três rodadas do Brasileirão: os adversários que lutam contra o rebaixamento também têm que “ajudar” o time. Além disso, no extracampo, a situação não está favorável para a salvação do Cruzeiro.

Apesar dos motivos que o time vem dando para o torcedor deixar de acreditar numa saída, ainda há esperança. Afinal, “o jogo só acaba quando termina”. Por isso, no estilo 6 a 1, listamos seis motivos para o cruzeirense se preocupar com o rebaixamento e um que pode motivá-lo a não jogar a toalha e continuar torcendo.

Pior que 2011

O Cruzeiro, que nunca foi rebaixado na história, namorou com a Série B em boa parte do Brasileirão de 2011, mas se salvou na reta final do campeonato. O time chegou na 36ª rodada com 38 pontos, dois a mais do que o acumulado até agora na competição deste ano. Com dois empates e a goleada história sobre o Atlético por 6 a 1, o time alcançou a 16ª posição na tabela e se safou com emoção.

Depois do susto, o torcedor cruzeirense não esperava passar por um aperto maior tão cedo. A campanha do time em 2019 só decepcionou: Em 35 jogos disputados, o Cruzeiro ganhou apenas 7.

Jogadores sem raça

Pelo menos, em 2011, o elenco do Cruzeiro mostrou força e deu raça até o final, conseguindo salvar o time do rebaixamento. Neste ano, a torcida não está nem um pouco satisfeita com quem veste a camisa do time em campo.

Thiago Neves, camisa 10 que já trouxe alegria e até chegou a ser chamado de ídolo depois da conquista da Copa do Brasil em 2017, se tornou uma decepção para o torcedor cruzeirense. A insatisfação com o desempenho do jogador no Brasileirão neste ano só se intensificou depois no pênalti perdido contra o CSA ontem.

Hoje, no dia seguinte ao da partida, outra polêmica com o nome do meia: um áudio do jogador, enviado ao gestor de futebol do Cruzeiro Zezé Perrella, vazou na internet. Na mensagem, Thiago Neves cobra o pagamento atrasado dos jogadores antes da partida contra o CSA: “É obrigação da gente ganhar esse jogo, tá louco”.

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Para completar, nem os jogadores estão acreditando nas chances do Cruzeiro de se salvar. Saindo do Mineirão, Robinho admitiu que a esperança é baixa: “Nesse exato momento só um milagre. Não sei nem o que falar, mas é isso, um milagre, se apegar que a gente venha jogar melhor fora de casa”, afirmou o meia.

Nem o gestor de futebol do clube acredita totalmente no potencial do elenco. Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (29), Zezé Perrella culpou os jogadores pela situação do Cruzeiro. “O que tenho é isso aí. Que eles tenham vergonha na cara. A responsabilidade é deles. Quem tem que tirar o Cruzeiro [dessa situação] são esses caras. Muitos deles podem ser ruins mesmo, mas estão tentando”, disparou.

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Diretoria perdida

A gestão do clube também não facilita. O Cruzeiro continua devendo salários a jogadores e funcionários, além de também dever dinheiro à Fifa e acumular processos judiciais.

Além disso, o clube vem sendo investigado por corrupção na diretoria, pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Wagner Pires de Sá, o presidente, continua no cargo mesmo sendo investigado. O antigo vice-presidente, Itair Machado, foi demitido em outubro mas continua sofrendo críticas da torcida cruzeirense.

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Agora, é Zezé Perrella que fala em nome do Cruzeiro. Com a saída de Itair, o ex-senador e já presidente do conselho deliberativo do clube assumiu o cargo de diretor de futebol também em outubro. Em resumo, a diretoria da Raposa se encontra em uma situação crítica de confusão, dívidas e corrupção – e a torcida não está satisfeita com os nomes que administram o clube.

Troca-troca de técnicos

A baixa média de permanência dos treinadores no Cruzeiro também faz parte dos motivos que trouxeram o time até a situação em que está. Com a saída de Abel Braga e a contratação de Adilson Batista, o clube atingiu a marca de 4 técnicos na temporada, sem contar com um interino.

O ano começou com Mano Menezes no comando, que deixou o clube em agosto de 2019. Desde então, o Cruzeiro não conseguiu segurar mais nenhum: Rogério Ceni assumiu e foi demitido após disputar oito jogos pelo time. Quem entrou no lugar dele foi Abel, demitido após 14 jogos, tendo empatado oito e perdido quatro. Depois da derrota para o CSA, Adilson Batista assumiu o time para tentar salvá-lo do rebaixamento a apenas três rodadas do fim do Brasileirão.

A demissão de Rogério Ceni é, até agora, a mais lamentada pela torcida na temporada. Para grande parte da torcida, a diretoria não deu oportunidade suficiente para o técnico e ele foi demitido muito cedo. Alguns, inclusive, consideram sua saída o decreto do desando do Cruzeiro.

Empate atrás de empate

A campanha do Cruzeiro em 2019 conquistou um título: o de maior número de empates no Brasileirão. Em 35 jogos disputados, o time empatou 15 deles, sendo oito sob o comando de Abel Braga.

Na hora de lutar contra a zona de rebaixamento na tabela, o desempenho não ajuda. O número de vitórias, 7, prejudica o Cruzeiro caso precise desempatar contra os outros times que correm o risco de cair para a Série B. O CSA, com 32 pontos, tem 8 vitórias, e o Ceará, com 37, acumula 10 vitórias.

Fora de casa

No final do campeonato, o Cruzeiro terá que tomar fôlego para enfrentar as três últimas rodadas, já que duas partidas serão disputadas fora de casa.

Na segunda-feira (12), a Raposa joga contra o Vasco no Estádio São Januário, no Rio de Janeiro, às 20h. Na quarta-feira (14), na Arena do Grêmio, no Rio Grande do Sul, o time enfrenta o Grêmio às 19h15 pela penúltima rodada do Brasileirão.

Só na última rodada, no domingo (8), o Cruzeiro joga em casa, no Mineirão, contra o Palmeiras, às 16h. E quase que não joga! A punição contra o time pela confusão no último clássico contra o Galo incluía a perda de mando do Cruzeiro, que o prejudicaria na reta final. A decisão foi suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na última quarta-feira (27).

Esperança: Os adversários na reta final

Apesar das rodadas finais não favorecerem o Cruzeiro no mando de campo, ainda não chegou a hora de desistir e aceitar o rebaixamento. Os adversários diretos nas próximas três partidas podem trazer esperança ao torcedor cruzeirense.

É que, dentre os três, apenas um luta para atingir uma posição específica na tabela. O Vasco ocupa o 12º lugar da tabela, com 44 pontos. Ou seja, ele não está na disputa para as qualificatórias da Libertadores e nem luta contra o rebaixamento. Segundo o Departamento de Matemática da UFMG, o time só tem 0,003% de chance de cair para a Série B.

Já o Grêmio tem 59 pontos e está na 4ª colocação, o que, por enquanto, o classifica para a fase de grupos da Libertadores. Mesmo caindo de posição, o time ainda já tem 100% de chance de classificação para a competição internacional, segundo o departamento.

O Palmeiras é que vai se esforçar para conquistar uma vitória. Ele ocupa o terceiro lugar na classificação com 68 pontos e quer porque quer ultrapassar o segundo lugar: o Santos é o vice-líder com a mesma quantidade de pontos que o time alviverde. Por isso, ele pode ser uma ameaça para o Cruzeiro. Pelo lado bom, essa é justamente a partida que a Raposa disputará em casa.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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