Joice Hasselmann diz que dinheiro público é usado para manter rede de Fake News

Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou nesta quarta (4), durante depoimento na CPMI da Fake News, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos, Carlos e Eduardo Bolsonaro, são responsáveis por manter um “gabinete do ódio” para atacar adversários nas redes sociais.

Ainda de acordo com a parlamentar, dinheiro público estaria sendo usado para manter o esquema de “milícia virtual”. Segundo Joice, que é ex-líder de governo na Câmara e ex-aliada de Bolsonaro, uma equipe de assessores mantidos no governo recebe cerca de R$ 490 mil para produzir notícias falsas e “memes” para atacar desafetos do Governo.

“Estou mostrando o modus operandi, estou mostrando pessoas ganhando dinheiro público para atacar pessoas”, disse a deputada em depoimento.

A deputada levou uma apresentação com prints de conversas do grupo e também com um organograma de funcionamento dos ataques. Segundo ela, Bolsonaro e seus filhos mantém cerca de 1,8 milhão de robôs em suas contas no Twitter.

Esses perfis seriam responsáveis por alavancar campanhas em prol do governo, fomentar ataques contra adversários e disseminar notícias falas. Cada disparo feito pelos robôs custariam em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil.

“Escolhe-se um alvo. Combina-se um ataque e há inclusive um calendário de quem ataca e quando. E, quando esse alvo está escolhido, entram as pessoas e os robôs. Por isso que, em questão de minutos, a gente tem uma informação espalhada para o Brasil inteiro”, contou a deputada.

Sem temor

Mais cedo, o presidente foi questionado sobre o trabalho da CPMI da Fake News. Na saída de uma feira no Distrito Federal, onde parou para comer pastel, acompanhado do ministro Luiz Eduardo Ramos, Bolsonaro disse que não teme a nenhum resultado das investigações.

“Não, zero, chance zero. Inventaram gabinete do ódio e alguns idiotas acreditaram. Outros idiotas vão até prestar depoimento, como tem um idiota prestando depoimento uma hora dessas lá”, afirmou.

Revolta

Após o depoimento da deputada, apoiadores da família Bolsonaro levantaram a hashtag: “Joice traidora”, para atacar a parlamentar. Até às 19h, cerca de 80 mil menções ao assunto já haviam sido feitas na rede social, e o assunto estava em primeiro lugar nos temas mais comentados do Twitter.

CPMI da Fake News

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – quando há atuação da Câmara e do Senado juntos – foi criada para investigar os ataques cibernéticos e a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições 2018.

Esta é a terceira vez que a comissão tanta receber a deputada Joice
Hasselmann, que já havia cancelado sua presença em duas reuniões marcadas em novembro deste ano.

A CPMI das Fake News já ouviu duas outras pessoas que romperam com o governo Bolsonaro: o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência. Ambos criticaram a influência do círculo pessoal do presidente e questionaram as estratégias de comunicação do grupo.

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