‘Fiquei sem reação’, desabafa taxista que levou cusparada ao ser vítima de racismo em BH

Arquivo pessoal/Luis Carlos Alves + Omar Freire/Imprensa MG

“Faltam palavras para descrever o que senti. Só quem já passou por isso sabe do que estou falando”. O autor da frase é Luis Carlos Alves, taxista há 16 anos em Belo Horizonte, mas que vivenciou uma experiência inédita – e abominável – nesta quinta-feira (5). O motorista sofreu racismo de uma mulher no Centro da cidade quando tentava ajudar um idoso.

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O episódio ocorreu no fim da tarde de ontem, quando o taxista trafegava pela avenida Álvares Cabral, no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul da capital, e flagrou uma mulher xingando um idoso. Alves observou que os dois estavam, aparentemente, procurando um táxi e ofereceu, ao idoso, o transporte.

Foi quando ele escutou: “Eu não ando com negros”. “Eu fiquei sem reação quando ouvi aquelas palavras. Na hora, eu disse: ‘moça, você está cometendo um crime’! Mas ela continuou dizendo que não andava com negros”, conta o taxista ao BHAZ.

‘Meu pai é delegado’

E a autora não parou por aí. “Ela ainda disse: ‘eu sou racista e não dá nada pra mim, pois meu pai é delegado'”, diz Alves. Quando a ficha caiu, o taxista compreendeu uma cena que ele flagrara momentos antes, o que despertou nele a suspeita de que a mulher e o idoso estavam procurando um táxi.

“Meu irmão, que também é taxista, passou por eles na minha frente. Eu percebi que a mulher ficou olhando, mas, depois de um tempo, desistiu de fazer o sinal. Na hora não entendi muito bem o motivo… Mas aí entendi: meu irmão também é negro”.

‘Denuncie’

“Estamos em pleno século 21 e ainda temos casos de racismo. Por que isso acontece? É lamentável demais”, questiona Alves, que ainda faz um apelo: “não deixem de lutar”.

“Isso não pode ficar impune, denuncie. Não podemos deixar de lutar. Se não denunciarmos, continuará acontecendo. Acredito na Justiça e tenho a certeza que ela será punida”.

O apoio recebido da família tem sido fundamental para superar o momento. “O pessoal lá de casa ficou revoltado, e está me dando total apoio”.

A mulher foi presa e já encaminhada ao Sistema Prisional. Ela foi autuada em flagrante pelos crimes de Injúria Racial, Desacato, Desobediência e Resistência, já que resistiu à prisão e ainda ofendeu uma policial.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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