Jovens são agredidos por policiais durante abordagem: ‘Sou trabalhador, não sou vagabundo’

Twitter/Reprodução

Dois jovens de 18 anos foram agredidos por policiais durante uma abordagem em Pelotas (RS), na tarde da última sexta-feira (29). A Brigada Militar abriu inquérito para investigar os fatos e os policiais foram afastados do policiamento ostensivo, trabalhando apenas internamente. Ao BHAZ, o tenente-coronel Márcio Faccin diz que a polícia “não compactua com esse tipo de atitude”.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver uma viatura pedindo para que dois jovens em uma moto parem. O carro da polícia chega a encostar na moto, jogando o veículo no chão. Na sequência, os jovens são agredidos por chutes e socos pelos policiais armados. Eles não reagem em momento algum. Os documentos são verificados e, em seguida, os dois são liberados.

ATENÇÃO: As imagens podem ser consideradas perturbadoras para algumas pessoas

https://twitter.com/educacao_rio/status/1201328082000502786

Ao G1, um dos jovens, que não quis ser identificado, disse que havia buscado o colega para os dois estudarem, quando ouviu uma sirene e parou o veículo. O jovem ainda ficou com um corte na cabeça.

“Estavam me seguindo desde a rua Baronesa. Bateram na moto e eu parei. Eu encostei, daí aconteceu tudo aquilo [que aparece] no vídeo. Quando eu tirei o capacete, gritava para eles: ‘Sou trabalhador, não sou vagabundo’. Só gritei porque sabia que eles iam me bater, pelo jeito que eles desceram do carro, com arma em punho. Eles não deram bola. Olharam tudo, estava tudo ‘ok’, não tenho ficha, nem nada, daí decidiram nos liberar. E falaram que se eu denunciasse, eles iam me pegar”, explicou o jovem.

Depois disso, ela ainda conta que a viatura seguiu a dupla até a casa do jovem. Na manhã desta segunda-feira (2), ele passou por exame de corpo de delito e registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil.

‘Excesso’

Ao BHAZ, o comandante da Brigada Militar em Pelotas, o tenente-coronel Márcio Faccin, disse que os militares foram afastados do policiamento ostensivo assim que foram identificados.

“Ontem à tarde fomos informados sobre a circulação de um vídeo, e que esse vídeo teria características que seria de Pelotas. Diante disso, me reuni com minha assessoria para identificar a viatura e os policiais que fizeram essa abordagem”, relata o comandante.

Além disso, Faccin ainda comenta que, desde da manhã desta segunda-feira, já estão sendo tomadas providências sobre o inquérito. “O que ficou nítido para nós é que houve um excesso dos policiais, é algo que não compactuamos. É uma marca da Polícia Militar apurar rigorosamente esses fatos. Vamos apurar também outras circunstâncias que tenham permeado essa ocorrência”.

Por lei, o prazo de conclusão do inquérito é de 40 dias. “Mas determinei que esse seja apurado no menor tempo possível. É importante que tudo seja muito bem esclarecido. Vamos agir com muito equilíbrio, responsabilidade. Vamos responsabilizar na medida correta aqueles que cometeram esses erros”, continua.

O comandante relata que ainda não encontrou com os jovens. “Estamos localizando as vítimas, vamos chamá-las para serem ouvidas. Não só eles, mas todos que tiverem visto algo que possa ser útil para a investigação. Toda colaboração é bem-vinda”, completa.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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